quarta-feira, 7 de junho de 2006

QUARTA

Na foto mais acima, de 2004, o presidente da República recebe em audiência, num clima risonho, integrantes do MLST (dissidência do MST). Presente o então ministro Aldo Rebelo (PCdoB), que ontem, como presidente da Câmara, teve que madar prender os baderneiros. Na foto acima, de 2005, aparece, ao lado do presidente Lula, o líder da invasão ao Congresso, fundador do MLST e membro da executiva do PT, Bruno Maranhão. Como fica claro e evidente nas duas fotos, retiradas do arquivo da Presidência da República, Lula não sabia de nada.

PARLAMENTO VIOLADO
Baderneiros, liderados por um membro da executiva do PT, Bruno Maranhão, cometeram ontem um grave atentado contra a democracia. Invadiram o Congresso e ocuparam o Salão Verde da Câmara. O tumulto deixou 20 seguranças da Câmara feridos, um deles em coma e destruiu bens e instalações do Congresso (pagos com nosso dinheiro) com uma violência injustificável (foto ao lado).

A “ação” seria em defesa da reforma agrária e contra demora na votação do orçamento e outras “reivindicações” que foram para a lata do lixo da história quando o quebra-quebra começou. Eles chegaram a virar um carro para forçar a entrada no Congresso.

Depois que o presidente da Câmara, Aldo Rebelo, disse que não os receberia e que todos seriam presos, os valentões foram embora, resmungando. Na saída foram presos pela polícia militar e levados para um ginásio de esportes da capital federal, para serem identificados e autuados.

Maranhão decerto quis dar uma forcinha para candidatos do PT (como o senador Sibá, do Acre, que posou para fotos com os baderneiros dentro da Câmara) e criar um fato na imprensa para dar visibilidade ao seu movimento, que pretende ser “mais à esquerda” que o Movimento dos Sem Terra.

BOLA DE CRISTAL
Volta e meia alguém me pergunta como eu acho que será a disputa eleitoral em Santa Catarina. Decerto pensam que só porque falo, vez por outra, de política e de políticos, tenha alguma informação privilegiada e saiba alguma coisa que ainda não escrevi aqui. Ou só estão curiosos pra saber como essa montoeira de nós será desfeita.

Às vezes respondo “não tenho a menor idéia” e o interlocutor fica meio ressabiado, sem saber se estou tirando sarro da cara dela (ou dela). Mas, na verdade, não tenho a menor idéia. A minha bola de cristal (a da esquerda) está desativada desde o século passado e não me mostra mais o futuro (mas em compensação cumpre maravilhosamente todas as outras funções”.

JUNTA AQUI, APERTA ALI
Aos poucos, entretanto, os partidos vão dando demonstrações que as conversas mais importantes já começaram. E apesar de ainda ser cedo para garantir qualquer coisa, ou mesmo para fazer apostas, já tem gente namorando e até pegando na mão.

Ontem, por exemplo, conversava com alguém que tem boas fontes nos andares superiores do PFL e ele me garantia que PMDB e PFL estarão juntos no estado, “sem a menor sombra de dúvida”. E um tucano de plumagem lustrosa afirmava, quase ao mesmo tempo: “o PFL só irá com o PMDB se o PSDB estiver junto”.

LHS terá, então, o apoio de três dos maiores partidos do estado. Pelo menos é isto que o oráculo de ova de tainha que eu uso para saber o futuro mostra, até o momento.

E quem mais concorrerá? Bom, o ex-governador Esperidião Amin ficou sem opção: terá que sair candidato. O PP vai testar, na campanha, o discurso oposicionista que sua bancada estadual ensaiou por três anos.

Ah, e tem o companheiro Fritsch, do PT, que também está no páreo e cujo desempenho ainda é meio misterioso. Os demais partidos tanto podem se unir em torno de uma chapa nanicocêntrica quanto podem brigar entre si e sair com dois ou três candidatos a governador, na esperança de conseguir bons acordos no segundo turno.

ADIANTA VOTAR?
Em todo caso, gosto de pensar que as pesquisas não estão pegando direito o efeito do “ano em que o brasileiro descobriu que seus políticos são desonestos” sobre as intenções de voto. E imagino que ainda poderemos ter surpresas. Mas pode ser que eu seja um pobre iludido em busca de emoções fortes. E que, como parece óbvio, o LHS leve a eleição com facilidade.

Para o bem de todos nós e da democracia, seria legal que o vencedor, qualquer que fosse, não ganhasse com uma diferença muito grande. E que as urnas dessem alguns sustos. Porque se tudo acontecer conforme profetizam as pesquisas, então pra que votar?

TAMBÉM PODE NÃO SER...
Manda a prudência que o leitor e a leitora não leve muito a sério o que falei nas notas anteriores sobre a eleição catarinense. São especulações, adivinhações. Há quem ainda aposte que o Colombo (PFL) pode sair candidato. Que o Pavan também. Há até quem diga que o LHS ainda vai convencer Amin a acompanhá-lo, etc e tal.

Mas é bom que a gente não brigue por eles nem se iluda. No final, eles sempre acabam se arrumando.

2 comentários:

Anônimo disse...

Pra mim um sem terra vale mais do que um político picareta. Esse cagaço tinha que ser dado nesses ladrões. As imagens da invasão concretizaram a imagem atual da camara.

Outra coisa ainda: como conseguem prender os sem terra tão rapidinho enquanto um ano depois da confusão nenhum mensaleiro foi pra cadeia? É dessa democracia que todos os jornalistas estão falando hj?

Anônimo disse...

Se ontem era dia da "besta", realmente o MLST não poderia ter escolhido melhor dia para mostrar suas "garras".
Diz o comentário acima que os manifestantes foram presos rapidinho ! Rapido teria sido se eles fossem presos antes de quebrarem tudo. E se não houver punição exemplar, daqui a pouco entraremos em guerra civil!
Um crime não justifica outro. É claro que os mensaleiros deveriam ser presos, mas quem foi que os absolveu? Não foram os mesmos "dançarinos" que apoiam os movimentos ditos "sociais"?
Por enquanto só uma arma pode tentar resolver isso: o voto.
Antonio Carlos