sexta-feira, 24 de novembro de 2006

SEXTA

GENTE FINA
O pessoal da prefeitura de Palhoça não é fácil. Vocês sabem que o prefeito ReiNério Heiderscheidt é peemedebista, fez campanha pro LHS, vive incensando o grande líder, de quem, teoricamente, é grande amigo e aliado (pelo menos assim se diz).

Pois olha só como a prefeitura divulgou a visita de cortesia que o governador eleito fez:
Com uma hora e 20 minutos de atraso, o governador reeleito de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira, realizou nessa terça, dia 21, a sua primeira visita oficial, depois de sua vitória nas urnas, ao prefeito de Palhoça”...
Viram? Já começou dando bronca no LHS, porque se atrasou. Imagina se a visita não fosse de cortesia... Claro que mais adiante o prefeito agradece os R$ 27 milhões que LHS liberou para Palhoça durante o show do milhão, mas a primeira impressão é a que fica.

E pra encerrar a nota, a turma da prefeitura parece saudosa da campanha (sem ligar muito para essa bobagem legalista de separação entre o que é política e o que é administração):
“O evento virou, ainda, um palanque político. Presenças dos deputados eleitos Marcos Vieira, Ada Luca, Renato Hinning e Djalma Berger. O prefeito Dário Berger também compareceu.”
RUSGAS DE AMOR
O PTB, partido do Roberto Jefferson, foi ao Palácio para dizer que vai apoiar Lula (foto abaixo). E só. Graças ao fato de ter, como presidente, o desencadeador do turbilhão de lama do mensalão, Roberto Jefferson (que não é bem vindo no Planalto e naturalmente não apareceu na reunião), o partido não fará parte da coalizão que ajudará Lula a governar.

Continuará, porém, com o ministério do Turismo, hoje ocupado pelo Walfrido Mares Guia. O que, no final das contas, é melhor que nada.

SUPER JORNAL DO BISPO
Antigamente, quando a gente queria falar em jornais de grande tiragem, usava exemplos dos tablóides ingleses, com mais de um milhão de exemplares, ou os jornais japoneses, também contados aos milhões.

Só que os veículos da Igreja Universal do Bispo Macedo estão alcançando números semelhantes. A Folha Universal, por exemplo, em sua última edição, publicou espantosos 2,3 milhões de exemplares. É sem dúvida o jornal de maior circulação do Brasil, país onde os jornais vendem muito pouco. Supera a soma da tiragem de todos os principais jornais diários.

INDECISÃO PRESIDENCIAL
O cientista político Carlos Alberto de Melo publicou um artigo no blog do Noblat onde comenta a dificuldade do presidente Lula para escolher caminhos e definir suas prioridades. Ele conclui que Lula parece mesmo não saber para onde ir. Um trecho:
“Por isso [por não saber onde quer chegar] dá voltas em torno do próprio eixo: protela, adia, resmunga, tergiversa e não apresenta nem a novos aliados e nem a velhos adversários quais sejam suas intenções. Dá ainda mais espaços para demandas que ele próprio criou e que não consegue controlar. Governadores, prefeitos, movimentos sociais, petistas, peemedebistas e outras legendas menos cotadas querem o quinhão que o governo nem consegue dar e nem negar. Lula lida com todos como se tentasse ganhar tempo; barganha interesses e crê religiosamente no poder milagroso da lábia e da negociação. Supostamente, assim estabelecerá o consenso e a paz. Mas a paz será curta se não possibilitar avanços reais e duradouros, por meio de uma determinação reformista, que apontem saídas para os entraves da economia e da sociedade brasileiras.”
A ESCOLA DO BARULHO
A Justiça continua decidindo contra a escola de Florianópolis que, contra tudo e contra todos, tenta impor sua presença num bairro residencial. Só que nos jornais da capital o noticiário aparece como se o problema fosse o barulho das crianças.

Talvez até os advogados das famílias prejudicadas tenham errado em algum ponto, ao dar a esse item um destaque que, a meu ver, não cabe. Os ruídos das crianças nos recreios são realmente altos, nessa escola encravada no meio de residências e espremida porque os lotes não previam atividade comercial, muito menos escolas, que sempre precisam de uma área maior.

