quarta-feira, 4 de julho de 2007

Quarta

Os dois vereadores cassados ontem são funcionários graduados do governo estadual. Na foto acima (de arquivo), à direita, está um deles, o ex-presidente da Câmara e atual presidente da Santur, Marcílio Ávila, diante de seus chefes, o governador LHS e o secretário de Turismo, Esporte e Cultura, Gilmar Knaesel. O outro cassado, vereador Juarez Silveira, ex-líder do governo municipal, é diretor da Codesc. Como o governador solidarizou-se desde o primeiro momento com os acusados na operação Moeda Verde, é provável que mantenha os dois nos cargos.
(Nota da redação: a maquete da guilhotina é meramente ilustrativa. A Câmara de Vereadores não a utiliza no processo de cassação. Como sempre, se clicar sobre a foto, abre-se uma ampliação.)

CAIRAM DOIS. SÓ?
Ponham-se no lugar dos vereadores de Florianópolis. Vésperas do ano eleitoral, cai-lhes no colo a oportunidade de fazer justiça com as próprias mãos e, quem sabe, fazer uma rápida faxina para que nada mude. Que tal entregar os anéis, para não ficar sem os dedos? Ninguém tinha a menor dúvida do desfecho dessa novela.

Parecia evidente que os dois vereadores, pegos com a boca no telefone grampeado, seriam sacrificados. Os demais vereadores, agora, podem achar que têm um trunfo nas mãos. E, de certa forma, têm mesmo. Afinal, enquanto seus colegas senadores emporcalham-se e debocham, eles tomaram uma decisão rápida. Não tentaram protelar ou enrolar. Nesse sentido, não acabou em pizza.

Alguns até poderão usar, nas suas campanhas de reeleição, ano que vem, o fato de terem ajudado a “limpar” a Câmara de Vereadores. Resta saber, contudo, se haverá, de fato, limpeza.

TUDO COMO DANTES
Mesmo se a gente considerar a metralhadora giratória que o vereador cassado Juarez Silveira acionou na tribuna ontem como um desesperado esforço de defesa, vale a advertência de que há coisas que, por enquanto, foram apenas varridas para debaixo do tapete.

O princípio básico da corrupção é criar dificuldade para vender facilidade. Pois bem, todas as dificuldades criadas anteriormente, continuam intactas, nos diversos órgãos da prefeitura. Talvez tenha ocorrido uma ou outra medida isolada, mas não se conhece, nem da parte do prefeito, nem da parte da Câmara de Vereadores, nenhum esforço, programa ou medida saneadora de largo espectro.

A rigor, tudo o que acontecia no ano passado nos corredores e desvãos municipais, pode ocorrer agora. Se não precisamente hoje, mas amanhã ou depois. E embora os dois grandes empreendimentos (para cuja conclusão seus incorporadores estavam dispostos a fazer esforços extraordinários) estejam prontos, há outros em andamento ou sendo preparados. Dentro das mesmas dificuldades.

E ninguém acredita que, de todos os vereadores, apenas dois tenham se empenhado em ajudar amigos a ultrapassar as barreiras da burocracia municipal. E também nem começaram a mexer no vespeiro das alterações do Plano Diretor e outros ninhos de mafagafos, de onde não se tem idéia quantos mafagafinhos sairão. Ignora-se mesmo se alguém tem interesse em desmafagafizar os recônditos parlamentares.

Vamos considerar as duas cassações como um gesto de boa vontade. Entregaram-nos duas cabeças, para que a gente se acalme e os deixe trabalhar. Só que o serviço não terminou. Ainda falta muita faxina. Peguem seus baldes e esfregões e mãos à obra.

E O LULA RI
Os brasileiros não conseguem sair do País quando desejam. Não se consegue, num país continental, ir de avião a lugar nenhum. Há uma constrangedora demonstração de incompetência federal, mas isso não é problema do presidente da República.

No Senado desenrola-se uma ópera bufa, um escárnio, uma pouca vergonha generalizada. Uns chafurdam na lama, literalmente cagando e andando e outros, que o Ricardo Noblat chama de “senadores de punhos de renda” fazem uma oposição pífia, discursos cheios de salamaleques que, ao final, “sugerem” a saída do presidente daquela casa de tolerância. Do outro lado da praça, Lula ri. Não é problema dele.

Parece que o Brasil que ele vê através das lentes cor-de-rosa de seus óculos de leitura, expresso nos relatórios ufanistas que lhe preparam, não é aquele em que vivemos.

E os brasileiros vão se acostumando com a pouca vergonha. Cordatos, acomodados, conformados. “Fazer o quê, né? a gente gosta dele...”

SENHOR EMBAIXADOR
Na Assembléia Legislativa de Santa Catarina, ontem, o deputado Piriquito, cumprindo seu papel de defender LHS, afirmou que, “as notícias publicadas pela imprensa catarinense”, mostram LHS como “um estadista, um embaixador”.

Não sei que jornais o Piriquito anda lendo. Não são os mesmos que eu leio. Aliás, mesmo em jornais que habitualmente não criticam LHS, faz algum tempo que não tenho visto elogios. Talvez porque as coisas, no estado, andem meio paradas... talvez só estejam esperando o LHS voltar.

Bom, mas desde que comecei esta coluna, em agosto de 2005, sempre tive essa dúvida: o que LHS faz, nas viagens, ou na maior parte delas, não deveria ser função de embaixadas e consulados? Porque não tem cabimento um governador ter que sair daqui para visitar empresários e distribuir revistinhas (que custaram os olhos da cara) sobre Santa Catarina. Mas, segundo o Piriquito, parece que é isso mesmo: LHS cansou de ser governador e agora só quer ser embaixador.

4 comentários:

Anônimo disse...

Seja em que cargo for, o Estado não pode sustentar dois vereadores corruptos, cassados por seus colegas por falta de decoro.
Seria uma afronta à sociedade mantê-los nos cargos.
O Governador quer crie vergonha na cara e demita-os hoje mesmo, nem que seja por telefone.
Ou o Marcílio vai ficar viajando pelo exterior com diárias públicas rindo de tudo?

Anônimo disse...

Vão punir só os vereadores corruptos? E os empresários corruptores?
A RBS deixou de falar neles, por que? Marcondes, Druck, Toniollo... todos envolvidos na Operação MOeda Verde continuam por aí... com seus milhões corrompendo outros.
Por que a RBS só fala de Shoppings e não de Il Campanário. Costão e DVA?

Anônimo disse...

Anonimo aí de cima,

A RBS nao vai falar do Costão, DVA e outros por que eles primam pela condição de empresários e não de jornalistas.

O Grupo RBS não tem compromisso pela notícia e muito menos com a verdade. Seu compromisso é com o dinheiro, fundamentalmente com o do DIDIM do Governo.

Abs

Pedro de Souza

Anônimo disse...

Meus caros, alguns noticiários da RBS TV são patrocinados pelo Il Campanário. Simples assim.

Quanto ao governador criar vergonha na cara, já desisti de esperar. Marcílio e Juarez provavelmente vão continuar com seus altos salários. Se LHS tem a coragem de manter na Codesc, como presidente, uma figura como Içuriti Pereira, vocês acham que ele fará alguma força para que Juarez Silveira deixe a diretoria pela qual recebe R$ 7 mil?
O Marcílio também vai se fazer de morto e continuar onde está. E o governador vai alegar que eles ainda não foram condenados em definitivo pela Justiça, etc, etc, bla-bla-bla e coisa e tal.
Marcelo Santos