terça-feira, 20 de março de 2007

Terça

A SEMANA DE FLORIANÓPOLIS
No final desta semana (dia 23) será aniversário da capital. Por isto, todos os dias vou falar um pouquinho desta nossa capital, ou pelo menos daquela capital que ainda guardo no meu coração. Que está cada dia mais distante da cidade que a gente encontra ao sair na rua. Mais ou menos como se, a cada dia, outro Miramar real fosse substituído, como na foto acima (Praça Fernando Machado), por um arremedo, uma maquete. E os grandes ilhéus, como o Zininho e a Neide Mariarrosa (da ilustração abaixo), não fossem mais do que retratos na parede.


LIGAÇÕES PERIGOSAS
A presidente da Associação catarinense das Emissoras de Rádio e Televisão (Acaert), Marise Westphal Hartke, fez alguns comentários, que transcrevo abaixo, sobre a opinião que emiti aqui, no final de semana, a respeito do atrelamento de veículos ao governo.

Antes de passar a palavra para a presidente, queria dizer mais algumas coisinhas, até para que o leitor entenda melhor minha posição.

A Acaert e a Associação dos Diários do Interior (ADI), assim como outras entidades que reúnem veículos de comunicação são, em si, importantes e úteis para o fortalecimento do setor. O que tem me incomodado, de uns anos para cá, é uma certa mistura – negada em público – meio subterrânea, entre o interesse social da entidade e o interesse político do governo.

O interesse social é defender as melhores condições, mais favoráveis, para o bom funcionamento do mercado e dos associados. O interesse do governo é ter o que eles chamam de uma “imprensa favorável”. Ambos interesses são lícitos, dentro de certos limites.

O governo do LHS faz publicidade de maneira sistemática e organizada, usando as entidades como parceiras. E deixando radiodifusores e donos de jornais muito satisfeitos. Há, na fórmula do esquema montado no governo LHS, algum ingrediente que deixa todos muito felizes. Quando uma liminar judicial, obtida pelo PP, fez com que a publicidade oficial fosse suspensa, o mau humor aflorou imediatamente em todas as regiões. O PP foi pressionado a retirar a ação. E em todo canto ouviam-se lamentos e imprecações.

Algum tempo depois restabeleceu-se o fluxo e todos voltaram a sorrir e a achar a vida linda. Esta relação visível entre o bem estar de alguns empresários (vamos admitir exceções, mesmo porque o estado é grande e plural) e as verbas oficiais, é um dos fundamentos da minha suspeita, manifestada no comentário, sobre o envolvimento de uns com os outros.

Outros fundamentos incluem o surgimento de dezenas de jornais diários em mercados onde não ocorreu nenhuma alteração econômica que pudesse justificar o surgimento de um jornal. Se um município cresce, sua economia se torna mais dinâmica e aumenta o dinheiro em circulação, então pode ser que possa sustentar mais um veículo de comunicação. Há, a meu ver, uma necessária (e sadia) correlação.

Mas se o único fato econômico relevante e novo a justificar a criação do jornal é a distribuição de verbas de publicidade oficiais, então não podemos fazer outra coisa além de suspeitar que o jornal esteja atrelado, preso, atado, àquela fonte de recursos que engendrou sua criação e que o mantém.

Claro, há empresários que não vêem mal em aproveitar uma oportunidade como esta. Se está chovendo dinheiro, só um tolo deixaria de colocar panelas, baldes e alguidares na rua, para ver o que consegue recolher. Esta visão pragmática, contudo, nos autoriza a suspeitar que em determinado momento, em nome da viabilidade econômica do negócio, pragmaticamente, algo mais que apenas o espaço publicitário entre na negociação.

E aí, é claro, o resultado concreto é uma ampla “imprensa favorável”.

MALAS E VIAJANTES
“Prezado César Valente,

Sobre sua nota com o título “Malas e viajantes”, a ACAERT – Associação Catarinense de Emissoras de Rádio e Televisão – tem o seguinte a comentar:

– A jornalista Adriana Baldissarelli está acompanhando o roteiro do governador pela Europa através da CNR/SC – Central de Notícias Regionais, que produz material jornalístico para os jornais da ADI/SC e emissoras de rádio da ACAERT.

– A exemplo de outras viagens governamentais e missões empresariais, todas as despesas da jornalista estão sendo custeadas pelas duas entidades e não por recursos governamentais.

– Em nome de suas associadas, a ACAERT refuta qualquer vinculação editorial com o Governo do Estado, já que a entidade não tem dúvidas sobre os serviços jornalísticos prestados, com ética e responsabilidade, pelas suas emissoras.

– Ressaltamos que as emissoras de rádio associadas utilizam o material produzido pela CNR/SC a seu critério, portanto, os departamentos de jornalismo têm liberdade de escolha.”

Marise Westphal Hartke
Presidente da ACAERT
ENDEREÇO DA ADRIANA
Na nota a que a Dona Marise se refere, eu dei o endereço da coluna da Adriana na internet com um pequeno erro. Repito o endereço, agora correto, para quem tiver interesse em ler o que ela conta da viagem do LHS à Europa: www.centralcomunicacao.com.br (aqui no blog já fiz a correção na própria nota do final de semana).

AN CAPITAL EM PAZ

Um dos colegas que trabalha no AN Capital (o suplemento de A Notícia que circula em Florianópolis) pediu, no blog do Carlos Damião, que a gente esqueça deles por uns tempos, que pare de falar que vai fechar e especular sobre a data em que vai fechar.

É compreensível a apreensão. A RBS se prepara para ajustar os produtos do seu mais novo jornal (A Notícia) aos seus projetos. Nem os paralelepípedos da Crispim Mira acreditam que a RBS vá manter o AN Capital, que concorre com dois de seus jornais. Ou continuar com a sucursal do AN separada fisicamente dos demais jornais.

Falou-se numa data (15 de março), mas parece que não tem data fixa. É possível que deixem o suplemento ir apagando as luzes devagarinho, para desaparecer sem alarde. A última coisa que a RBS quer é fazer qualquer marola relacionada com a sua aquisição do A Notícia, que já é, de per si, uma operação suficientemente delicada.

SACO DE GATOS

Depois que a gente acompanha a formação de um secretariado num governo estadual e de um ministério no governo federal, aprende que aquela idéia equivocada, que um líder procura cercar-se de auxiliares competentes, é apenas isto. Uma idéia equivocada.

Secretarias e ministérios são moedas de troca. Não se discute, nem se cogita disso, planos, metas, projetos. Discute-se acobertamentos, cumplicidades, silêncios, apoios e dotes. Como na montagem de uma quadrilha.

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