sábado, 19 de maio de 2007

Sábado, domingo e segunda

Os shoppings da discórdia
Hoje lembrei-me de dar uma atenção especial aos milhares de leitores da coluna (e do jornal) que não moram em Florianópolis e que talvez não estejam entendendo direito, ou se localizando, em toda essa lama levantada pela operação Moeda Verde, da Polícia Federal.

Na TV apareceram gravações de alguns dos suspeitos. Destacam-se dois vereadores: o ex-presidente da Câmara e atual presidente da Santur, Marcílio Ávila e o ex-líder do governo e ex-diretor da Codesc, Juarez Silveira.

Tal e qual no futebol, cada um dos dois torce (torcia?) para um time. O Juarez é do time da Santa Fé (depois Shopping Santa Mônica e finalmente Shopping Iguatemi, com a entrada dos irmãos Jereissati no negócio). O Marcílio, do time do Floripa Shopping. Embora os dois apareçam, nas gravações, negociando entre si, fica também claro que, na briga dos shoppings, não basta viabilizar o negócio, é preciso criar problemas para o concorrente.

É neste cenário que foram criados obstáculos para um e para outro projeto e facilidades para um e para outro projeto. Os mesmos amigos que resolviam o problema de um time, tratavam de colocar água na cerveja do outro. E vice versa.

POBRES MANGUES
Há poucos ambientes tão importantes para a vida marinha, para a pesca, para a qualidade da água e de toda a fauna, que os mangues. Só gente inculta (e tem muito rico ignorante) acha que não tem problema “ganhar” uma areazinha a mais, aterrando mangues. O desrespeito, neste caso, vem de séculos. Assim como a mata atlântica e demais florestas estão desaparecendo, os manguezais também estão sendo exterminados pela falta de visão humana.

E esses dois shoppings, que têm papéis tão importantes neste escândalo de corrupção, por coincidência (será?) localizam-se bem pertinho dos mangues. Eu até diria dentro dos mangues. Mas não quero me arriscar a alguma imprecisão. Aí, fui buscar, naquela extraordinária ferramenta que é o Google Earth (www.earth.google.com), as fotos acima, de satélite, para ilustrar a localização deles.

Dirão os defensores, de um e de outro empreendimento, que eles não foram os primeiros nem os únicos a se estabelecer naquele naquelas imediações. E é verdade. Desrespeito ao ambiente é uma coisa mais ou menos contagiosa. Depois da porteira arrombada, a turma vai entrando sem muito cerimônia.

Não é à toa que os dois Shoppings foram chamados às falas pelo Ministério Público e tiveram que se submeter a alguns ajustamentos de conduta diante do juiz federal, para poderem funcionar.

E POR FALAR NISSO...
Como diz o filósofo esportivo Miguel Livramento, “uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa”. Os dois shoppings são centros de compra muito agradáveis, aparentemente bem construídos e não fosse a polêmica externa, não se teria queixa...

Quer dizer, exceto pelo fato da Estapar, empresa que administra o estacionamento do Iguatemi, conseguir criar tanto caso com os usuários. O estacionamento é pago. Donde o consumidor tem todo o direito que achar que será tratado com cortesia e respeito. Pura ilusão.

Dia desses aconteceu comigo, mas nem falei aqui, porque podia ser um fato isolado. Mas leio na seção dos leitores da coluna do Paulo Alceu, outras reclamações semelhantes e vejo que o assunto tem relevância.

O “sistema cai” de vez em quando. Como os “porteiros” ficam diante de computadores, quando o “sistema cai”, mal treinados e grosseiros, eles não fazem nada e reagem muito mal quando os motoristas cobram uma solução para o impasse.

Um deles, na entrada do estacionamento do Big (supermercado) chegou a me recomendar que eu desse ré e fosse ao Angeloni, do outro lado da rua. E os maus tratos e as filas demonstram que eles estão pouco se lixando para o consumidor.

Senti-me um idiota, parado ali, sem saber se o “sistema” voltaria, se a fila toda teria que manobrar ou nos deixariam entrar. Só não fui embora porque minha filha me esperava no supermercado. Mas acho que não voltarei lá tão cedo.

BAIXARIA NO NORTE
A insistência de empresários e políticos de Rio Negrinho, no norte do estado, em atacar despropositadamente os promotores Max Zuffo e Nádea Clarice Bissoli, está preocupando o ministério público e demais órgãos do judiciário catarinense.

Na segunda-feira desembarcam na cidade o presidente da Associação Catarinense do Ministério Público (ACMP), Rui Schiefler e um representante da Procuradoria-Geral de Justiça de Santa Catarina. Eles se reunirão com promotores de Justiça da região Norte do estado e do Conselho Consultivo da ACMP, para estudar formas de apoio aos colegas e as medidas judiciais cabíveis.

Segundo a ACMP, “as agressões ao promotor iniciaram em 2006, quando ele começou a realizar inspeções e apreensões de produtos de origem animal impróprios ao consumo”. Depois, meteu a mão em outro grande vespeiro: pediu a cassação do prefeito eleito Alcides Grosskopf (PMDB) por crime eleitoral.

A procuradora Nádea Bissoli, vem sofrendo perseguições por causa de sua atuação no Programa de Combate à Fraude e à Sonegação Fiscal, na Defesa da Moralidade Administrativa e no controle de constitucionalidade de leis e atos normativos municipais.

Audaciosos, confiantes na impunidade e certamente estimulados por suas contas bancárias, os malandros da região acham que vivem na idade da pedra e que estão acima da Lei.

É bom acompanhar o caso, para ver se a população honesta e trabalhadora do Norte conseguirá se impor.

3 comentários:

Anônimo disse...

Pelo mapa que você apresenta o Floripa Shopping não está no mangue, o Iguatemi, sim.

Anônimo disse...

Eu acho que a Policia Federal deveria é investigar a vida desse Colombiano, e nao o Shopping que ele fez. De onde ele veio? De onde vem o dinheiro dele? , pq o cara parece que está sempre cheirado. Investidor aloprado.

Anônimo disse...

Caro colega Cesar,

Gostaria que você fizesse uma matéria sobre a imprensa oficial do governo do Estado. Até porque o senhor trabalhou no Palácio e deve conhecer lá muito bem. Uma reportagem honesta e sincera - como é sempre seu trabalho.

Faço uma comparação com a imprensa do Estado (www.sc.gov.br/webimprensa) e a imprensa do governo federal (www.agenciabrasil.gov.br). Não sou lulista, muito menos petista. Mas sou jornalista e intelectualmente honesto para dizer que a imprensa do governo federal é muito mais independente do que a imprensa do governo do Estado. Na Agência Brasil, eles publicam notícias que contrariam os interesses do governo Lula. Publicam versões de sindicatos, movimentos sociais e empresarias que são diferentes da versão do governo Lula.
Isso não acontece na imprensa do governo do Estado, apesar da qualidade de seus profissionais.