Mas o maior problema é tentar forçar, na marra, uma alteração do Plano Diretor enfiando, em área inadequada, uma atividade comercial que não caberia ali. E, agora, até o Sindicato das Escolas resolveu tomar as dores da escola transgressora.

Desde a década de 90 (praticamente desde que foi instalada ali) a escola tem sido acionada e questionada e vem sobrevivendo às custas de liminares, de conivência de funcionários municipais, de cegueira de outros. Todas as decisões têm sido contrárias à escola, mas mesmo assim ela insiste, agora, em provar que os fiscais municipais que detectaram irregularidades, não estavam preparados para isso, eram inaptos.

E vai por aí afora. Que tipo de educação espera um pai que matricula o filho numa escola dessas? Decerto não está nem aí. Tal e qual os donos da escola, para quem as palavras de ordem parecem ser: “dane-se a lei, o bom senso e a convivência civilizada”.

NOVA TAXA JOSEFENSE
Leitor escreve, indignado:
“A Prefeitura de São José está enviando para as empresas via correio, o boleto de cobrança da Taxa de Fiscalização para Localização de Estabelecimentos (TFLE), mais conhecida como alvará. A ‘novidade’ é que estão cobrando a taxa TSO (Taxa de Segurança Ostensiva contra delitos) (?!?!). Liguei para o setor de alvará e o funcionário da Prefeitura justifica que esta taxa é para ‘manter’ a Guarda Municipal (?!?!?). Absurdo!”
A prefeitura não aceita boletins de ocorrência de assaltos e furtos como argumento para abatimento na taxa.


8 comentários:

Anônimo disse...

Esse caso é emblemático do que está acontecendo em Florianópolis e explica a lenta destruição de uma cidade antigamente boa para se viver e morar. A cidade virou a terra do vale-tudo e não há respeito a qualquer restrição legal na ocupação do solo. Quando for do interesse de um poderoso muda-se a lei e pronto! Seria bom se os vereadores e os empresários imediatistas se dessem conta que são necessárias regras duradouras para a convivencia entre pessoas. Mas tristemente, por serem imediatistas, não pensam assim e chegamos aonde chegamos,na terra do vale-tudo e na destruição do paríso.

Anônimo disse...

A respeito da sua tão ardua defesa em favor de vizinhos incomodados e a respeito do "Que tipo de educação espera um pai que matricula o filho numa escola dessas? Vejo que além do senhor não conhecer a escola, como li num comentário que o senhor já tirou "do ar" nesta mesma coluna,não sabe também, que um destes vizinhos que reclamam, tem um neto no tal colégio, e muitos outros vizinhos já tiveram seus filhinhos neste colégio e que agora como não precisam mais dos serviços prestados estão querendo eliminá-lo. E, aquele senhor aposentado incomodado que tem sua biblioteca ao lado do colégio, quando foi morar ali, já sabia que o colégio existia pelo menos uns 7 anos. Não foi pego de surpresa....
Moro no bairro e conheço bem os vizinhos que tenho. E para mim o colégio não incomoda, alias, as crianças dão sinal que a alegria da vida existe, ao contrário dos recalcados que reclamam.... e porque o senhor não vai se preocupar com coisa mais série, por exemplo, se empenhar em defender para tirar o presídio do centro de Florianópolis. Isso é uma vergonha.

Cesar Valente disse...

Ôpa, tenho leitores que são defensores do colégio. Que bom. Só queria esclarecer que não tirei comentário nenhum do ar. De tempos em tempos as colunas anteriores vão para o arquivo, mas são acessíveis ali no link "arquivos", à direita. Também moro naquela região e é claro que, a uma certa distância, não incomoda. Incomoda menos que aquele colégio Energia na rua do Córrego, cujo movimento gera engarrafamentos nas horas de início e final das aulas. E, de fato, manter o Jardim Anchieta e o Flor da Ilha só para residências parece mesmo uma batalha perdida. Melhor que os incomodados se mudem, para que os incorporadores possam alterar de vez o plano diretor e liberar para prédios de doze andares e comércio em geral. Na mesma linha, vamos nos empenhar para retirar a penitenciária para que possam ser construídos mais uns tantos prédios no local. Ou alguém acha que a pretensão da comunidade, de transformar aquilo em parque vai "colar"? Bom final de semana.

