sábado, 24 de março de 2007

Sábado, domingo e segunda

O RETORNO

Desde ontem Santa Catarina tem apenas um governador, novamente. Ao chegar da Europa, dizendo que “abreviou a estada” para chegar a tempo de comemorar o aniversário da capital, LHS volta para a dura realidade, o dia-a-dia estafante da política e da fofoca política.

Segundo a crônica da viagem, feita por quem acompanhou o passeio, o secretário da Comunicação embarcou para a Europa como um técnico e retorna como um candidato a candidato. Pensa em talvez, quem sabe, candidatar-se a deputado. Deve ser para testar sua capacidade de comunicação com as massas e seu carisma no trato com o público. Talentos que, até agora, ele manteve ocultos sob um jeitão de executivo sem aspiração a mandatos eletivos.

E os bombeiros do PMDB tentam apagar o fogo que o Dejadir Dalpasquale ateou na beira da estrada. O fósforo do Dejandir, em todo caso, parece ser daqueles pequenos, que não causam muito dano. Dizer que teve gente no governo que enriqueceu mas não dizer-lhes os nomes, nem explicar os casos, é a mesma coisa que dizer, como disse Lula uma vez, que no Congresso “tem 300 picaretas”. Logo logo fica o dito pelo não dito. E a turma vai poder a tirar seus carrões da garagem de novo.

Na Assembléia a Reforma vai indo. O líder João Henrique Blasi, com o treino adquirido nas reformas anteriores e sua experiência em lidar com os ventos que sopram no parlamento, não se aperta.

O prefeito da capital está mais calmo desde que soube que a Casvig não seria escorraçada dos contratos do governo ou o governo parou de bulir com a Casvig porque o prefeito está mais calmo?

Ah, aposto que o LHS já estava sentindo falta desses dilemas da política. Viajar, conhecer novos amigos, dar e receber presentes, visitar países estrangeiros, tudo isso é muito bom, ainda mais quando alguém paga a conta, mas não há nada como voltar para o seu próprio palácio residencial.

O ESCÂNDALO DAS OUTRAS LETRAS
O Tribunal de Contas do Estado considerou furadas as justificativas apresentadas pelo ex-presidente da Santur, Jorge Meira, para gastar, de 2003 a 2006, quase R$ 5 milhões sem licitação com a Editora Letras Brasileiras Ltda., que produz o material turístico que o estado utiliza.

A Santur comprou, dessa Editora, sem licitação e sem burocracia, revistas e material turístico promocional. Era a fornecedora única e exclusiva da Santur. Um negócio da China. A explicação do Meira, que o TCE não engoliu: “os materiais adquiridos podem ser considerados exclusivos, ou seja, sem similares (sic) no mercado, em face de suas características, como alta especialização em turismo catarinense, com versões em vários idiomas”. A Santur, segundo o ex-diretor, “não possui nenhuma outra opção de compra de produtos que atendam suas necessidades de divulgação”.

Só por causa do processo de 2003 (quando a despesa com as Letras foi de R$ 568 mil), o TCE já tascou quatro multinhas no Jorge Meira. As multas somam apenas R$ 12 mil. E é claro que isto não é nada perto do meio milhão recebido.

Mas o conselheiro Moacir Bertoli disse que um levantamento preliminar mostra que a mesma prática de 2003 ocorreu nos anos seguintes, até 2006. Ou seja, a coisa ainda vai render.

Além de não fazer licitação, a Santur não comprovou que os preços acertados estavam de acordo com os padrões do mercado editorial.

AOS AMIGOS, TUDO
A Letras Brasileiras é do Werner Zotz. Não se questiona a qualidade do material produzido ali. Nem os talentos do Zotz, que foi apresentado, num evento de literatura da UFSC, desta forma:
“espírito multifacetado, versátil, inquieto e aventureiro, além de escritor, Werner Zotz é professor, jornalista, publicitário, fotógrafo e editor. Com igual naturalidade é capaz de vestir terno e gravata para enfrentar rodadas de negócios em São Paulo e Brasília, passar semanas viajando em solitário, ou ainda aventurar-se pelos sertões brasileiros”.
O problema está na forma como o governo resolveu “adotar” o material da Letras Brasileiras, remunerando-o com nosso dinheiro, sem cumprir os requisitos legais. O sol, como se sabe, nasce para todos, e a sombra para quem sabe o caminho da dispensa de licitação.

Werner Zotz foi um dos secretários do governo Pedro Ivo. E de lá pra cá notabilizou-se como editor de revistas (como a Mares do Sul) e autor de livros infanto-juvenis (um dos maiores do País, segundo o jornal Voz da Unidade).

CASSINO SC
Três procuradores da República que atuam em SC acham que o decreto do LHS liberando os caça-níqueis vai contra a decisão do Supremo Tribunal Federal. O Ministério Público Federal pretende derrubar na Justiça o ato do governo.

Do outro lado, a Procuradoria Geral do Estado e a Codesc fazem de tudo para encontrar uma forma de transformar Santa Catarina num estado de jogo liberado. Uma espécie de Las Vegas sem o CSI.

Não sei vocês, mas eu tenho muita curiosidade sobre os motivos que levam o governo a investir tanto tempo e dinheiro públicos na defesa dessa causa. Causa, aliás, que nos outros países é defendida pela iniciativa privada que pretende beneficiar-se com a eventual legalização do jogo.

