sábado, 26 de maio de 2007

Sábado, domingo e segunda

ESCUTA SÓ!
“Tou preso por causa
daquelas porras
dos vinhos do Içuriti*!”


Para sua leitura de final de semana, publico aqui a transcrição de alguns trechos das escutas feitas pela Polícia Federal com autorização judicial e distribuídas sem autorização judicial. A seleção foi feita entre as escutas gravadas de 8 a 21 de novembro de 2006. Nesse período, o vereador Juarez Silveira, na época líder do governo e diretor da Codesc, foi preso preso por contrabando, ao chegar do Uruguai com uma camionete cheia de bebidas importadas. E escolhi uma questão principal: como é que o funcionário da Codesc, Juarez Silveira, vai justificar que não só não estava trabalhando naqueles dias, como também se ausentou do país sem autorização oficial? Os outros trechinhos são só para contextualizar e dar o clima da coisa.

* O Içuriti é o Içuriti Pereira: presidente da Codesc e tesoureiro do PMDB-SC

A ATA FAJUTA

Dia 10/11/2006, às 11:44, Otto Entres Filho, Diretor Administrativo da Codesc, liga para Cláudio (chefe de gabinete do Juarez) perguntando se ele está em contato com o vereador, que está “preso” na clínica SOS Cárdio.

Otto Entres Filho: É o seguinte, tem que dizer pro Juarez, que ele pediu uma licença agora lá na Codesc por causa do período eleitoral, pra não complicar mais a vida dele, entendesse? Porque a princípio ele teria que estar trabalhando, entendesse?

Cláudio: Fazer como, de qual maneira?

Otto: Nós fazemos uma ata, lá, que ele pediu licença de 30 dias pro período eleitoral, entendesse? do dia 16 de outubro a 14 de novembro. Aí se perguntarem ele diz, não, não, eu pedi licença por causa da eleição, pedi licença do dia 16 de outubro ao dia 14 de novembro na Codesc.

Cláudio: Tá.

Otto: Entendesse? porque não pode tirar férias porque não tem um ano na companhia ainda, entendesse? Então eu falei isso com o Içuriti, que tinha me telefonado, a maneira que eu vi é essa, porque não tem outra, entendesse?

Cláudio:

Otto: Então, se ele for perguntado pelo serviço dele, pra não complicar a vida dele, ele diz que tirou uma licença na Codesc de 16 de outubro a 14 de novembro.

Cláudio: eu vou dar um jeito de pedir pra ele ligar pro senhor.

Otto: Tá bom, querido, obrigado... Cláudio, na hora que tu falar, que tu ligar pra ele, o telefone dele deve estar grampeado. Tá, querido?

Cláudio: Já entendi. Pode deixar comigo.
Às 21:11, Juarez recebe a notícia, por meio de seu advogado Achilles, de que a fiança fora fixada em R$ 14 mil. Achilles alerta Juarez de que deve ser paga em dinheiro. Juarez diz que vai tentar arrumar.

Às 21:17, Juarez liga para Paulo Cesar Maciel da Silva (um dos donos do Shopping Iguatemi, que meses depois também seria detido na operação Moeda Verde).
Juarez: tudo bem? eu tô preso, tá? por causa daquelas porras dos vinhos do Içuriti ali, tá?

Paulo Cesar: Puta merda!

Juarez: é o seguinte, o juiz determinou agora, pelo Dr, Achilles e ele liberou e agora preciso arrumar 14 mil reais vivos pra me tirar da prisão... da prisão, não, do SOS Cárdio, que eu tou. E pra mim sair eu tenho que levar em dinheiro vivo, da fiança. Tu não tens aí vivo pra emprestar pro Içuriti, ou o Renato pra emprestar?

Paulo Cesar: vamos ter que correr atrás.

Juarez: dá uma olhadinha pra mim, porra? eu preciso em meia hora, senão eu vou ficar aqui, cara.

Paulo Cesar: eu corro atrás.

Juarez: pelo amor de Deus, me ajuda com isso.

Paulo Cesar: te ligo de volta em 20 minutos.
A coisa vai longe, mas se vocês ficaram preocupados, eu conto o final: o Juarez conseguiu o dinheiro da fiança e talvez até com sobras, porque ele recebeu envelopes de dinheiro não só do bondoso Paulo Cesar Santa-Fé/Iguatemi, como também do Luiz Henrique Dias Figueiredo (sócio majoritário da Assessoria para Projetos Especiais Ltda., que tem entre seus principais clientes o Departamento Estadual de Infra-estrutura de Santa Catarina, Deinfra, e a Prefeitura Municipal de Florianópolis).

ATÉ SERIA CÔMICO...
Se não fosse extremamente trágico. O que se depreende das conversas que os personagens dessa farsa tiveram ao telefone (mesmo desconfiando que poderiam estar sendo gravados), é que está nessa falta generalizada de ética e respeito à lei, a origem daquela sensação de desânimo, misturada com nojo, que tem assaltado os brasileiros de vez em quando.

Ontem mesmo começou a circular a revista Veja, acusando o presidente do Senado, Renan Calheiros, de manter um relacionamento pra lá de imoral com uma empreiteira. Na mesma revista, o colunista Diogo Mainardi conta, como se não tivesse a menor dúvida, que outra empreiteira pagou uma cirurgia e outras coisas para filhos do presidente Lula. Amigos generosos que servem tanto para pagar fianças, quanto para emprestar algum, desinteressadamente..

CULPA DA IMPRENSA
O presidente Lula disse ontem que não disse o que a gente tinha entendido anteontem que ele tivesse dito.

Ao mesmo tempo que diz que não quer nem vai reduzir o empenho e o ânimo da Polícia Federal, comenta que tem que ver se não teve algum excesso.