Anônimo disse...

È Cesar, de pouco em pouco a cidade ficará sem bairros residenciais. Acho que a liminar do juiz, atrapalha um pouco aos especuladores mas, infelizmente, eles vencerão no final pois tem apoio de vereadores imediatistas. Qualquer vereador pode propor alteração da ocupaçâo do solo de um plano diretor, sem pensar ou medir as consequencias. Esse absurdo fará os engarrafamentos serem cada vez maiores, cada vez faltar mais água, a cidade mais desumana e neurótica e sem planejamento. Enquanto isso, os construtores especuladores sonham com todos nós morando nos
"pombais" que eles constroem ou construirâo. e

Anônimo disse...

Certamente, meu amigo colunista,muitos dos seus leitores são defensores do bom censo, e de todos os colégios, inclusive da alegria das crianças.
.... e pelo que vejo o amigo é
contra, também,a outros colégios, um porque grita, outro porque congestiona...
Este fato só abrirá precedentes. Qualquer dia os maiores colégios estarão com suas portas fechadas.Ah!Seus filhos estudam onde?


Só tenho a dizer para os donos dos
colégios que instalem seus estabele
cimentos de ensino fora do perímetro urbano. Lá não tem quem incomodar, seja com gritos ou com congestionamentos.

Cesar Valente disse...

Vamos continuar o debate, com algum bom senso. Com esse e tudo. Os colégios particulares, que arrancam dos bolsos de todos nós milhares de reais por dia, deveriam ser obrigados a se instalar adequadamente, usando boa parte de seus lucros indecentes para fazer estacionamentos e acessos decentes e para remunerar adequadamente os professores. Minas de ouro, cornucópias pornográficas, algumas escolas (nem sei se é exatamente o caso das duas citadas até agora) são máquinas de fazer dinheiro a baixo custo. Quando se trata de abrir espaços seguros para as crianças, ou para os pais das crianças que precisam buscá-las e levá-las, nunca têm dinheiro. Quando se trata de pagar professores, choram lágrimas de crocodilo. Mas quando se trata de "adequar as mensalidades ao mercado" e propor contratos leoninos, são rápidos e ágeis. Transformar estas questões centrais numa birra contra barulho das crianças e a algazarra de estudantes é, sem dúvida, distorcer o debate. Ser contra escolas que usam espaços públicos (a rua, por exemplo) para seus fins (a circulação e estacionamento de seus clientes) não significa ser contra a existência de crianças. Significa, isso sim, que os trangressores estão usando as crianças como escudo para seus malfeitos. Mas, no ritmo em que as coisas andam, transgressores, em breve, serão aqueles que achavam que as leis eram para serem cumpridas.
E para que você quer saber onde estudam meus filhos? Para que o sindicado das esfolas particulares emita um aviso colocando-lhes uma estrela nos uniformes? Para que eu tenha que pagar taxas adicionais e seja impedido de renovar-lhes a matrícula? Ou simplesmente para que role uma perseguiçãozinha básica e silenciosa? Mofas com a pomba na balaia.

Anônimo disse...

Acho que o debate é bom, mas me restaram algumas dúvidas: tem alguma escola que NÃO esteja situada em zona residencial? Quantas escolas de Florianópolis estão instaladas em áreas baldias ou zona industrial?
Me parece que o problema - como outras coisas no país - é que há zonas MAIS residenciais que outras zonas residenciais, dependendo de QUEM reside ali...
(Ainda bem que não tenho filho em idade escolar !).

Cesar Valente disse...

O problema nem é a escola estar em zona residencial. É a forma como ela se insere no zoneamento e como se relaciona com seu entorno. Coisa que se o Plano Diretor fosse feito para organizar a cidade e não para criar "oportunidades de negócios imobiliários", poderia resolver. Temos antigas escolas que a cidade engoliu e novas escolas construídas com um nível inaceitável de improvisação e "economia". E nenhuma proposta para organizar a coisa. De resto nenhum outro equipamento urbano está muito bem resolvido. Por isso os conflitos são inevitáveis. Mas eu nem devia estar mais falando sobre isto, porque, afinal, estou de férias.