sexta-feira, 22 de setembro de 2006

SEXTA


SEM FLAGRANTE
Ontem à tarde, na sala de imprensa da Assembléia Legislativa, o presidente nacional do PFL, senador Joge Bornhausen (acima), deu uma entrevista coletiva onde falou, basicamente, sobre o escândalo mais recente, o da desastrada compra do dossiê contra Serra por uma equipe de trapalhões do PT.

Teve uma pergunta que o senador fez que me deixou com a pulga atrás da orelha: por que a Polícia Federal, ao cumprir o mandato da Justiça Federal para prender os trapalhões, não esperou a venda se concretizar, para dar o flagrante? Por que prenderam os sujeitos que iam comprar numa cidade e o que ia vender e outra, antes que se encontrassem?

Fiquei caraminholando essa questão até ler, numa notícia da Agência Brasil, a opinião do juiz aposentado Luiz Flávio Gomes, ex-professor da Universidade de São Paulo dizendo justamente que a interrupção da venda do dossiê contra políticos do PSDB e PP pode dificultar o enquadramento legal da conduta dos suspeitos.

Vocês estão entendendo onde que eu quero chegar? Vou dar um exemplo prático, que aconteceu comigo: um assaltante ia entrar aqui em casa, mas eu o vi na sacada, antes dele entrar. Gritei e ele correu. A polícia acabou prendendo o sujeito, nas redondezas. E eu fui à delegacia registrar o fato. O delegado disse que, sem sem o arrombamento, sem ter havido roubo, seria difícil manter o sujeito na cadeia por mais que algumas horas.

E foi isso o que aconteceu: a Polícia Federal interrompeu o ato supostamente criminoso. Prendeu dois caras em São Paulo com uma mala de dinheiro. E um cara em Campo Grande com uma maleta com fotos e filmes. Sem flagrante de venda, extorsão, negócio.

E, para completar, não mostrou o dinheiro apreendido. Coisa que é comum nas operações da PF. Mas, nesse caso do dossiê, ninguém sabe, ninguém viu.

Ah, e a polícia já informou quais as agências bancárias de onde o dinheiro foi retirado, mas silenciou sobre os titulares das contas de onde foi sacado o dinheiro. Como se não soubesse. Ou como se fosse difícil descobrir. Bornhausen diz que Lula e seu advogado criminalista (que é como ele chama o Ministro da Justiça) só estão tentando ganhar tempo.

SUGESTÃO IGNORADA
Meu amigo Luiz Lanzetta escreve para lembrar que “a criação do Ministério do Vai dar Merda foi uma sugestão do Chico Buarque de Hollanda bem no início do governo Lula. Mostra que ninguém é gênio por acaso.”

E arremata, o sábio Lanzetta: “Veja bem, o ministério do Chico não foi criado, a máquina pública foi inchada e todos tiveram que colocar, querendo ou não, a mão na própria...”

É verdade, quanto incômodo o companheiro Lula não teria evitado se tivesse levado a sugestão do Chico a sério. O ministro (ou secretário, ou assessor) do VDM é essencial.

SHOPPING FAZ ACORDO
Um acordo judicial, com 16 cláusulas vai permitir que o Shopping Iguatemi, no bairro Santa Mônica, possa continuar suas obras. Se não cumprir as exigências do acordo, a Justiça cobrará do Shopping uma multa de R$ 2 milhões.

Segundo o juiz, já que os danos ao meio ambiente já aconteceram (o Shopping está quase pronto), o acordo representa ganhos que compensam parcialmente os problemas causados.
Estes imbroglios dos shoppings e de outras construções em Florianópolis demonstram que a cidade não pode contar com seus vereadores (ou pelo menos com a maioria deles) ou com a Prefeitura para defendê-la. Eles estão preocupados com seus amigos, seus interesses, seus negócios e nem um pouco preocupados em dar a esta frágil ilha algum futuro.

TROPA DE CHOQUE DO PT
A CUT, o PT e outros “movimentos” saem em defesa dos trapalhões. Como nos escândalos anteriores, não dizem que não houve crime. Apenas que os outros também são criminosos.

Neste caso do dossiê, dizem que querer punir só os trapalhões e responsabilizar Lula, é golpe. E exigem que seja mostrado o dossiê pelo qual pagaram R$ 1,7 milhão.

“Querem melar a eleição” é o bordão que usam (por coincidência, usado por Lula há poucos dias). Mas investigar bandidos, punir culpados, enjaular ladrõezinhos incompetentes do dinheiro público só é “melar a eleição” se os envolvidos forem do PT.

2 comentários:

Anônimo disse...

É claro que é necessário ter um ultra-filtro para selecionar o que preste ser considerado das falas de Jorge Bornhausen.

Desta vez, contudo, ele foi coerente ao questionar o porquê de não esperarem a venda do dossiê para dar flagrante. Daí, vens tu César (até tu) e estraga ao dizer que não teria enquadramento criminal (como se isso justificasse).

Isso não é lógico. A tentativa de venda é menor significativamente que a consolidação do ato, independente de haver legislação ou não.

O principal é o flagrante. Teríamos o ato e não a mera tentativa. O enquadramento de responsabilidade civil ou penal se busca depois.

Anônimo disse...

CARO CESAR
AINDA BEM QUE PREVALECEU O BOM SENSO NO CASO DO AJUSTE DE CONDUTA DO SHOPING CENTER NO SANTA MÔNICA.
GOSTARIA ERA DE VER O MESMO EMPENHO DAS AUTORIDADES E DOS GRUPOS DE AMBIENTALISTAS NA INVASÃO E DEGRADAÇÃO DOS MORROS E MANGUES QUE CIRCUNDAM NOSSA CIDADE POR "FORASTEIROS" QUE DIARIAMENTE VÃO INVADINDO E ACABANDO COM NOSSAS ÁREAS VERDES SEM QUE NINGUÉM TOME PROVIDÊNCIAS.
SEI QUE NÃO É UM PROBLEMA DE FÁCIL SOLUÇÃO, MAS SE NÃO HOUVER NENHUMA AÇÃO E EMPENHO DAS AUTORIDADES E GRUPOS AMBIENTALISTAS, A COISA CADA VEZ PIORA MAIS.
ABRAÇOS
ANTÔNIO CARLOS