sexta-feira, 13 de julho de 2007

Sexta (outra sexta-feira 13!)

Nota do editor: o pessoal que está chegando aqui via coluna do Cláudio Humberto e quer ver as tais transcrições, basta rolar a página até encontrar o post de sexta-feira e do sábado (da semana passada). E, no caminho, pode aproveitar para dar uma olhada nas colunas dos outros dias.

Mas, se quiser ir direto pra lá, é só clicar aqui para o post de sexta. E aqui para o de sábado.

COMO É QUE É?
O presidente em exercício da Ceasa/SC, Jairo Henkes, editou um insólito “Comunicado” (acima) e o distribuiu aos cerca de 50 servidores daquela autarquia (é autarquia, pois não?).

Ali se determina que “não serão permitidos comentários e insinuações de qualquer tipo a respeito da empresa, servidores e dirigentes” tanto em questões de trabalho, quanto “particulares”.

Diz Henkes que “a medida é pedagógica” e visa acabar com o “disse-me-disse” na empresa. Ele acredita que isto estava criando desunião no grupo e por isso teve que pedir à assessoria jurídica um instrumento para advertir os funcionários de que poderão sofrer sanções administrativas.

O problema é o efeito colateral: ou vocês também não ficaram morrendo de vontade de saber que “comentários e insinuações” incomodaram tanto que levaram a direção a tomar tal medida? Sem falar que, até hoje, ninguém conseguiu acabar com a “rádio corredor” assim, na marra.

PROCURA-SE!
Quem diria que uma das pessoas mais difíceis de encontrar, em Santa Catarina, fosse o deputado federal e sócio da Casvig, Djalma Berger (PSB)? Pois os oficiais de justiça tentaram, sem sucesso, por quase três anos, entregar-lhe uma notificação. Levaram um tremendo “baile” e voltaram, todas as vezes, de mãos abanando.

O único jeito e último recurso da Justiça foi acionar o instrumento que se usa para citar pessoas que estão em “local incerto e não sabido”: o edital. No Diário da Justiça do dia 22 de junho está publicada uma “Certidão de Afixação de Edital” onde, finalmente, o juiz considera que o ágil Djalma Berger está, oficialmente, notificado.

Em 2004 foi proposta uma Ação Popular a respeito da contratação da Casvig pelo governo do estado, numa operação que envolvia cerca de R$ 126 milhões. Desde então, foram feitas inúmeras tentativas de encontrar o deputado, que é citado porque é sócio (50% das ações) e era (ou é) diretor da Casvig.

Cada vez que o oficial de justiça chegava num dos endereços da empresa, voltava com a informação que ele “mudou-se”. Quando, finalmente, esgotaram-se todos endereços disponíveis, em 2006 o advogado Gley Sagaz, um dos proponentes da ação, sugeriu que ele fosse localizado na Assembléia Legislativa (era, na época, deputado estadual). A Alesc se situa, em Florianópolis, ao lado, na mesma quadra, do Tribunal e do Fórum. Mas os oficiais de justiça não conseguiram chegar até lá antes do início de 2007.

E este ano, como sabemos todos, o deputado mudou mesmo de endereço: está na Câmara, em Brasília (um foro privilegiado). E não podia ser outra a resposta dos oficiais de justiça: “mudou-se para Brasília”. Aí o juiz perdeu a paciência e mandou citá-lo por edital.

TODOS LÁ?
Na segunda-feira, o governador vai à Casa do Jornalista para mais uma daquelas entrevistas coletivas de depois das viagens. Com internet, telefone celular e comunicação fácil, não consigo imaginar o que ainda falte dizer sobre a viagem que terminou há alguns dias. Deve ser por isso que um número cada vez menor de jornalistas tem ido às tais entrevistas. Ou será que desta vez terá alguma novidade?

CARTA DEMORADA
Ontem, em mais uma melancólica sessão do Senado, ficamos sabendo que a tal reunião da Mesa foi adiada porque, segundo o Presidente do Senado, Renan Calheiros, “é preciso algum tempo para notificar o investigado”.

