[Aviso aos navegantes: devido ao Carnaval e seus eflúvios, tanto o Diarinho quanto esta coluna só voltam ao ar no dia 2 de março, quinta-feira
(afinal, ninguém é de ferro). Evoé Momo! Skindô, skindô!
Bom descanso ou boa folia pra vocês também.]
(afinal, ninguém é de ferro). Evoé Momo! Skindô, skindô!
Bom descanso ou boa folia pra vocês também.]
O deputado Afrânio Boppré (PSOL) recebeu esta semana as explicações do governo estadual sobre o aluguel da nova sede da Secretaria de Estado da Cultura, Turismo e Esporte, do Gilmar Knaesel (PSDB). Eles saíram de um imóvel alugado, no centro (no Ceisa Center), e foram para outro imóvel alugado, na SC 401, perto do Centro Administrativo. Exatamente no shopping Village Decor.
Nós, os contribuintes, pagávamos antes R$ 20 mil por mês, agora estamos pagando R$ 41 mil, dentro do estranho programa de contenção de gastos do governo LHS. Mas, é claro, a área dobrou e agora os servidores graduados têm garagem para seus automóveis e os bagrinhos têm estacionamento mais fácil (o ônibus complicou, mas isso é outra história).
Ainda não sei o resultado do exame que a assessoria do Boppré fará na papelada, mas eu, aqui do alto da minha ignorância, quando vejo justificativas de dispensa de licitação, fico sempre intrigado com algumas coisas.
Por exemplo: é preciso definir se o aluguel está no valor de mercado. No dossiê todo não há um único laudo que diga se o valor que o pessoal do shopping está pedindo é razoável.
Os próprios consultores jurídicos da SOL (a inacreditável sigla da secretaria do Knaesel) dizem que o valor de mercado está estabelecido pelos três orçamentos recebidos e pelo fato do metro quadrado no Ceisa custar R$ 15,70 e,na proposta “vencedora”, R$ 14,44.
Quem nos garante, a nós que estamos pagando esse conforto todo, que não houve acerto de preço? Tipo assim: “olha faz um pouquinho mais barato que o do Ceisa, afinal, a gente vai ocupar 2,8 mil metros quadrados”.
Os otimistas dirão que, se houver qualquer problema, o Boppré ou o Tribunal de Contas pegarão e os responsáveis serão punidos. Então tá. Afinal, é Carnaval e tudo é só alegria.
A FARRA DO CATARINA
Começa agora depois do Carnaval a Farra do Catarina, aquela época em que ONGs de todo tipo se acham no direito de nos ofender a todos, tratando todos os catarinenses como bandidos. A pretexto de defender os animais, fazem uma campanha violenta e equivocada contra todo o estado. Como se todos nós farreássemos com o boi. Como se, mesmo entre os farristas, todo mundo maltratasse o animal.
Antidemocráticas e prepotentes, essas vozes que todos os anos malham o pau nos catarinenses não aceitam contestação, não admitem dialogar e massacram, tal e qual as piores polícias e gangues, quem ousa discordar.
Na Internet, blogs catarinenses que ingenuamente pretenderam discutir o assunto e encontrar uma forma de resolver o problema sem ter que matar (como é a proposta de muita gente) todos os farristas, foram invadidos por uma avalanche de ofensas e ameaças, como se essas ONGs que defendem os animais tivessem ódio de seres humanos e de sermos humanos.
Tenho a impressão que também sou meio contra a farra do boi (ou pelo menos contra o jeito como alguns malucos brincam), mas não posso dizer isso em público, porque não quero que me confundam com esse esquadrão de linchamento dos catarinenses que aparece toda quaresma.
Acho que em todo lugar onde tem exagero, onde tem violência, a gente deve meter o bedelho e tentar encontrar uma forma mais civilizada de fazer as coisas. Não pode é entrar batendo às cegas e em todo mundo, distribuindo ódio a granel e depois dizer que quer o bem das comunidades e que faz isso por amor. Hipócritas.
