Digamos, para manter o tom de galhofa com que os senadores nos tratam, que eu esteja de saco cheio de tanta falta de respeito e resolva aproveitar o dólar barato e dar uma volta fora do país para espairecer.
Não é difícil, não está muito caro. Vendo o carro e pronto. Certo? Nananinanã. Nada de “pronto”. Vou mostrar que o amigo e a amiga, mesmo com dinheirinho no bolso, está tendo seu direito de ir e vir constantemente violado por uma conjunção de fatores, a maioria dos quais de responsabilidade do governo federal.
CADÊ O PASSAPORTE?
O documento de viagem por excelência, no mundo todo, é o passaporte. Mesmo que, graças a precários acordos bilaterais se consiga ir a alguns países vizinhos com a cédula de identidade, só o passaporte garante a transposição de fronteiras.
Além daqueles que querem, por qualquer motivo, ter passaporte pela primeira vez, quem já o tem precisa renová-lo periodicamente. Mas hoje isso é impossível. Pelo menos num prazo razoável.
Já fomos um país eficiente, onde o passaporte era tirado em poucos dias, quando não em poucas horas. Agora, graças a um acerto qualquer feito entre o Ministério da Justiça, o Serpro e não sei quem mais, compraram, certamente por milhares de dólares acima do preço justo, máquinas de menos.
Em Itajaí foram instaladas duas máquinas de emitir passaportes, o que significa que dá para atender duas pessoas de cada vez, pelos vários minutos em que dura toda a operação de fotografar, colher impressões digitais, registrar documentos, etc. Com uma procura por passaportes que justificaria ter, pelo menos o triplo da capacidade, a Polícia Federal peixeira teme levar uma eternidade e mais um pouco para reduzir a fila.
A saída que a PF itajaiense encontrou foi só agendar a emissão de passaporte para os sortudos que conseguirem linha para um dos telefones da PF na sexta-feira. É mais fácil acertar na mega-sena do que conseguir falar com o tal telefone.
A PF de Florianópolis permite que se faça agendamento pessoalmente, no balcão, mas isso não alivia muito. Agora estão agendando, se não me engano, para novembro. E este caos está instalado em todos os postos da PF que emitem passaportes. Resultado: ao brasileiro está sendo negado o direito de sair do país sempre que desejar.
CADÊ O VÔO?
Sem passaporte, nem adianta tentar encontrar um bom vôo e uma boa tarifa. Os melhores preços são obtidos, nos países normais, com uma antecedência de alguns meses. Mas aqui o coitado do viajante, que levará cerca de seis meses para obter seu documento de viagem, nem pode pensar em comprar a passagem muito antes, para ir pagando em suaves prestações. E se o passaporte não sai?
Com o raro senso de oportunidade que sempre o caracterizou, o governador LHS defendeu a legalização do jogo algumas horas antes de um dos diretores da Codesc (empresa que cuida deste assunto em SC) ser cassado pela Câmara de Vereadores. Pois bem, na visita ao Casinó di Venezia (nome oficial do Cassino de Veneza), LHS e o prefeito Volnei Morastoni, de Itajaí, encantados com o que estavam vendo (amostras nas fotos acima), desandaram a defender a legalização do jogo no Brasil.
A prefeitura de Veneza recebe cerca de 110 milhões de euros por ano, do cassino. Decerto Morastoni sonha com esse reforço de caixa.
Já que eles puxaram o assunto, vamos nós também meter nossa colher torta e enferrujada nesse angu. O Brasil é, com certeza, um país que poderia se beneficiar desse tipo de atividade, que costuma atrair muitos turistas. O grande problema, portanto, não é legalizar ou não os cassinos: é o tipo de legalização que será feita num país cuja história recente tem mostrado um apetite monstruoso pela corrupção.
Há corruptores e corruptos em todas as áreas, não temos nenhuma perspectiva de reduzir a impunidade e o País está perplexo e paralisado. É a pior de todas as horas para defender a legalização da jogatina.
TE CUIDA, BERGER
No dia seguinte à histórica (porque inédita) cassação de dois vereadores na capital, todas as conversas apontam seus dedos para os Berger. O prefeito e seu irmão estariam também enrolados. Mas é cedo para levar essas conversas adiante. Não se sabe se a “limpeza” vai continuar e nem em que direção irá.
Em todo caso, tem coisas interessantes acontecendo. O Prisco Paraíso, no jornal A Notícia, dá uma informação curiosíssima:
“O empresário Carlos Amastha é o mais novo integrante da Fundação João Mangabeira (do PSB), indicado pelo deputado Ciro Gomes, em reunião realizada em Brasília. Vale lembrar que o ex-proprietário do Floripa Shopping é hoje um dos maiores críticos do prefeito Dário Berger. E o PSB é o partido do deputado Djalma Berger.”Amastha & Berger, agora sob a mesma sigla. Hum... aí tem, não tem?
2 comentários:
Esse vereador cassado, ao sair, disse que tinha muita coisa a dizer e que iria derrubar muita gente.
Será que a polícia federal não vai pegar o depoimento dele novamente ou êle vai ficar ameaçando os "colegas" para conseguir uma boquinha?
Antonio Carlos
Prezado Cesar
Foi bom ler teu post rapaz! Pedi a minha mãe que mora aí em Floripa para tirar o famigerado passaporte e agora descobri que vai demorar um bocado...
Valeu!
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