Quem é o investigado? O senador Renan Calheiros. Um dos senadores disse que isto é completa loucura, porque no momento em que assina o ofício avisando Renan Calheiros da reunião, Renan Calheiros já estará sabendo da reunião. Não tem sentido todos terem que esperar alguns dias, para que Renan receba uma carta que ele mesmo escreveu, assinou e enviou.

EM CAUSA PRÓPRIA
A cientista política Lúcia Hippolito descreveu, no seu blog, o escandaloso caso de esquizofrenia do presidente do Senado tão bem, que roubei na caradura e publico aqui:
“Então, ficamos combinados assim: o senador Renan Calheiros, presidente do Senado, marcou para dia 17, terça-feira, véspera do início oficial do recesso, a reunião da Mesa Diretora do Senado, que vai analisar os pedidos do Conselho de Ética sobre o processo em que é investigado, quem mesmo? O presidente do Senado e presidente da Mesa Diretora, Renan Calheiros.

Não é interessante? Quando falávamos em “legislar em causa própria”, não sabíamos direito do que estávamos falando. Agora sabemos.

E quais são os pedidos do Conselho de Ética? Primeiro, que a Polícia Federal aprofunde a perícia nas notas fiscais e documentos apresentados pelo senador Renan Calheiros a respeito de suas fontes de renda e sua fabulosa atividade pecuária.

Segundo, que o senador Renan Calheiros forneça mais documentos sobre seus negócios na área da pecuária.

É atribuição da Mesa do Senado aprovar e despachar os pedidos que vêm do Conselho de Ética.

Como o senador Renan Calheiros não se afastou da presidência do Senado, a coisa fica assim: Renan Calheiros convoca uma reunião da Mesa para analisar um pedido para que a PF prossiga as investigações sobre as notas fiscais do senador Renan Calheiros.

O senador Renan Calheiros envia ofício ao senador Renan Calheiros para que o réu no processo, senador Renan Calheiros, envie mais documentos a respeito das atividades pecuárias, de quem mesmo? Do senador Renan Calheiros.

Parece brincadeira, mas não é.

É só deboche. Puro e simples.”
GRAZI EM FOCO
O deputado Joares Ponticelli (PP) enviou um pedido de informações, ao governo do estado, sobre aquele episódio que aparece nas fitas da PF, envolvendo o diretor geral da secretaria de Cultura, Turismo e Esporte com o bingo e a demissão da Grazi, secretária do ex-vereador Juarez Silveira.

A REDE ADMINISTRADA
Ontem comentei sobre os controles de acesso à Internet que são impostos aos usuários de redes nas grandes empresas e nos governos. Atentos, os analistas de TI (tecnologia da informação), entraram no debate. Publico trechos do que escreveram dois deles.

O Sílvio Massaro Neto fez um bom resumo do processo todo. E ajuda a gente a entender como funciona:
“Os Administradores de Rede sofrem basicamente com três problemas:

O primeiro é que o acesso a sites pelos usuários da instituição é um dos maiores consumidores do link de Internet. Serviços que não podem parar são colocados em risco pelo excesso de acesso a sites indevidos. Isto praticamente obriga a Administração da Rede a utilizar um software de controle de conteúdo.

O segundo problema é que as empresas não costumam ter uma norma que defina especificamente qual o tipo de conteúdo pode ser acessado. Isto faz com que, mesmo que não queiram, os Administradores de Rede tenham que tomar a posição de tomadores de decisão sobre o que pode e o que não pode.

O terceiro, que eu acho o mais complicado, é que os softwares disponíveis no mercado para este tipo de controle devem passar por uma fase de amadurecimento dentro da instituição. O chamado “falso positivo”, que é o bloqueio de um site “legítimo”, isto é, com conteúdo adequado, ocorre com freqüência no início do uso do software de controle. Isto porque os softwares já vêm com um banco de dados de sites catalogados por categorias (Pornografia, Esportes, Entretenimento, etc.). No que o Administrador da Rede configura o software para bloquear “Sites Pornográficos” e na lista estiver um site legítimo que foi erroneamente catalogado, o mesmo estará bloqueado. Aos poucos os usuários vão reportando os erros e a lista vai sendo corrigida.

Por fim, um processo de conscientização dos usuários é o passo mais importante para evitar constrangimentos e deixar o processo mais tranqüilo.

