quinta-feira, 1 de junho de 2006

QUINTA

QUÉRCIA TÁ VIVO
Quem achava que o ex-governador paulista Orestes Quércia estava por baixo deve ter se surpreendido com os salamaleques com que ele foi recebido em palácio por um Lula louco por votos. Depois de se aproximar tanto de tanta gente incompatível com o que a gente achava que o Lula e o PT fossem, os afagos entre Quércia e Lula não deveriam espantar. Mas eu não consigo me acostumar. E sempre é bom lembrar que em termos de malandragem política, comparado a Quércia, o Lula é apenas um principiante. Começou bem, é verdade, mas tem muito o que aprender com o mestre.

MOACIR PEREIRA NA RBS
A RBS acaba de contratar o Moacir Pereira, cujo desligamento de A Notícia foi anunciado ontem.

Moacir vai fazer um comentário na rádio CBN/Diário, uma coluna no Diário Catarinense e alguma coisa na TV. O que está com o formato mais definido é o comentário no rádio. Ainda está sendo estudada como será a coluna do jornal, mas está confirmadíssima. Não se sabe como se dará o retorno do veterano jornalista à telinha, porque as conversas sobre a TV estão no começo.

Para os leitores essas trocas de posição, as mudanças de veículo, são sempre saudáveis. Sacodem a poeira tanto dos profissionais que saem quanto dos profissionais que ficam. Uns e outros tratarão de mostrar o melhor de seus talentos.

FIM DA DUPLA DINÂMICA
No caso específico de A Notícia, tinha ali uma situação que ninguém comentava muito, mas que imagino que devia causar um certo desconforto: durante muitos anos Moacir Pereira e Cláudio Prisco Paraíso mantiveram colunas parecidas, em páginas espelhadas. E eu nunca entendi o que o jornal pretendia com essa duplicidade.

Claro que os dois colunistas e o jornal argumentavam que as colunas eram diferentes, que eram dois enfoques distintos, etc e tal. Mas eu, pelo menos, não conseguia ver tantas diferenças assim entre as duas colunas políticas.

Uma pena que o desfecho tenha se dado dessa forma, com algumas mágoas de parte a parte, e é claro que não é bom para nenhum jornal perder um profissional como o Moacir Pereira, mas do ponto de vista estritamente editorial, a saída de um dos dois colunistas não deve ter criado qualquer problema. Ao contrário, resolveu essa situação incômoda.

Se o Meneghim (diretor de redação de A Notícia) tivesse pedido a minha opinião, anos atrás, eu o teria aconselhado a reunir-se com Moacir e o Prisco, para redefinir as colunas, e encontrar forma e foco que as diferenciasse uma da outra.

TUMULTO-SURPRESA
São tão criativos os sindicalistas em greve ou loucos por greve, né? Os motoristas e cobradores agora resolveram que precisam fazer “paralisações-surpresa”. Porque assim conseguem azucrinar melhor a vida do pobre usuário.

Frustrados por não terem conseguido tudo o que queriam (o aumento da passagem eles conseguiram, mas parece que esta era apenas metade da tarefa), eles vão descontar na população. Uma paralisação com hora marcada permitiria ao povo trabalhador se organizar pra ter um prejuízo menor. Mas a consideração pelo usuário é uma coisa sem sentido para os sindicalistas.

PARAÍSO EMPRESARIAL
Não é uma maravilha? O Conselho Municipal de Transportes foi reunido às pressas ontem para autorizar o aumento da tarifa “única” (que são várias) para R$ 2,10. A facada tem, como objetivo, “gerar recursos para atender as reivindicações de motoristas e cobradores de ônibus”.

Ah, assim eu também quero ter uma empresa de transporte coletivo! É muito fácil. Nada como ter um prefeito compreensivo e vereadores dóceis que pensem no bem-estar das empresas.

