EXCLUSIVO
Lembram que ontem falei aqui que a presidente do Conselho Regional de Serviço Social em Santa Catarina, Valéria Carvalho, acusou publicamente o Gerente de Proteção Social Básica da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Social, Trabalho e Renda, Ivo Hadich, de ser um ilustre fantasma?
Pois ontem fui conversar com o chefe do fantasma, o secretário Cézar Cim (PDT), para perguntar, afinal que história é essa. E ele contou que o Ivo não aparece mesmo, só que é uma espécie de fantasma camarada e trabalhador.
INCLUSÃO DIGITAL MÓVEL
O Secretário admitiu que o Ivo não está onde deveria estar. Na verdade, desde que foi nomeado, o Ivo sumiu porque está cuidando do ônibus da inclusão digital. Antes que alguém mais malicioso fique imaginando coisas: é um ônibus com computadores dentro, usado para dar aulinhas de informática nas bases eleitorais dos secretários.
Foi criado em 2004 pelo Godinho e circulou em Lages e arredores. Quando entrou o Cézar Cim, o ônibus desceu para o Vale e tem circulado em Guabiruba, Indaial, Ilhota e agora está em Blumenau.
E o sumido Ivo é o sujeito que o secretário designou para coordenar essa importante ação de capacitação.
“ELE É MAIS ÚTIL LÁ”
Cézar Cim me explicou o seguinte: “os recursos para capacitação vêm do Governo Federal, são destinados conforme IDH e outros índices e Blumenau acabou ficando de fora”.
Blumenau, vocês sabem, é a base eleitoral do secretário. Então qual foi a saída que ele arranjou? “Falei com o governador, que entendeu a situação e destinou recursos do Fundo Social para que a gente pudesse fazer a capacitação também em Blumenau. Estamos com um programa que atende cerca de 2 mil pessoas e o Ivo é que está coordenando. Aquele é um trabalho muito mais importante e ele está sendo muito mais útil lá”.
Aí eu perguntei: por que não extingüir a gerência, se o que tem pra ser feito aqui é tão sem importância?
“Não, não”, disse o Secretário, “agora no final de fevereiro ele volta, porque começa a ter convênios para assinar. Enquanto não chegarem os convênios, não tem nada para fazer aqui, mas depois ele volta”.
“ATENDIMENTO ÀS BASES”
Segundo o Cézar Cim, “o único problema foi que o Ivo esqueceu de comunicar ao pessoal do setor o que ele estava fazendo”.
Mas não é assim tão simples. Primeiro porque, embora muita gente não reconheça, essa atividade de identificar áreas carentes de ajuda, reforço, treinamento ou apoio, é função técnica, executada com base científica.
Os servidores de carreira da Secretaria, alguns com mestrado e doutorado, que têm essa qualificação técnica, não foram nem comunicados, segundo reconhece o próprio Secretário, quanto mais consultados. Portanto o tal “programa” do ônibus tem todo o jeito de ser apenas o que aparenta: “atendimento às bases” com o dinheiro do contribuinte. E do Fundo Social.
DIÁRIAS FANTASMAS
O Secretário Cézar Cim me disse, até com uma ponta de orgulho na voz, que o desaparecido Ivo “nem está recebendo diárias, porque ele mora em Blumenau, então não tem custo para a Secretaria”. Aí eu, que não entendo muito disso, de morar lá e trabalhar cá, perguntei se então, quando ele vier trabalhar em Florianópolis vai ganhar alguma ajuda para o deslocamento? O Secretário garantiu que não, nesse caso também não ganharia diárias.
Aí eu já não entendi mais nada: se ele não ganha diária lá porque mora lá e não ganha diária aqui, que raios de diárias são aquelas que estão publicadas no Diário Oficial, no nome do Ivo oculto? Vai ver aqueles relatórios de diárias que estão lá também são entes etéreos e sobrenaturais.
TODO MUNDO FAZ...
Não vamos ser injustos com o gentil Secretário (meu xará, tirante o acento e o z, que no telefone me chamou de “Cesinha”): ele não é o primeiro, não é o único e não será o último a utilizar cargos comissionados do órgão que dirige para dar uma forcinha no seu projeto político pessoal.
