terça-feira, 13 de junho de 2006

TERÇA

ADIANTA FALAR DE OUTRA COISA?
Todo mundo se prepara para sentar-se diante de um televisor, logo mais às quatro da tarde, e esquecer do mundo. Nosso destino como nação, nosso futuro como país, nossa vontade de viver e lutar, estão irremediavelmente ligados a um jogo de futebol.

Se a seleção jogar bem, ficaremos bem. Se ganhar, ficaremos ótimos. Se humilhar o adversário com muitos gols, chegaremos ao orgasmo. Um bom resultado neste primeiro jogo confirmará nossa superioridade no esporte mundial, garantirá, aos olhos do mundo, que somos filhos de Deus, moleques privilegiados que podem vencer na vida sem ter que estudar, trabalhar ou sacrificar-se: somos os reis do futebol.

Se a seleção jogar mal, se perder o jogo, se mostrar-se apática e incompetente, curvando-se rendida ao adversário, aí então nossa alma nacional entrará pelo ralo do esgoto e passaremos a encontrar culpados e réus. É capaz até de alguém associar a corrupção ao mau resultado, as ambulâncias superfaturadas ao pouco empenho, a baixa estatura moral dos políticos à falta de definição das jogadas.

E, embora hoje ninguém acredite ou queira acreditar, nenhuma das duas hipóteses é verdadeira. Ganhar ou perder um jogo de futebol é bom ou é ruim, porque todos gostam de ganhar e ninguém gosta de perder. Mas não deveria ser muito mais que isso.

O brasileiro não é melhor ou pior porque sua seleção de jogadores de futebol derrota os adversários e conquista um campeonato. O brasileiro pode até se sentir melhor ou pior dependendo do resultado do jogo e do torneio. Mas não deveria ligar de uma forma tão radical a sua vida e sua capacidade de progredir ao sucesso esporádico e isolado num ou noutro esporte, por emocionante que seja.

Mesmo no futebol, nosso esporte preferido, o País demonstra toda a sua fraqueza: os clubes são, em sua grande maioria, uma esculhambação, os estádios, uma bagunça, os vários torneios, desorganizados. Os melhores jogadores precisam sair do País para brilhar. Os torcedores arriscam a vida e o patrimônio quando vão aos estádios. Os cartolas mandam e desmandam sem se preocupar com o bem estar, a satisfação e a alegria do torcedor.

Meninos pobres que jogam bem só são aceitos nas divisões de base dos times pequenos, se tiverem pistolão. Nos times grandes o menino já precisa chegar com agente ou empresário. Não há um projeto nacional para o esporte que mostre claramente os objetivos que desejamos alcançar.

Somos um país gigante com projetos e sonhos paroquiais, provincianos. Atamos nosso orgulho nacional não a um grandioso projeto de crescimento e valorização dos brasileiros, do talento brasileiro em todas as áreas e principalmente do trabalho brasileiro, mas a uma fugaz vitória esportiva.

Embalados pela justa e inebriante alegria da vitória, imaginamos que esse sentimento será forte o bastante para corrigir alguns erros, melhorar alguma coisa das nossas vidas. Desanimados pela tristeza da derrota, imaginamos que somos piores do que realmente somos, que todos riem de nós. E seguiremos adiante, esperando outro jogo. E mais outro. E outro mais. Sendo sempre o país do futuro...

CONTRA CORRUPÇÃO
Sujeitos indignados com a situação nacional ou com algum aspecto da vida política têm se reunido cada vez mais em movimentos e associações para reclamar e registrar seu protesto.

Corrupção Zero, Reforma Brasil, De Olho no Imposto, Voto Consciente, Quero Mais Brasil... a lista é grande (abaixo os endereços de alguns deles) e têm em comum o fato de serem apartidários. Reportagem feita pelo site Congresso em Foco conta um pouco da história dessa movimentação que se contrapõe ao aumento da corrupção e ao sentimento generalizado de que estamos sendo, a cada dia, mais roubados.

A história dos grupos é mais ou menos parecida à que conta este militante: "Éramos um grupo de 20 a 30 pessoas. Saíamos para bares e ficávamos reclamando da vida, da violência, da corrupção, dos impostos. Até que em outubro do ano passado resolvemos agir". Meia dúzia desses amigos toparam e partiram para ação. Fundaram o movimento Corrupção Zero. Hoje, há mais de 18.500 pessoas cadastradas no mailing da entidade. A rede foi formada pela indicação de amigos e de amigos de amigos, todos simpatizantes da mesma causa.

OS ENDEREÇOS
Brasil sem corrupção
paginas.terra.com.br/noticias/brasil_sem_corrupcao/inicio.htm


Chega de impunidade
www.chegadeimpunidade.com


Contas abertas
contasabertas.uol.com.br


De olho no imposto
www.deolhonoimposto.com.br


E-indignação
www.e-indignacao.com.br


Movimento de Resistência ao Crime
www.atequando.com.br


Movimento Nacional Pró-Reforma Política com Participação Popular
www.proreformapolitica.com.br


Movimento pela corrupção zero
www.mczero.org


Quero mais Brasil
www.queromaisbrasil.com.br


Reforma Brasil
www.reformabrasil.com


Sou brasileiro de cara limpa
www.soubrasileirodecaralimpa.com.br


Tribuna Nacional
www.tribunanacional.com.br


Voto Consciente
www.votoconsciente.org.br


ESTRANHAS CERTEZAS

Não sou torcedor de nenhum time político em especial. Muito menos militante ou filiado. Mas acho muito estranho que de uns tempos para cá tenha caído sobre nossas cabeças, como um desígnio divino imutável, a “certeza” da vitória de Lula. Há até quem diga, sem o menor constrangimento, que “Alckmin foi escolhido para perder”. E, a uns quatro meses e tantos dias da eleição, já se considera o resultado como definido.

Quantas e quantas eleições ganhas de véspera foram perdidas? Aqui mesmo, em Santa Catarina, se fosse confiar em pesquisas, Luiz Henrique deveria ter abandonado a disputa. Porque, meses antes da eleição, Amin era imbatível. A única dúvida era se a derrota de LHS seria por muitos ou por poucos votos.

Não acredito que ninguém tenha se decepcionado com Lula. Não entendo esse clima prematuro de “já ganhou”.

O CATARINENSE MÁRIO MOTA – Ontem à noite a Assembléia Legislativa de Santa Catarina fez sessão especial para dar ao comunicador Mário Mota o títutulo de Cidadão Catarinense. Mota (à direita, na foto) nasceu num circo, numa cidade de São Paulo e escolheu morar em Santa Catarina (veio primeiro para Lages, na década de 70, onde foi professor de educação física e trabalhou em rádio e televisão). Foi um dos poucos, ontem, a cantar, inteiro, o Hino de Santa Catarina. E parece mais integrado ao estado do que muitos que nasceram aqui. Não sou grande amigo dele nem tenho qualquer tipo de relação mais próxima, mas fiz questão de ir à solenidade e faço questão de registrar o fato aqui porque acho que ele é um sujeito decente e trabalhador. Quando menino, palhaço de circo, aprendeu as artes de fazer rir e de entreter o público. E nunca desligou-se ou desdenhou dessa raiz profundamente humana. Talvez por isso o ex-governador Ivo Silveira (á esquerda) e tantas outras autoridades, dos mais diversos partidos e níveis, tenham ido prestigiá-lo, reverentes e emocionados. Como disse o Roberto Costa, da Propague, “o Mário Mota é uma unanimidade, não tem quem não goste dele”.

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