E já que estamos quase na quaresma: sepulcros caiados, por fora enfeitados, coloridos e com nomes estrangeiros e por dentro podridão, fedor e morte.
UFSC MANTÉM LAGE
Depois da atitude do Diário Catarinense (RBS), que demitiu o funcionário que foi acusado de embriaguez pela PM-SC, havia grande expectativa sobre a atitude da UFSC, que também teve um funcionário acusado de embriaguez pela PM-SC.
Mas o Reitor Lúcio Botelho não decepcionou e agiu à altura das suas responsabilidades: não só se solidarizou com Lage, colocando-se, e à Universidade, à disposição para ajudá-lo no que for necessário, como encaminhou ofício ao Secretário da (in)Segurança pedindo providências e dizendo-se indignado com as marcas que o professor apresenta no corpo. (Para entender a história é só rolar a tela e ver os posts dos dias anteriores)
RESPEITO É BOM
Uma coisa me incomoda quando vejo tanta gente saindo em defesa de uma ou outra vítima de violência e maus tratos: todos os dias gente anônima sofre as mesmas coisas e não tem quem levante a voz para dizer que houve exagero. Neste mesmo DIARINHO, de vez em quando, aparecem casos de pessoas injustamente acusadas ou presas, que informam que apanharam da polícia, mostram marcas, queixam-se do tratamento. Bater primeiro e perguntar depois é, parece, uma rotina. Que enquanto não for alterada nos mantém no século XIX, na vanguarda do atraso.
TERCEIRIZADAS NA FOLIA
O colunista Luís Nassif levantou, dia desses, uma questão fundamental para entender muita coisa no Brasil de hoje. Lembram que antigamente as vilãs das acusações de corrupção eram as empreiteiras? Pois depois da Lei Camata (que pretendia criar limites nos gastos com pessoal), começaram a florescer as empresas de terceirização de mão de obra.
Segundo ele, em cada administração existem terceirizadas que dominam as licitações. Em Brasília tem a Confederal, do ex-ministro da Comunicações e deputado federal Eunício de Oliveira. Em São Paulo a Tejofran (14 mil terceirizados) e a Gocil (8 mil).
“Mesmo sendo um setor altamente rentável, não aparecem concorrentes para disputar espaço e derrubar preços”, diz Nassif, que chegou ao assunto depois do depoimento do Dimas Toledo, aquele de Furnas, cuja tericeirizada, a Bauruense (2 mil funcionários) faturou R$ 800 milhões em três anos.
PAU PRA TODA OBRA
Aqui em Santa Catarina, como nos demais estados, cada governo que entra faz as contratações que precisa por intermédio das terceirizadas. Utilizam-se das vagas das empresas que prestam serviço como se fossem do próprio governo. A “seleção” do pessoal (ou pelo menos de boa parte) é feita nos gabinetes dos secretários ou dos assessores políticos.
Em alguns órgãos públicos até o atendimento ao público e muitas atividades próprias de servidores acabam sendo feitos por empregados de empresas terceirizadas.
Há uma clara troca de favores que deturpa o sentido da Lei Camata e a torna inócua. E tal como as empreiteiras no passado, acabam tendo tantos pontos obscuros de contato e negociação com os governos (municipal, estadual e federal), que é compreensível que estejam sempre sob suspeita.
O AVAÍ DEVE DESCULPAS AO MEDAGLIA!
Conforme prometi, encherei o saco do Avaí toda semana, porque a diretoria, numa demonstração de ignorância, prepotência e imbecilidade, proibiu um dos mais antigos jornalistas esportivos em atuação em Santa Catarina, o Mário Medaglia, de entrar na Ressacada. Alegam que ele precisa justificar, com 48 horas de antecedência, por escrito, o que vai fazer lá no campo.O que um jornalista esportivo que tem programa na TV vai fazer no campo? Brincar? Jogar beijinho pra torcida? Ora, ora, façam-me o favor!
Agora só falta o Avaí chamar a PM para ver se o Medaglia bebeu.