O antecessor dele, Sérgio Godinho, tem histórias tão ou mais cabeludas, na sua passagem por essa Secretaria.
Só que dói saber que o pessoal efetivo que trabalha lá, muitos dos quais bem qualificados, ganha, se muito, a metade que o Ivo, tem que cumprir horário e remar o dobro, porque as chefias estão em “missões especiais”.
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TELHADOS DE VIDRO
Ontem, na Sessão da Assembléia Legislativa, os petistas, com o deputado Paulo Eccel à frente, levantaram a questão da lista de Furnas (aquela que ninguém sabe, ninguém viu, mas cicula de mão em mão faz tempo), que incrimina montes de pefelistas e tucanos.
Claro que estavam cheios de dedos e de ironia, esperando que algum adversário viesse bater boca. Mudei de canal: essa brincadeira do “teu partido roubou mais que o meu” e do “teu partido roubou primeiro”, já encheu.
VIRA O DISCO, Ô!
Já cansei – e acho que muita gente de bom senso também – dessa história de que a única defesa é o ataque.
O PT parece não acreditar que consiga lavar sua honra mostrando-nos sua face decente e honesta. Precisa, para isso, provar aquilo que a gente já sabe faz tempo: que existia corrupção no Brasil desde o descobrimento. Quer porque quer mostrar que estamos mesmo mergulhados na lama. Ninguém se salva. Nem eles, que foram, por bastante tempo, a minha última esperança de renovação da prática política.
E todos (PT, PSDB, PFL, PMDB e os nanicos) se equivalem quando fazem, nas internas, esse jogo abjeto do “não te investigo se tu não me investiga, não te casso se tu não me cassa” e publicamente defendem, todos, “a mais profunda e completa investigação”.
Saco!
UM BAR NO AR
O pessoal na Internet deitou e rolou em cima da notícia, divulgada ontem pelo Estadão, que na última revisão o AeroLula ganhou um bar na área privativa. Ao custo de apenas R$ 300 mil foi feita a mudança no projeto, para per mitir maior conforto para o Presidente e seus convidados.
À tarde, o ministro do desenvolvimento, Luiz Furlan, direto da Árgélia, tentava apagar o incêndio: “Lula está há 40 dias sem beber álcool, só toma refrigerante e até emagreceu 12 quilos”. Esse Lula gosta de arranjar sarna pra se coçar, não?
SÓ NA HORIZONTAL
Agora só falta promulgar: caiu a verticalização. A Câmara aprovou ontem, em segundo turno, a mudança da regra que obrigava fazer, nos estados, as mesmas coligações feitas na campanha presidencial.
Mas a OAB ameaça ir para o tapetão, porque acredita que não pode valer pra esta eleição uma mudança assim, tão em cima da hora.
Enquanto isso, os conchavos, acertos e alianças continuam em banho maria, mas está cada vez mais difícil manter a coisa em pé.
FESTA NO TRIBUNAL
Os desembargadores do Tribunal de Justiça de Santa Catarina ganharam, ontem, dos deputados, um presentão de ano novo: depois de muita discussão foi aprovada a criação de 58 novos cargos comissionados, com salário médio de R$ 5,2 mil cada um.
Isso significa que suas excelências podem contratar, sem concurso e sem burocracia, 58 novos auxiliares de confiança (40 oficiais de gabinete e 18 secretários jurídicos). Que, por sua vez, também ficarão bem felizes, porque o salário não é de se jogar fora.
3 comentários:
Belo site o dos brinquedos, Cesar! Vamos sugerir à professora do Miguel que faça uma visita.
Muito boa a matéria!
FESTA NO TRIBUNAL: Não duvido que os desembargadores necessitem, realmente, de mais auxiliares. Mas por que comissionados? A necessidade deve ser antiga. Então por que não abriram concurso público para suprir esses cargos? Parece que está todo mundo querendo se aproveitar das eleições que vêm aí para lucrar alguns dividendos. Um abraço.
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