quinta-feira, 7 de setembro de 2006

QUINTA

INDEPENDÊNCIA OU MORTE?!
Um País é independente, acho eu, quando os corações e mentes de seus habitantes são formados por uma cultura própria, temperada pela cultura geral e universal, sem atrelamentos, subserviência e excessiva dependência.

O Brasil é um belo País. Os brasileiros compõem um dos povos mais interessantes e originais. A cultura brasileira tem manifestações que são admiradas, invejadas, estudadas e homenageadas no mundo todo. Mais valorizadas do que aqui, em muitos casos.

Muitos de nós, contudo, não somos independentes. Fomos e somos colonizados por alguma outra cultura, que faz com que quase não tenhamos interesse, preocupação ou conhecimento do nosso próprio umbigo.

A roupa, a música, a gíria, os valores, os ícones que muitos de nós usam e adotam vêm de outro lugar, onde talvez até façam sentido. Macaqueados, copiados automaticamente para cá, transformam-se apenas nisso: macaquices de ignorantões que não conseguiram ainda declarar sua independência.

(Texto publicado originalmente no dia 7 de setembro de 2005. E republicado porque nada mudou.)

A PAZ QUE QUEREMOS
Terminou ontem em Florianópolis o Festival da Paz e mantive, sobre esse evento, aqui na coluna, obsequioso silêncio. Como não concordo com alguns aspectos desse festival, fiquei numa situação incômoda: relacionar o que acho errado no Festival poderia dar a idéia, completamente falsa, que sou contra a difusão de uma cultura do pacifismo. Portanto preferi, sabendo que isso representa um desserviço para os leitores, ficar quieto. Uma espécie de risco calculado, como diria o cirurgião, pouco antes de cortar sem querer um nervo e deixar o paciente com a cara torta.

Mas agora acabou, aparentemente foi um sucesso e posso dizer duas palavras a respeito: o envolvimento do governo nesse evento (mobilizaram servidores de várias regiões, além de recursos) foi, a meu ver, descabido; e o “mix” esotérico, religioso e quase messiânico das manifestações associadas é particularmente indigesto para quem prefere que a cultura da paz não seja misturada a essas pseudo-ciências.


A IMAGEM DO FERIADO
A foto acima mostra a ilha do Campeche, pequena ilha bem próxima à ilha de Santa Catarina (onde se situa a maior parte do município de Florianópolis). A foto, batida pela minha amiga Teca Travassos, está aí porque é bonita, porque eu gosto de mostrar paisagens da minha terra e porque imagino que vocês também gostem de conhecer melhor este estado bonito em que a gente vive. (vocês já sabem: se clicar na foto...)

TURISMO INTERNO
Os hotéis estão se queixando da baixa ocupação nesta temporada de estranho frio setembrino. Pois eu acho que é falta de sensibilidade, falta de tino para os negócios e falta de profissionalismo dos marqueteiros turísticos.

Se a temporada não está atraindo turistas de fora, que tal fazer promoções que a gente, que é daqui e gosta daqui, possa aproveitar? Vocês não acham que seria atraente se moradores de Itajaí e região ganhassem um belo desconto para passar o feriado em bons hotéis de Florianópolis?

Eu, por exemplo, se soubesse que em Itajaí, Cabeçudas ou outra cidade da região, os moradores de Florianópolis teriam condições especiais na baixa temporada, é claro que tentaria programar alguma coisa para aproveitar as promoções. Bastava ser uma coisa honesta e realmente vantajosa.

O problema é que parece que o povo dos hotéis, pelo menos os daqui de Florianópolis, prefere não ganhar R$ 120,00 por apartamento do que ganhar R$ 50,00 e manter a ocupação (justiça seja feita, vi um anúncio do Marambaia Cabeçudas fazendo uma promoção dessas, mas também foi só).

As empresas aéreas já aprenderam (mais ou menos) a lição. Agora falta os hoteleiros acordarem.

Santa Catarina precisa valorizar a turma que, nos finais de semana, dá uma circulada pelo estado, aproveitando a paisagem, o frio e a comida. Tem um monte de lugar legal e interessante que a gente pode ir com poucas horas de viagem. Só falta hotel bom e barato.

CELSO MALDANER RESPONDE AO PP
A Patrícia Bertollo, provavelmente assessora do candidato, mandou um e-mail esclarecendo a posição do Celso Maldaner (citado na coluna de ontem), a respeito da suspeita, levantada pelo PP, de uso da máquina administrativa para sua campanha a deputado. Ela diz que ele não usa a máquina.

Para ilustrar (no caso de vocês não conhecerem o irmão do Casildo), catei umas fotos que ele tinha mandado distribuir (acima, em março de 2006) pelo sistema de comunicação do governo, quando ainda era secretário da SDR de Maravilha. E, por coincidência, foram tiradas justamente pela mesma Patrícia, que na época era assessora de informação da SDR (como ele não usa a máquina, ela deve ter se exonerado da função comissionada que ocupava na SDR).
“Caro Cesar Valente:
Segue uma pequena resposta à informação publicada em seu blog a respeito das bombas do PP.
Esta ‘bomba’ com a declaração do Celso Maldaner não passa de um ‘estalinho’. Todos sabem, inclusive o PP e o seu presidente Joares Ponticelli, que a declaração do canditato se referia à sua estrutura de campanha em municípios sede de regionais, e não dentro das SDR's.
Essa interpretação propositadamente equivocada não passa de uma tentativa desesperada de criar um factóide, para tentar desestabilizar a candidatura de Luiz Henrique, já que seu candidato percebeu que não há como brigar com a verdade. O povo catarinense aprovou a descentralização, as secretarias regionais, e não quer retroceder à velha política do beijão-mão no Centro Administrativo.
Resumindo, é puro e leviano despeito.”


Update das 19h:
caso não tenha ficado claro acima, é preciso esclarecer que a Patrícia, embora ainda tenha seu nome no site da SDR como assessora, fez direitinho o seu dever de casa e pediu exoneração do cargo para poder dedicar-se à campanha. O problema, se é que tem algum, com certeza não é com a Patrícia.

Um comentário:

Anônimo disse...

César.
Sua coluna é admirável e traz excelentes informações e "sacadas", como a do uso da máuina por Celso Maldaner em Maravilha.

Contudo, não posso deixar de registrar que o sentido de "cultura" abordado por ti, em texto publicado nos "setes de setembro" de 2005 e de 2006, é superficial.

A antropologia considera cultura os hábitos e ações de um grupo social independente de suas misturas. Logo, não existe povo sem cultura. A cultura se mistura, perde, ganha e compartilha elementos, mas nunca deixa de ser cultura.

É claro que esse argumento não esconde que outro grupo com mais força (física, financeira, persuasiva, etc.) sobreponha seus elementos aos de outro, o que provavelmente era o que querias explanar.

Aí sim, é possível afirmar ser evidente a existência de uma tendência mundial à padronização cultural.