Quanto aos blogs, tenho certeza de que a correção será feita rapidamente. Concordo com você que muito do que é interessante está neste formato, inclusive esta coluna.”
A REDE LIBERADA
E outro analista, que só assinou como Marcelo, defende sua posição:
“Venho, há anos, brigando por uma liberação completa do acesso à internet na empresa em que trabalho. Não concordo com o termo “sites indevidos”... indevidos pra quem? Quem julga o que é ou não “devido”?

As pessoas passam a maior parte do seu dia na empresa e é – para dizer o mínimo – ingenuidade achar que todo esse tempo estão de cabeça baixa e trabalhando. Há os momentos de descanso e, por que não, de busca de informação e cultura na internet.

Outra “desculpa” famosa e que me deixa profundamente decepcionado é que se a internet for liberada, o funcionário não trabalha mais. Ora, façam-me o favor... se o cidadão não trabalha, seu superior é que deve ser responsabilizado e não a internet. Cobrem resultados e produtividade e não as antigas “horas-bunda”, onde o que importava era o tempo em que o funcionário estava sentado em sua cadeira, mesmo que não estivesse fazendo absolutamente nada. E punam quem não produzir. Bloquear acesso à rede pune indiscriminadamente quem produz e quem nada faz. É burrice.”.

8 comentários:

Carlos Damião disse...

Achei legais os argumentos técnicos expostos pelo leitor Sílvio e reproduzidos aqui. Mas, por outro lado, estou com o Marcelo: não há por que restringir acesso à internet nos locais de trabalho, exceto ao MSN e correlatos, porque são recursos dispersivos, que nos afastam da realidade. Devo dizer, ainda, que recebo e-mails de funcionários públicos inconformados porque não podem ler nossos blogs nos locais de trabalho. [Mas jornais eles podem; podem até assistir aos noticiários televisivos]. O problema, pelo que entendo, é que o governo do Estado não gosta do que os blogs publicam sobre as nossas doutas autoridades, a começar pelo governador LHS. Então, neste caso, a restrição aos blogs é censura. Não há outra palavra para definir. Abraço do Damião.

Anônimo disse...

César, esta atitude do Renan com relação à notificação me fez lembrar da piada do louco que está escrevendo uma carta pra ele mesmo, mas alega que não poderia dizer o que está escrito na carta porque ainda não a recebeu :)) E o pior é que um louco destes está no comando do Senado. Pobre de nós.
Marcelo Santos

Anônimo disse...

Marcelo

Renan Calheiros não é nem um pouco louco, mas sim muito esperto. Os loucos somos nós, por deixá-lo aprontar mais esse deboche.

Anônimo disse...

Oficiais de Justiça. Ah. Oficiais de Justiça !
Entendi.

Anônimo disse...

Anônimo said...

Ora bolas, por que não tem mais jornalistas nas coletivas?
Coletiva com quem? Só exite praticamente uma empresa, no máximo duas com jornais na capital, e outras 4 televisões.
A RBS trabalha como agência, manda um jornalista e um fotógrafo e tem matéria para 3 jornais, duas rádios. A TV nunca cobre estes eventos "oficiais" do governador. Vivemos num monopólio que ninguém quer ver. Todos ainda fingem acreditar em coletivas, em imprensa livre... etc.
Tudo é uma grande piada...

Cesar Valente disse...

Cortei um pedaço do comentário anterior porque, como foi postado anonimamente, poderia alguém, ofendido, responsabilizar-me. E eu já tenho as minhas próprias sarnas. Não preciso sarnas alheias nas minhas coceiras.

Anônimo disse...

Kobold, concordo contigo. De louco, Renan não tem é nada. Foi até uma ofensa aos loucos. Peço, compungido, perdão a eles.
Marcelo Santos
PS: Li que LHS sugeriu Miguel Ximenes para substituir Ariel na secretaria de Comunicação da prefeitura. Era só o que faltava, mesmo. É uma clara sinalização do que essa gente pensa sobre imprensa.

Anônimo disse...

depois de um ex-árbitro de futebol no cargo de assesor de imprensa da Fundação Municipal de Esportes de Florianópolis, tudo é possível na prefeitura