O VÔO DO MOSQUITO
O agitador político-cultural Amilton Alexandre, o popular Mosquito (o primeiro comunista-capitalista que conheci), manda notícias das férias de 25 dias e de sua viagem à Bahia, Uruguai e Espírito Santo. E tem um trecho interessante sobre os ônibus e as tarifas dos ônibus, comparando as distâncias e os preços de lá com os de cá:
“Em Vitória, ES andei de ônibus para caraio. Oito dias indo a praia por R$ 1,70 tarifa intermunicipal sem porra nenhuma de cartão, com integração em 5 municipios, indo de Serra (biguaçu) passando por Vitória (fpolis) Vila Velha (São josé) e Cariacica (palhoça) andando mais de 50 km de ônibus.”
E aí é claro que ele descasca o cacete no aumento da passagem (“onde já se viu pagar R$ 2,85 para andar 16km, de Palhoça até Floripa?”), com termos que, apesar de estar no DIARINHO há quase um ano, ainda não tenho coragem de reproduzir.

E anuncia que se houver radicalização do movimento contra o aumento, ele tá dentro (“o bicho tem que pegar”). Calma, Mosquito.

EDUCAÇÃO SEM GREVE?
Segundo o governo, a greve dos professores terminou. A proposta encaminhada ontem foi aceita pela assembléia geral e os ânimos se acalmaram. O mais estranho é que a proposta aceita é praticamente a mesma que foi rejeitada há 30 dias. Sabe-se lá o que fez com que os grevistas, nesse tempo, resolvessem que agora dá pra aceitar o que antes não dava.

Os professores e professoras que ainda estavam parados devem retornar ao trabalho hoje (se não tiver greve de ônibus, certo?). Todos aliviados porque não se falou mais em descontar os dias parados (claro, todo mundo quer o bônus sem ônus).

Agora vai começar a batalha pela reposição das aulas. Os pais precisam abrir o olho, porque deve ter neguinho louco pra considerar o período de greve como aula dada e continuar como se nada tivesse acontecido (tem gente que não gosta mesmo de trabalhar). Depois a gurizada vai mal no vestibular e ninguém sabe direito por que.

TCE APERTA O BADESC
O Tribunal de Contas do Estado julgou irregulares as contas de 2003 do Badesc (que, na intimidade, atende pelo estranho nome de Agência de Fomento de Santa Catarina).

Entre os motivos do TCE está a pressa com que foi feito acordo para receber uma dívida de cerca de R$ 3 milhões, em vez de ir buscar o dinheiro integralmente usando todas as cláusulas contratuais. Outras ilegalidades foram renegociações em empréstimos e suspensão de execuções judiciais que teriam causado prejuízos ao Badesc. Teve rolo também com patrocínios pagos pela tal “Agência de Fomento”.

O presidente Renato Viana levou, pelas costas, sete multas, no total de R$ 3,8 mil. Mas ainda pode recorrer.

NÃO FUI EU!
O Sindicato dos Jornalistas, a Univali e a prefeitura de Itajaí resolveram suspender o Congresso dos Jornalistas que seria realizado no município dias 14 e 16 de junho.

Como o anúncio da suspensão foi feito no mesmo dia em que eu anunciei aqui que o Congresso seria realizado, teve neguinho me perguntando se eu tinha agourado o evento.

Claro que não. Gostaria muito que o nosso glorioso sindicato conseguisse fazer grandes e produtivos congressos todos os anos e que, por sua organização, capacidade de luta e mobilização, me convencesse (e a tantos outros) a voltar a ser sindicalizado.

2 comentários:

Anônimo disse...

Sobre o Quércia: periodicamente, isto é mais visível em épocas de eleição, as múmias saem de seus sarcófagos. Um abraço.

Anônimo disse...

Delirando um pouco...

Um dia, quem sabe, o usuário entre em "greve", ai, vai ser outra história...

Única solução para o transporte público, de qualquer lugar, é a concorrência, ai, a história vai mudar.

É isso ai professor