terça-feira, 17 de julho de 2007

Terça

A vaia dos cariocas, dizendo a Lula que ele não é a unanimidade que sonhava e a irretocável vitória brasileira sobre a Argentina, são daquelas coisas que animam a gente, apesar do frio.

IR OU NÃO IR?

Há alguns anos, quando as viagens ao exterior do então presidente da Santur, sua Excelência Jorge Meira e seu fiel escudeiro estavam parecendo exageradas, conversei com alguns secretários de turismo e empresários, para certificar-me que a minha impressão era correta.

E acabei descobrindo que eles também achavam bobagem o presidente da Santur abandonar o serviço e passar semanas seguidas longe do batente. “Ir a feiras, congressos e outros eventos é importante, mas para isso a Santur tem gente especializada. O presidente, quando se afasta por muito tempo, engessa a administração”, disseram.

Decisões que dependiam de deliberação superior acabavam ficando paradas, esperando que o presidente voltasse. Mas ele chegava só a tempo de trocar de mala e já saía novamente. Resultado: pode ser que Santa Catarina tenha se apresentado em muitos eventos internacionais, mas a administração da Santur nunca esteve tão emperrada.

Os gastos em diárias e passagens, portanto, eram o mal menor, perto do prejuízo que a ausência do titular causa ao bom andamento da instituição.

O SENHOR EMBAIXADOR

Ontem LHS fez mais um relato de mais uma de suas viagens ao exterior. Como um embaixador, um adido comercial, um cônsul, um caixeiro-viajante, teve uma agenda cheia em praticamente todos os dias em que esteve fora.

Acredito mesmo que muitos dos contatos possam ter bons resultados e que o LHS não tenha perdido tempo apenas com encontros protocolares.

A questão, tal como naquele caso (extremo) da Santur, é que LHS parece cada vez mais disposto a se portar como Chefe de Estado. E menos como Chefe de Governo. E, como tal, dedica-se a atividades que não envolvem as decisões administrativas. Olhando aqui de fora, tem-se a impressão que viagens, inaugurações, palestras, encontros com personalidades internacionais têm preferência sobre formação do governo, enfrentamento de crises administrativas e políticas e o duro batente de um dia-a-dia com pouco dinheiro em caixa.

COISA DE CINEMA
O secretário de Articulação, Ivo Carminatti, reuniu-se, no Centro Administrativo, em Florianópolis, com Bruce Lipnick, aquele investidor norte-americano com quem LHS se encontrou em 27 de abril em Nova Iorque.

Dono de uma certa “Sunshine Entertainment”, Bruce está aqui, com alguns auxiliares, para iniciar uma espécie de Hollywood catarinense. O primeiro filme, “uma comédia romântica”, será dirigido pelo cineasta Roberto Carminatti, parente do secretário Ivo.

O Carminatti diretor formou-se em cinema nos EUA, onde nasceu, filho de brasileiros. Segundo entrevista à Folha de S.Paulo, ele sempre quis “voltar ao Brasil para fazer filmes positivos, não com os olhos de país do Terceiro Mundo, que não tem jeito”.

Para realizar seu longa “Segurança Nacional”, concluído em 2006, Carminatti pediu apoio ao governo federal. E, numa das seqüências, usou o Aerolula. Sim o próprio avião presidencial. Claro, sem o Lula dentro. O filme teve também cenas rodadas em Florianópolis.

O MICO DIGITAL

A partir de 2 de dezembro começam oficialmente as transmissões de televisão digital no Brasil. Como no caso da TV a cores, nem todas as emissoras iniciarão ao mesmo tempo e nem todas as regiões terão sinal ainda este ano.

Mas, como no caso da TV a cores, o telespectador terá que morrer com uma graninha preta. O conversor atualmente está cotado em R$ 800,00 e estão sendo estudadas formas de baratear esse custo e/ou de facilitar o financiamento. E a mesma coisa vale pro rádio digital, que também vai começar e precisa de conversor.

O pior é que, embora se espere uma melhora na qualidade da imagem (nem todas as transmissões e canais serão em alta definição, mas pelo menos fantasmas e chuviscos devem diminuir), não se deve esperar uma melhora na qualidade da programação. As emissoras vão gastar tanto em equipamentos que terão que tentar economizar em outras áreas.

A UFSC ADOTA A DIVISÃO DE “RAÇAS”

O médico Antônio Sérgio Ferreira Baptista, de Joinville, publicou um artigo, no jornal A Notícia, questionando o sistema de cotas das universidades públicas. Como vocês sabem, a UFSC acaba de entrar no rol daquelas instituições que fazem oficialmente a divisão do país em "raças".

Só que, esse “sistema” não esclarece como fazer essa divisão. E, como “raça” é uma coisa que não existe, será necessário criar algum instrumento que meça a quantidade de melanina (aquilo que faz com que uma pessoa seja mais escura que a outra) na pele.

