sexta-feira, 16 de setembro de 2005

SEXTA

PEDRO SIMON É O CARA!
O senador Pedro Simon é uma espécie de unanimidade: todos acham que ele é um orador imbatível, um homem de bem, um político íntegro. No Rio Grande do Sul, onde foi governador, há divergências sobre o Pedro Simon administrador. Parece que não é bem a praia dele. Mas não faz mal.

Quem viveu a ditadura não esquece os discursos emocionantes de Simon, nos poucos horários políticos concedidos para que tivéssemos uma ilusão de democracia. Eram duros, claros, apaixonados na medida da necessária razão.

Simon tem muitos serviços prestados ao País e é normal que tanta gente queira ouvi-lo, principalmente agora, em que alguns dos valores de que Simon é feito, andam tão escassos.

Ontem, os florianopolitanos tiveram o prazer de ouvi-lo dizer que viveu em Florianópolis, onde estudou Direito na década de 50, que considera 1953 como “o melhor ano da minha vida”. Elogiou o espírito afável e generoso com que a cidade o recebeu, naquela época. E além disso falou todas aquelas outras coisas que a gente até já sabia, mas que ele diz com maior propriedade, autoridade e contundência.

A Assembléia Legislativa, à noite, viveu um de seus momentos históricos. Lotada com políticos e não políticos de todos os partidos, demonstrava, mais uma vez, a força e prestígio desse tribuno combativo e competente.

De Esperidião Amin aos peemedebistas, estavam todos lá. Ouvindo-o contar a história da crise e clamar por uma mudança política que é urgente, mas encontra, nas estruturas viciadas e nos políticos carcomidos, grandes obstáculos.

Esse Simon é o bicho!

DEBATE INTESTINO
O PT está em campanha. No domingo, dia 18, tem eleições diretas para renovar diretórios no municípios, nos estados e no País. Tal como fazia em outros tempos, o PT continua alertando para o perigo de práticas ilegais, como “o transporte de eleitores e o uso da máquina partidária”. Só que desta vez o objeto da denúncia não é o PP nem o PFL ou qualquer outro partido, é o próprio PT.

A esquerda do PT está fazendo campanha contra o Campo Majoritário (Ideli, Ana Paula, Carlito, Zé Dirceu, etc.) e teme que essa (ainda?) poderosa estrutura use de todos os recursos para manter o controle do partido. Mas, como se trata do PT, a esquerda não está unida contra o inimigo comum. São vários candidatos, para a primeira rodada eleitoral.

MUDANÇA QUE NADA!
Qualquer que seja o resultado das eleições, o dia 18 será fundamental para a história do PT. Em Santa Catarina o Campo não é, há algum tempo, hegemônico (tanto que há vários deputados estaduais de outras tendências) e portanto a previsão é que a mudança ocorra (pelo menos em alguma medida).

Nesta semana, o deputado Paulo Eccel, líder do PT, ao anunciar da tribuna as eleições de domingo e fazer um chamamento aos militantes, falou em “mudança”.

Pra quê! A deputada Ana Paula apressou-se a retificar o líder, que estaria fazendo campanha em local impróprio, que não tinha nada que falar em votar para mudar.

Claro, o Campo Majoritário quer continuar na direção. Falar em mudança de rumos, de estilo de administração,em qualquer mudança, pode significar propagadanda das outras chapas.

É DURA, A VIDA
Está assim a coisa. Igualzinho às brigas que aconteciam, em outras eleições, entre o PT e os tais “partidos conservadores”.

De certa forma não deixa de ser isso mesmo: trata-se de derrotar a face conservadora (e corrupta?) de um partido que esfacelou o ânimo e as esperanças de seus próprios militantes. E o triste é saber que apesar de tanto esforço e tanto discurso, talvez nada mude.

O pessoal da esquerda, embora defendendo num ou noutro nível candidatos diferentes, muniu-se de todas as reservas de força e coragem para enfrentar mais essa luta. Talvez a mais inesperada, ingrata, triste e desgastante da história de suas vidas políticas.

Até os adversários tradicionais sempre reconheceram, no militante petista, a garra, a consciência política, a voluntária doação à causa. È um patrimônio que todos esperam que faça diferença, no dia 18. Embora também se saiba que o inimigo é forte (e rico!).