[Nota do Editor: escrevi "cartão vermelho" num cartão que aqui aparece evidente e claramente vermelho, porque no jornal a coluna é impressa em preto e branco e eu não queria que restasse a menor dúvida sobre o tipo de cartão que o Avaí está levando enquanto não se desculpar com o Medaglia.]
9 comentários:
Interessante e merecedor de altos estudos nesse caso do Prof Lage, é o professor ter sido obrigado a se submeter ao teste do bafometro para verificar se estava dirigindo alcoolizado enquanto estava parado no acostamento (parece que por duas horas). Se estava dirigindo na estrada enquanto estava parado no acostamento então é um fato rarissimo e acho que o primeiro na história do universo. Ou será que a lei mudou e agora já não é permitido estar alcoolizado dentro de carro parado? Afinal, tudo muda tão rápido ultimamente que acho que deve ser por aí. Então que se avise e se publique essa nova lei ainda desconhecida pela maioria dos brasileiros.
E também merece estudos o caso do fotógrafo sumetido ao bafômetro porque estava fotografando. Resta saber a partir de que volume de álcool no sangue não é mais permitido operar o obturador de uma câmera (digital ou convencional).
oops: submetido
Sobre a farra do boi
Como qualquer tipo de organização, há boas e maus ONGs. Porém, acho que os maus exemplos não vem das organizações em si, mas de algumas das pessoas que participam delas, geralmente minorias que cagam com o trabalho e dedicação da maioria. Existem ONGs que fazem trabalhos brilhantes. Não se pode colocar todas no mesmo saco e falar sobre elas de forma generalizada.
Acho importante os trabalhos para conscientizar a população sobre a violência embutida na farra do boi. Perseguir, assustar o bicho e machucá-lo é uma brincadeira de muito mau gosto. Me lembra aquelas situações de escola quando o mais feinho, pobre, gordinho ou desajeitado era perseguido ou hostilizado pelo restante da turma.
Farra do boi é violência disfarçada de tradição e cultura. Como Catarinense, não quero isso pra mim. Tô fora!
Rafael
Não entendi a comparação: O boi também é um ser humano, como diria o Magri?
Quanto as ongs e aos ongueiros seria bom se soubessemos quem os financia e quanto recebe(a diretoria da ong , a diretoria) para ongar.
em sua opiniao (pau pra toda obra) nao deve ser esquecido a participacao das empresas de propaganda, pois todo governador tem seu publicitario predileto que leva todas, com o silencio conivente da imprensa.
Anônimo,
Minha comparação é meio óbvia e diz respeito à relação de dominação e coação entre quem está em situação de superioridade com quem está em situação inferior.
Pela sua pergunta (o boi é um ser humano?) interpreto que vc tenha entendido a relação mas não a aceita. Não aceita que um animal seja vítima de violência por ele não ser humano.
Afinal, quando perseguidos e atacados os animais não sentem nada, não se desesperam, não correm, não fogem, não esperneiam, não berram, não choram... quando machucados não espirram sangue. É tudo brincadeirinha, não é mesmo?
Discriminar quem pode ou não ter o direito de ser vítima de violência é impor uma relação de dominação que está enraizada no antropocentrismo da idade média, quando se achava que o homem era o centro do universo.
Engraçado que ao invés de usar sua racionalidade para promover a harmonia do planeta o homem faz o contrário. É o vírus mais devastador e letal, por onde passa deixa sua marca de destruição.
Cesar, é mesmo de arrepiar tanto abuso - e por toda parte. Não sei o que de verdade acontece, se é uma grande "conspiração" :c? para nos levar à loucura total, mas não consigo atinar o por quê de tanto desmando e impunidade, juro!
Outro dia assisti um cara de uma dessas ongs de dereitosumanos, cheio de pose, falando sobre o nada e defendendo o indefensável e me senti tão aviltada que deu vontade de fazer que nem avestruz, simplesmente mandar o mundo à M e enfiar a cabeça na terra.
Como não sei fazer isso, fico indignada mesmo, sentimento que vc. tão bem traduz em seus textos, mas faço o que posso em relação ao que está ao meu alcance. É o jeito de ainda manter alguma sanidade.
Um beijão
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