Segundo o médico, “em um século em que a ciência sepultou o conceito de raça, estamos, assim, dando um significativo passo em direção à Idade Média”. E cita alguns estudos que mostram que nos Estados Unidos, que adotou o sistema de cotas na década de 70, algumas universidades já o eliminaram.

Ele conclui afirmando que “não é tratando os negros como se fossem portadores de necessidades especiais que vamos melhorar sua situação”.

Essa opinião mostra como é controverso e cheio de armadilhas o “sistema” em que a UFSC, talvez ansiosa por agradar o governo federal, de quem depende para sobreviver (já que a autonomia universitária é uma falácia), embarcou.

E, afinal, onde fica o limite entre “branco” e “negro”, para a UFSC? Como é feita a medição? Um funcionário será treinado para sacar, no olhômetro, se o candidato tem sangue negro o suficiente? E como evitar o recrudescimento do racismo, a partir disso?

8 comentários:

Anônimo disse...

Num estado onde a população negra não chega a 5%, a cota da UFSC é de 10%, interessante.
Não duvido que logo comecem a pipocar associações, revistas, partidos, exclusivamente para brancos. Será que daí será encarado como racismo?

Anônimo disse...

O sistema de cotas em Universidades é uma grande demonstração de demagogia barata.

Os defensores desta prática revelam sua incapacidade de análise e preocupa-nos (sociedade) que estejam em importantes postos públicos.

O problema de acesso às Universidades não está ocorrendo em função de raça e, sim, em função de capacidade econômica de financiar um bom estudo de base.

Ou seja, o ensino público básico, aquele a que o Estado está obrigado a conceder é que está deficitário. Assim, ficam de fora das Universidades os que não receberam ensino básico, sejam eles brancos, pretos, pardos, amarelos ou vermelhos.

Com o sistema de cotas proposto, os de raça com cor passam a ter um espaço e os desassistidos de ensino básico, porém sem cor passam a continuar desassistidos.

Forçar a entrada de pessoas despreparadas nas Universidades também não é uma solução.

Esta proposta de cotas é um curativo malfeito que não irá sarar a ferida, ao contrário, a levará a uma gangrena.

Só há uma alternativa possível, que é o investimento maciço em educação básica, com escola em dois turnos, privilegiando, já na mais tenra idade atividades culturais e esportivas.

Anônimo disse...

Como vai se chamar a comissão que vai escolher os candidatos negros? Comissão Nazista de Separação de Raças? Qual será o critério? O tamanho do nariz? Vejam quanto desrespeito nessa pergunta. Mas é exatamente o que está acontecendo.
Esse papo de cotas nada mas é que um debate extremamente ideologizado pelos esquerdóides de plantão nas universidades. Eles estão pouco preocupados com os negros.

Anônimo disse...

As universidades federais são instituições decadentes. As cotas são mais um passo dado para aumentar a improdutividade, que já é enorme, principalmente entre os funcionários que só fazem greve e nada produzem, e entre os professores que só fazem defender o chavismo. Privatização já.

Anônimo disse...

Sou a favor de cotas, apenas para cursos que não possam colocar vidas em risco. Por exemplo medicina. Não gostaria de ser operado por um cotista.Agota cursos que não exigem pleno conhecimento, como sociologia (vide FHC), economia (vide Mailson),e assim por diante nada contra.

Anônimo disse...

As cotas nada mais são do que uma armadilha que já vem sendo tramada há muito tempo. Ensino público superior gratuito e de péssima qualidade. Estão sucateando as universidades federais e oferecendo vagas para os pobres.Rumo ao ensino público fundamental e médio. Daqui a alguns anos dirão. Pobre e negro agora pode estudar numa federal. Não tem mais rico. Porém a qualidade....
Ass. Gefferson Sbruzzi.

Anônimo disse...

Sou loiro, branquelo, tenho olhos azuis, sobrenome alemão. Mas minha mãe tem lá uma tataravó índia e um tataratá-tataravô negro. Tenho direito a usufruir das cotas? Não, porque sou branquelo? Afinal, quem escolherá o comitê "Filhos de Mengele" que vai definir quantos por cento de sangue negro ou índio alguém deve ter? E como saber se meus genes são mesmo brancos, índios ou negros? Por acaso gene tem cor? Uma pessoa é diferente da outra só por causa da cor da pele? Quanta besteira, senhores defensores das cotas! Ah, vão estudar genética, vão, em vez de ficarem propagandeando isso que nada mais é que RACISMO!

Anônimo disse...

Cesar.

Dando continuidade no seu quadro "o presidente e sua futura profissão", você poderia colocar uma foto do molusco recebendo a vaia. Neste caso ele estaria em treinamento para cantor de festival de música popular.