E na busca desesperada de uma saída, lutando contra a legislação federal, o governo acaba se expondo, nos tribunais superiores, a situações constrangedoras. Sem qualquer necessidade, a meu ver. Porque se alguém quer fazer lobby pelos cassinos, que faça. Mas não com o meu dinheiro.

BEATOS BRASILEIROS
Três beatos brasileiros estão na fila para serem canonizados, dizem os jornais. Acho que a conta está errada. Basta olhar em qualquer fila, do INSS, das emergências, das repartições públicas em geral, para ver que o número de beatos, de quase santos, é enorme.

Só um santo para agüentar o que a maioria dos brasileiros agüenta. Só santos aturam tanta coisa com tamanha placidez. Temo que nem Gandhi, com sua desarmada paciência, teria tanta calma. Alguém tem que dizer a Sua Santidade que a lista de beatos brasileiros é enorme. Mas que não se preocupe, porque eles estão acostumados a esperar na fila, sem fazer arruaça.

NADA É IMPOSSÍVEL
Depois da Nair Belo sair de um coma de três meses, só falta o Maneca Dias virar Ministro da Previdência.

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5 comentários:

Anônimo disse...

A Letras Brasileiras (antiga Mares do Sul - que desapareceu deixando dívidas de centenas milhares de reais em várias gráficas) é o caso típico da empresa privada que cresce financiada pelo dinheiro público. Além disso, existem no estado no mínimo uma dezena de empresas capazes de realizar o mesmo serviço, basicamente arte-gráfica, edição e tradução. Dizer que só a Letras tem capacidade de realizar essa produção é um acinte ao mercado. O argumento de que só essa Editora apresenta o material já pronto é furado, pois só ela, financiada ao milhões, é que pode fazer isso num ciclo vicioso que ninguém consegue entrar. Outro agravante é que assim com eu, várias outras empresas estiveram na Santur apresentando seus portifólios e competências para realizar esse serviço, o que leva a crer que há fortes laços de amizade e de favorecimento entre os senhores Meira e Zotz (aliás, para desgosto do Secr. Knaesel, que acha o Zotz um cara pedante e arrogante). Outro detalhe que deve ser investigado é a gráfica utilizada (de São José), que não tem preço competitivo mas que entrou guela abaixo da Editora. Vou ficar anônimo pois não tenho milhões para aguentar alguma ação desleal no mercado.

Anônimo disse...

Eh por essas e outras que a CPI da moralidade esta cabendo muito bem. Sao escandalos em cima de escandalos.

O Djandir tem deixado claro por onde tem passado que o foco das suas criticas eh o Presidente de uma Estatal cujo ele nao tem se furtado em dizer o nome.


Pedro de Souza

Anônimo disse...

Quanto a jogatina em SC, talvez isso tenha ligação com o que o Dr.Dejandir falou a respeito de um dirigente de estatal que enriqueceu neste governo. Quem libera o jogo em SC ? É a CODESC?. Tambem pode ser retribuição do governo em troca da ajuda recebida da jogatina na campanha do ano passado. Da-lhe Ministério Público neles

Anônimo disse...

E já que é pra falar de concentração de verba do governo catarinense, que tal dar uma investigada no setor de produção de vídeo? A produtora DPM é a Letras Brasileiras da Secretaria de Comunicação, ou ninguém sabe disso? As agências de propaganda que dividem (não em partes iguais, é evidente)a conta do governo estadual são pautadas para trabalhar pesado com a produtora de Joinville. Pautadas é pra ser delicado. Na verdade, se orçam com outras produtoras um trabalho, levam um baita puxão de orelha lá do Centro Administrativo.
Se antes da era LHS ninguém ouvia falar da DPM, agora menos ainda. A direção da produtora adota uma postura bem discreta no mercado, não quer dar na vista, nem faz questão de aparecer. Mas vale fazer uma comparação entre os mandatos do governador e o crescimento da produtora. Por outro lado, também basta verificar a situação dos demais players catarinenses nesse segmento, literlamente de pires na mão, pra desconfiar dessa hegemonia da toda poderosa DPM, ou da sua toda poderosa diretora... Vamos ignorar os boatos e segredos de alcova que justificariam essa "preferência" do governador pela produtora de Joiville. Mas não vamos esquecer de uma coisa: o esquema de fornecedores no setor de comunicação não foi, sequer, disfarçado como pretendia o secretário ao licitar a conta publicitária e entregar alguns pedacinhos dela para outras agências de publicidade catarinenses, além da titular. Aliás, por que não licitaram também o fornecimento de serviços de produção audiovisual? Porque nem essa divisão da conta publicitária é pra valer. Isso é um jeito de não parecer igual a todos os governos anteriores em SC. Quem trabalha na campanha, vira o fornecedor oficial por quatro anos. E em quatro anos, nascem novos ricos empresários de comunicação e propaganda. O pessoal é esforçado, trabalha pesado pra enriquecer no mandato, torce pra reeleição. Se emplacar, tá dez. Se não, lá vem falência. Essa troca de gentilezas toda é com o nosso dinheiro. Brincadeira, né?

Anônimo disse...

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