O PROGRAMA!
Que o pessoal da Secretaria de Estado da Cultura, Esporte e Turismo lia o Diarinho eu sabia, mas ontem fiquei sabendo que também lê esta coluna: finalmente colocaram, no site (www.sol.sc.gov.br) a programação dos eventos culturais que animam a Ilha por esses dias. Cá entre nós, é uma tabela em word meia boca, mas estão lá os locais e os horários. Um progresso, portanto. Muito obrigado em nome das dezenas de grupos que viajaram milhares de quilômetros para mostrar sua arte numa capital cuja população não foi adequadamente convidada.

Ou vocês acham que aquele comercial de TV horroroso e sem criatividade (pintaram as cores das bandeiras dos países do mercosul no rosto de uma moça) vai animar a população a prestigiar um evento dessa importância?

CALMA, JOÃO MATOS
Pois não é que o secretário da Coordenação e Articulação do governo LHS, João Matos, desarticulou-se e aparentemente sem qualquer coordenação lançou uma nota em nome do PMDB que desagradou a todo mundo?

O presidente da Assembléia, Júlio Garcia, ligou para LHS para se queixar da falta de articulação: afinal, o PFL não merece ser tratado assim. A imprensa reclamou, porque a nota foi entregue apenas a um jornal. Peemedebistas reclamaram, porque não foram consultados e entenderam que a resposta foi desproporcional à provocação.

Só quem gostou mesmo foi o Raimundo Colombo, que viu seu rápido comercial ser melhor promovido em todas as colunas (até nesta aqui!), graças à descoordenada resposta.

Vai ver, é um lance esperto de articulação, com vistas à aliança PMDB-PFL. Faz de conta que é briga, mas no fundo estão coordenados para que um amplifique a voz do outro. Esperto, esse João Matos. Só esqueceu de avisar LHS e a bancada do seu partido, mas tudo bem, não se pode querer tudo, né?

PLEBISCITO DEU ÁGUA
Parece que não sai o tal plebiscito para que a população se manifeste sobre o projeto de gestão dos recursos hídricos que está em debate na Assembléia.

Ontem foi realizado um seminário, que serviu para mais uma vez chamar a atenção para a gravidade do problema da água em Santa Catarina.

Os números são alarmantes: 80% da água disponível no estado está poluída. Sabe lá o que é isso?

E SC, que tem lei sobre isso desde 1994, agora está atrasada, porque não se adaptou à legislação federal de 1997. Como resultado, o estado e os municípios não conseguem exercem qualquer controle sobre o uso da água.

VELHINHO DE MENTIRA
No seminário ficou claro que atribuir valor econômico à água não significa simplesmente privatizar a água. Trata-se de mostrar que é um bem escasso, que vai acabar, que por isso é valioso. Não pode ser utilizado para qualquer coisa por qualquer um.

Claro que sempre tem gente que não quer entender. Uma das oradoras, para falar contra o projeto do governo, disse que ali estava escrito que um pobre agricultor, velhinho, lá do interior, teria que se cadastrar para poder usar a água e que isso é uma violência.

Depois que saiu da tribuna, aplaudida, alguém a chamou num canto para explicar que não, o velhinho não precisava se cadastrar, só as grandes empresas, que usam muita água. Ela riu e continuou andando: o idiota que achava que ela não sabia disso não entende nada de política. O velhinho desamparado era apenas uma figura de retórica. Não tem importância que não seja verdade. Ele foi usado só para dar ao discurso um tom humano e emocional.

O CIDADÃO AMARAL
Roberto Amaral, da rádio Clube de Lages e da Rede TV! Sul é uma das criaturas mais catarinenses que conheço. Tá certo, é mais lageano que catarinense. Mas, por um acidente de percurso, tinha nascido em São Paulo. Anteontem, a Assembléia Legislativa tratou de eliminar qualquer dúvida e rebatizou o Roberto Amaral, dando-lhe o título de Cidadão Catarinense.

A homenagem foi proposta por Francisco Küster (PSDB) e teve o apoio de toda a “bancada lageana”, composta por Antônio Ceron (PFL), Sérgio Godinho (PTB), Küster e Onofre Agostini (PFL). Amaral também ganhou uma placa em reconhecimento ao trabalho realizado no Estado.

Ao agradecer, ele contou a sua história, que é, em grande parte, a história da radiodifusão catarinense, temperada com muita luta.

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