Mas, quanto à pirotecnia o porta-voz assegura que Lula estava se referindo à última CPI, que fez muito carnaval e pouca investigação. Então tá.

A CASA DOS BERGER
O Ministério Público Federal, pra não perder o embalo, ajuizou uma Ação Civil Pública contra o Dilmo Berger (irmão do Dário e do Djalma, não tem?), a mulher dele, a Floram, o município de Florianópolis e a União, por causa da construção de uma casinha modesta, de pouco mais de 1.500 m2, em Coqueiros, entre as praias da Saudade e do Meio.

Tal e qual um trator, a vivenda teria causado danos ambientais. O mais interessante é que a pendenga começou em 2005, provocada por uma representação da senadora Ideli Salvatti (PT) e do ex-deputado Mauro Passos, do mesmo partido.

Segundo apurou a procuradora Analúcia Hartmann, os Berger usaram máquinas e explosivos em terreno de marinha e em área de preservação permanente, que são bens da União. Causaram também danos à vegetação.

O Plano Diretor da cidade que é dirigida por um destacado membro da família Berger, proíbe boa parte das coisas que foram feitas ali.

Mas apesar de todas as irregularidades, a Fundação do Meio Ambiente (Floram), autorizou o pedido pra explodir pedras e outras agressões e, naturalmente a Secretaria de Urbanismo deu o alvará de construção.

Deve ser por isso que o LHS quer que o controle ambiental fique nas mãos dos municípios. Para que os prefeitos e suas famílias, a exemplo dos empresários bem relacionados, possam fazer do jeito que acham que deve ser feito.

Neste caso específico os Berger não tiveram qualquer problema também com o Patrimônio da União, que abriu a porteira para que todas as outras “autorizações” acontecessem.

Esta ação deverá ser reunida com outra, proposta pelo réu desta, o Dilmo Berger, onde ele, injustiçado e choroso, pede que seja anulado o embargo do Ibama e os autos de infração que até agora essa gente ruim aplicou no modesto e discreto lar dos Berger.

11 comentários:

Anônimo disse...

Lula, quando não está perdido, se perde. Ele está raciocinando como Chávez em relação à RCTV. Ah, se ele pudesse! Abração.

Anônimo disse...

Cesar
Que merdalhada na Codesc.
O Içuriti (Presidente) chefiando a quadrilha que contrabandeia bebidas e defendendo a jogatina. O Otto (Diretor) falsificando atas para ajudar um criminoso. O Juarez (Diretor) servindo de mula no contrabando e depois atolado neste mar de crimes. Aí, ligando estes fatos com os temas de seus últimos blogs, pergunto o que estará fazendo a mulher do Moacir Menezes (lobista) que também trabalha na Codesc.
Já viu? parece cesto de siri. Puxa-se um e vem o resto. Estão todos interligados.
Coitados de nós. Até quando?

Anônimo disse...

Cesar
Corrigindo o comentário acima.
Acho que o Içuriti não é o chefe da quadrilha.
Se toda a diretoria da Codesc está "associada para o crime" e ainda assim são mantidos em seus cargos, deve haver um chefe mais acima deste módulo da organização.

Anônimo disse...

Também acho que a ordem vem de cima. Esse governo que ataca a Polícia Federal defende bingos, bicheiros, contraventores e outros "bichos".

Anônimo disse...

SE EU FOSSE A POLÍCIA FEDERAL GRAMPEAVA TUDO QUE É TELEFONE NO PRIMEIRO PRÉDIO DO CENTRO ADMINISTRATIVO. DEPOIS SERIA SÓ SEPARAR AS CONTRAVENÇÕES POR CATEGORIA...

Bion disse...

Prezado César,
Que mar de lama hein?
Estou lançando uma campanha no meu blog e gostaria de saber se vc irá levantar a bandeira!

Anônimo disse...

Melancólico ver como os políticos do nosso Estado não tem a mínima consideração pelo povo. Eita governo pai d'égua !

Anônimo disse...

Cesar,

Se pegares meus comments desde o ano passado, disse aqui por diversas, que "ha algo de podre no reino da Codesc".

Disse aqui que me causa espanto qdo alguem sempre paga suas contas, as vezes nada pequenas, sempre com dinheiro vivo. Nunca com cartao de credito ou mesmo cheque.

Disse aqui que ao pagar com dinheiro eh um artificio que os corruptos e os traficantes usam. Ah ia esquecendo: esse artificio tambem eh muito usado pelos contrabandistas.

Abs.

Pedro de Souza.


Ps. Big coluna essa de hoje.

Anônimo disse...

Dona Ângela Amin ainda está nos quadros da CODESC ? E o vereador Grillo ? Não foi (ou é) de lá tb ?

Anônimo disse...

Todo mundo sabe mais ou menos que a moralidade do governo LHS não é das mais primorosas. O que não se esperava é que a coisa fosse tão feia. Tá louco, meu !

Anônimo disse...

Meu filho de 21 anos possui um terreno na lagoa em área de preservação limitada e decidiu vender para custear seus estudos em faculdade particular.
Como pode construir em 10% da área requereu viabilidade na prefeitura.
Disseram que não era permitido contruir "nada" pois a rua não é oficial e o Decreto Municipal 1996 ainda exige saneamento(rede de água, luz e esgoto), coisa q ele sozinho não pode fazer, a despeito de pagar os impostos bem caros.
Impetrou mandado de segurança e a justiça negou igualmente. Acontece que o município nunca irá implantar esse saneamento enquanto ele for vivo.
Fui na câmara dos vereadores ninguém me atendeu, ninguém sabia de nada, na prefeitura a mesma coisa.
Agora ele tem um elefante branco, um terreno que só dá despesa, nem vendê-lo é possível.Se fôssemos ricos e influentes certamente conseguiríamos a viabilidade.