quinta-feira, 26 de julho de 2007

Quinta

PERDÃO, LEITORES
Ontem não teve coluna. Mil perdões a todos os 7 leitores e 22 leitoras que, até onde sei, são assíduos, críticos e fiéis. Verão, nas notas abaixo, o enrosco em que me meti, motivo de ter dado bolo em todo mundo.

NO CHÃO
Como tantas outras famílias, a minha também teve que se virar para resolver os problemas criados pela completa bagunça pré-falimentar do sistema aéreo brasileiro.

Minha filha economizou uma graninha, aproveitou o dólar barato e comprou uma passagem para encontrar seu namorado, um catarinense, estudante de Engenharia Mecânica da UFSC, que faz o estágio de final de curso na Bosch, em Stuttgart, na Alemanha.

Como toda passagem aérea internacional, a dela tinha um trecho doméstico, entre Florianópolis e Guarulhos, que deveria ser honrado pela TAM, empresa parceira da Alitalia.

O que aconteceu? Ora, a TAM simplesmente cancelou o vôo marcado e não ofereceu qualquer opção. Isto, por incrível que pareça, tem sido o dia-a-dia de milhares de passageiros das companhias aéreas brasileiras: o que está escrito nos contratos, que são os bilhetes de transporte aéreo, passa, de uma hora para outra, a não valer mais nada.

Sem avião, com todos os ônibus para São Paulo lotados, ela corria o risco de perder dinheiro (remarcações de última hora geralmente têm multas) e tempo (as férias, ao contrário dos vôos da TAM e da Gol, têm data certa para terminar).

PÉ NA ESTRADA
A solução que o conselho familiar encontrou foi pegar um carro e botar o pé na estrada. Afinal, de Florianópolis a São Paulo são umas sete horas de viagem. Nada extraordinário.

Fizemos uma madrugadinha na terça-feira e, como eu sou o motorista da casa, fiquei encarregado de conduzir a viatura até Guarulhos, sem arremetidas, sem derrapagens e sem atrasos ou cancelamentos.

Para mostrar ao governo e a todos os organismos que bagunçaram a aviação, que a gente gosta de coisas que funcionem direito, fizemos uma viagem completamente pontual. Ela tinha que chegar ao aeroporto às 13h. Pois bem, às 13h estava chegando à fila do check in.

Para nossa tranqüilidade, a Alitalia resolveu fazer sua parte: o avião que tinha partida marcada para 15:05, começou a mover-se em direção à pista exatamente às... 15:05! E ainda chegou em Milão alguns minutos antes da hora prevista (deve ter pego algum vento a favor sobre o Atlântico).

O vôo para a Alemanha saiu, ora vejam só, que coisa estranha, também no momento combinado. E, como estava planejado há alguns meses, ela chegou à cidade onde deveria chegar, no dia e na hora que constam do bilhete. Podem acreditar, isto acontece em várias partes do mundo. Menos aqui, é claro.

CAOS VIÁRIO
A viagem por terra serviu para muitas reflexões sobre a situação em que estamos todos metidos. O mesmo governo (e aí, por favor, lulistas e tucanos, enfiem a carapuça todos os que, nos últimos 50 anos, ocuparam algum cargo de responsabilidade na República) que deixou-nos sem transporte aéreo, faz de tudo para deixar-nos sem transporte rodoviário.

A rodovia Régis Bittencourt é uma espécie de Congonhas terrestre. A estrada, que liga Curitiba a São Paulo, concentra todo o trânsito entre o Sul e o resto do País e vice-versa.

O piso da estrada está, em vários trechos, completamente esburacado. Como estava há dez anos. Como sempre esteve. Os remendos são feitos com açúcar ou rapadura. A chuva os dissolve rapidamente. A serra que se sobe para chegar a São Paulo, continua com pista única, igualmente esburacada. E um volume absurdo de caminhões se espreme naquela estradinha ancrônica. Qualquer evento gera engarrafamentos-monstro. Ontem, um conserto numa das pistas do trecho duplicado, atrasou nossa viagem de regresso em uma hora.

Basta conversar com motoristas de ônibus e caminhão e vocês ouvirão histórias sobre horas e horas de espera, atraso e perigo. Tal e qual como quando se conversa com pilotos sobre Congonhas. E a estrada também tem seus cadáveres: não é chamada de “rodovia da morte” à toa.

ÁREA DE ESCAPE
Congonhas não tem a tal “área de escape”. A rodovia Régis Bittencourt, em vários trechos, também não tem área de escape. Mas Lula, ficamos sabendo agora, tem sua área de escape: com medo do Sul, tratou de arranjar um “tour” por cidades de confiança do Nordeste. A sua área de escape.

7 comentários:

Anônimo disse...

Menos mal que foi "apenas" isto. Até pensei que fosse alguma revolução intestina por conta da festa junina do Diarinho e sua bela caracterização lulista, digo, caipira. Um abraço.

Carlos Damião disse...

Para sorte nossa, foste a São Paulo e, felizmente, voltaste sem arranhões. Porque nossas estradas não estão para brincadeira, não. Você sabe bem disso, porque viaja tanto quanto eu.
Abraços
Damião.

Anônimo disse...

Cesar.

Sou o terceiro leitor assiduo a registrar o ponto hoje. Faltam somente ou outros quatro, porque as vinte e duas leitoras não tem o hábito de escrever.

Sinto comunicar-lhe que não há luz no fim do túnel para a questão aérea e é bem provável que você tenha que retornar a São Paulo para buscar sua filha, no retorno.

Provavelmente você não teve tempo de ouvir o monólogo cômico que foi o "discurso" do molusco ao apresentar o novo Ministro da Defesa.

Disse ele com todas as letras que escolheu o Sr. Jobim porque o mesmo encontrava-se em casa sem fazer nada. Ou seja, escolheu um amigo que precisava de uma "boquinha", ao invés de escolher uma pessoa com conhecimentos técnicos e com perfil gerencial.

Deus nos proteja.

Anônimo disse...

Cesar,

Tu sabes que os leitores da coluna, alias a melhor do Estado, são bem mais que sete.

O importante é que os assuntos aqui debatidos/lançados ganham a repercussão necessária para que quem tome as providencias necessárias.

Eu sei por exemplo que o Içuriti começa seu dia lendo - lendo não, que ele não sabe, tomando conhecimento dos assuntos da tua coluna.

Abs e continua mandando ver neste espaço.

Pedro de Souza

Anônimo disse...

Caro Cesar,
está perdoado... rsss...
Abraço.
Geff Sbruzzi

Bion disse...

Ave Cesar!
Creio que sou o oitavo leitor de tua coluna!
Não basta ser pai! Tem que participar!
A propósito: se tiveres revisor para teus posts vale a pena usar o corretor ortográfico: "estradinha ancrônica" ou anacrônica?
Um abraço!

Cesar Valente disse...

Ave. Tinha um revizor, mas ele foi despedido na última contenssão de gastos.