Em setembro de 2001 eu estava morando num hotel, no centro de São Paulo. Transferido da secretaria da redação da sucursal de Brasília da Gazeta Mercantil para a Editoria de Política, em São Paulo, tinha algumas semanas de estadia paga pelo jornal até alugar um apartamento. Como fazia todos os dias, acordei e liguei a TV. Por acaso estava na CNN e a primeira imagem que vi era parecida com esta da capa de um dos jornais: fumaça espessa numa das torres do World Trade Center. Coisa de filme. Ainda mais quando, minutos depois, o mundo e eu acompanhamos, de queixo caído, um outro avião fazer uma graciosa curva e chocar-se contra a outra torre.
Aumentei o volume para me certificar que não era ficção, não era faz-de-conta. Nem os jornalistas que narravam os fatos, nem eu, e acho que ninguém, parecia entender direito o que estávamos vendo. E naquela manhã, antes das duas torres desabarem, tudo parecia estranho demais para ser verdade. Mas, aos poucos, fomos entendendo que, como mancheteou aquele jornal de capa vermelha, “Nada será a mesma coisa, nunca mais”. Os inacreditáveis eventos daquele dia mudariam, e mudaram mesmo, o mundo.
FANATISMO E INTOLERÂNCIA
A América ultrajada, atacada em um de seus corações mais sensíveis, as duas torres que ladeavam Wall Street, ferida no seu orgulho imperial, com uma perplexidade só comparável ao ataque a Pearl Harbor (em 7 de dezembro de 1941) pelos japoneses. E, como lá, o governo entendeu que era seu dever lançar-se numa guerra total contra o inimigo que tivesse feito aquela afronta.
Pearl Harbor, contudo, foi um ataque de um exército regular, com autoria definida, num contexto conhecido. A guerra contra o Japão e, finalmente, as bombas atômicas contra Hiroshima e Nagasaki, resolveram o problema, acertaram as contas. E o mundo voltou a ser mais ou menos o que costumava ser.
Mas naquele dia 11 de setembro não era um exército inimigo que invadia as fronteiras e lançava um ataque comum. Não há um país inimigo, não há inimigos identificados. Os Estados Unidos, então, declararam “Guerra ao Terror”. E foram em busca do terror no Afeganistão. Invadiram o país, trocaram o governo e o terror não estava lá. Está em todas as partes. Aos poucos fomos percebendo que o terror não é islâmico, não tem cara de árabe, não odeia apenas os Estados Unidos.
O terror é uma coisa difusa, que mata espanhóis nos trens lotados em que se dirigem ao trabalho. Mata ingleses. Mata afegãos e árabes de uma maneira geral. O terror é fanático e intolerante. E há fanáticos intolerantes de todas as cores, em todas as religiões, falando todas as línguas. E, como estamos acostumados, aqui no Brasil, nas torcidas “organizadas” de quase todos os times.
Agora, em 2006, alguns anos depois de ter invadido o Iraque em busca de armas de destruição massiva e deposto um governo que teria ligações estreitas com a central Al Qaeda do terror, os relatórios norte-americanos provam que nem Saddam tinha ligações com Bin Laden nem havia as tais armas. Mas nem tudo está perdido: uma das principais reservas de petróleo do planeta mudou de mãos e agora está sendo controlada pelos senhores da guerra. Que saíram, é claro, no lucro.
MEU ÓDIO SERÁ TUA HERANÇA
Assim como no filme de Sam Peckinpah que teve esse título no Brasil (The Wild Bunch), não dá para saber quem é o mocinho e quem é o bandido. Nem um é bom o tempo todo, nem o outro é ruim o tempo todo. E ambos matam, sem muito cuidado, gente inocente. Como o Hizbolah e Israel. Difícil tomar partido. Mas o ódio que não cessa, que usa a própria vida como arma, negando a existência, numa reverência cega à morte, mudou definitivamente o mundo. Para pior.
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O ESGOTO VAZOU
A Casan não cumpriu duas decisões do Tribunal de Contas referentes à estação de tratamento de esgoto ali da entrada da cidade. Diante do pouco caso da Casan, o Tribunal multou o presidente da empresa Walmor de Luca (o marido da Ada, não tem?) em R$ 1,5 mil e fez uma representação ao Ministério Público estadual. Os conselheiros acham que pode ser que, com uma ação civil pública nas costas o pessoal da Casan se mexa. O que está parecendo é que o Walmor de Luca não reconhece no TCE autoridade para dar palpite em operação de sistema de esgotos e simplesmente ignorou o Tribunal.
Vamos ver se o Ministério Público consegue enfiar o dedo naquela caixa preta e mal cheirosa que faz às vezes de portal turístico da capital.
A CANDIDATA DO TIO SAM
Vocês viram a lama que envolve a candidata do PRP a presidente, aquela Ana Maria Rangel que diz que vai cuidar da gente? Ela mora nos Estados Unidos e veio só pra se candidatar. Daí comprou a vaga nesse partido de aluguel. Mas como em todo negócio entre gente muuito esperta, entrou areia e a Polícia Federal e a Receita Federal estão investigando. Ela alega que o presidente do PRP tentou extorquir uns R$ 14 milhões dela. Maior bafão.
MEMÓRIA ELEITORAL
Vou usar umas continhas que o fernando Rodrigues, da Folha, fez, pra avivar a memória:
Datafolha: 25 de setembro de 2002
Lula: 45%
Serra: 21%
Garotinho: 15%
Ciro: 10%
Zé Maria: 1%
Soma dos adversários: 47%
Datafolha: 5 de setembro de 2006
Lula: 51%
Alckmin: 27%
Heloísa Helena: 9%
Cristóvam Buarque: 1%
Ana Maria Rangel: 1%
Soma dos adversários: 38%
Ou seja, pra ter segundo turno a Heloísa e o Cristóvam precisam cavar mais alguns pontos, pra chegar perto do garotinho e do Ciro em 2002.
“ROUBA MAS FAZ”
O ex-ideólogo do PT e ex-ministro da Cultura de FHC, Francisco Weffort disse na Folha, ontem, que Lula é “o Adhemar de Barros destes novos tempos”. Com isso, ele transfere para Lula o bordão do ex-prefeito paulistano: “rouba mas faz”.
IMAGENS EXTERNAS
Um dos pontos mais estranhos da legislação da propaganda política obrigatória é a que diz que estão proibidas as imagens externas. E o que a gente mais vê são imagens externas. Mas agora o TRE-SC atendeu a uma representação do PV e mandou tirar da propaganda do Colombo (senador), as imagens gravadas externamente.
E a coligação Todos por Toda Santa Catarina conseguiu tirar do Fritsch e da sua coligação um minuto do tempo de propaganda no feriadão. Fritsch tinha aparecido no horário dos candidatos a deputado, o que não pode.
O Estado sempre sonhou tirar as crianças dos pais
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La pretensión de quitar a los padres la educación de los hijos es tan
antigua, al menos, como La República de Platón. José Carlos Rodríguez para
Disident...
Há 26 minutos
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