Televisão pública é assunto sério em qualquer país sério. É a forma que a sociedade tem para manter um canal livre das pressões do mercado publicitário. A BBC é pública, por exemplo.
Pois Lula, conforme anotou o repórter Felipe Recondo, do blog do Noblat, soltou, entre outras, as seguintes pérolas, que mostram a visão rasteira que ele tem sobre o assunto:
– A única coisa que gosto (da TV a cabo) é que eu posso ver o futebol europeu. O Brasil não é o país que pratica o melhor futebol do mundo. O Brasil pode produzir o maior número de craques do mundo, que são vendidos para fora, mas aonde se apresentam não é mais no Brasil. (...) A gente poderia passar (futebol europeu) na TV (pública), de graça, afinal de contas esporte também é cultura.O BICHO E A CAIXA
– Eu disse para o papa: o Brasil é um país laico. E nossa televisão será laica.
– Nós vamos fazer a TV pública sem trololó.
– Eu não tenho do que me queixar, porque sou um político bem tratado pela imprensa. Mas eu como cidadão sinto a ausência dos grandes debates de temas importantes para a população brasileira.
– TV custa caro. (...) Não pode parecer aquele programas que o PT fazia em 1982. (...) Tem que ter dinheiro, tem que ter publicidade.
Uma amiga que, há alguns anos, abriu uma lotérica, contou, muito em segredo, na época, que recebeu dentro da própria Caixa a recomendação para que abrigasse um ponto de jogo do bicho.
Espantada, porque não sabia que a coisa estava neste nível, disse que o próprio funcionário com quem tratou da papelada da lotérica “oficial” colocou-a em contato com os contraventores.
Depois, a coisa só aumentou e se sofisticou. Às vezes a portinha do bicho é ao lado, às vezes a área do bicho é maior que a área da lotérica.
Tem gente apostando que vem aí alguma operação policial contra o bicho. E dizem que o fato do Jornal do Almoço da RBS-TV ter feito matéria sobre isso pode ser um indicativo.
Espero que eu esteja errado, mas tenho a impressão que vocês vão mofar com a pomba na balaia. Em Santa Catarina, o procurador-geral do Estado, ex- presidente da regional da OAB, tem como missão, delegada pessoalmente pelo governador, defender até a última instância a legalização do jogo.
Não teria cabimento que, ao mesmo tempo, o governador autorizasse que as polícias Militar e Civil dessem combate a mais essa contravenção. A polícia que se recusa a cumprir ordens judiciais para fechar bingos (em alguns locais), não tomará a iniciativa de mexer com o bicho.
E a Caixa, ora, a Caixa dirá que não sabia de nada e que se souber, cassa a licença da lotérica. E passa o ponto para outra, que seja mais discreta.
A entrevista do prefeito Dário Berger, de Florianópolis, no Jornal do Almoço, da RBS-TV, ontem, foi uma das coisas mais patéticas, esquisitas e assustadoras que eu já vi desde que, na década de 60, deparei-me, na TV, com o olho branco do Dr. Valcourt (Sérgio Cardoso), na novela Preço de uma Vida.
O prefeito, com a ajuda do Cacau Menezes, quis mostrar à cidade que estava triste. Que estava “sem alegria de governar”.
Cáspita! E nós com isso? Ou por acaso quando ele estudou pra ser prefeito não contaram que a coisa é assim mesmo? Em que mundo ele vive?
Reclamou disto, daquilo, da burocracia, dos emperramentos, mil coisas, entende?
Mas que história é essa? Na época que ele foi prefeito de São José não tinha que trabalhar, batalhar, cumprir as leis, navegar pelo emaranhado cipoal da burocracia, que está aí desde que o Brasil foi colonizado pelos reis... da burocracia? Pois então!
A certa altura, ele disse que “o problema da cidade não é o prefeito”. Claro, o problema somos nós, que elegemos prefeitos que ficam tristes, cansados, desiludidos com as dificuldades e que vão para a TV prestar-se a um papel ridículo daqueles.
No final, o entrevistador pediu para o prefeito sorrir. Aí a minha televisão, que ainda tem um pingo de decência no seu transistor, explodiu de vergonha.
CORAGEM, MAMÃES!
Estive esta semana, por acaso, na maternidade Carmela Dutra, em Florianópolis, para visitar amigos que insistem em encher o país de crianças.
Descobri, com alguma surpresa, que aquela história de silêncio no hospital é apenas uma lenda e que ninguém mais acredita nela. No pouco tempo que fiquei por ali, ouvi o sistema de alto-falantes (sim, isso mesmo) berrar várias vezes, a todo volume, como se estivessemos num aeroporto ou rodoviária, “foncionário José, foncionário José, central chamando” ou então “enfermeira Maria, posto três”.
Sem falar nas conversas de corredor, nos carrinhos barulhentos levando produtos de limpeza ou comida e outros ruídos diversos. Coitadas das mamães recém paridas, que nem conseguem fazer uma sesta depois do almoço.
O lado bom da visita foi ter ajudado a refrescar a memória de algumas das dificuldades que as mamães enfrentam. Nada é fácil, mas gestar, parir e criar, numa terra como a nossa, é especialmente complicado.
No dia das mães, quando o comércio, ávido e serelepe, cutuca o sentimento de culpa dos filhos, é bom a gente também lembrar que as melhores coisas, na relação dos filhos com as mães, o dinheiro não compra. E não há dinheiro que pague.
Podem ter certeza que nada substitui o carinho, a atenção, o sincero interesse, por aquela criatura que teve a coragem, o desprendimento e a paciência de ser mãe. Mas, é claro, a maioria das mães é mulher e não é por ser mãe que deixa de ser tão complicada como todas as mulheres. Assim, encham suas mamães de carinho. Mas não esqueçam de levar um presentinho para a mulher que habita nela. Pode ser coisa pouca, uma flor, um mimo simples, mas tem que ter.
E para os homens que ainda não aprenderam a conhecer direito as mulheres (e, por conseqüência, suas mães e as mães de seus filhos), tenho um lembrete importante: as mulheres têm memória prodigiosa. Sabem exatamente há quantos anos tu apareces de mãos abanando. Há quanto tempo não telefonas. Há quantos milhões de minutos não a abraças. E há quantos séculos não a elogias. Por isso, trata de sair do saldo negativo, antes que a coisa azede de vez pro teu lado.
5 comentários:
CARO CESAR.
COMU TU, TAMBÉM ACHEI MUITO ESTRANHO O COMPORTAMENTO DO "NOSSO?" PREFEITO NA ENTREVISTA AO J.A.
VALERIA UMA PESQUISA NAS PROMESSAS FEITAS EM CAMPANHA, AONDE OS CANDIDATOS TEM SOLUÇÃO PARA TUDO E TUDO PODEM, E VÃO, CONSERTAR.
ENTÃO O SR. DARIO NÃO SABIA OS PROBLEMAS QUE IA ENFRENTAR EM FPOLIS? NÃO SE PREPAROU PARA RESOLVÊ-LOS?
O QUE MUDOU NO TRANSPORTE COLETIVO, TEMA QUE ACABOU POR ELEGÊ-LO?
O PIOR É QUE NAS PRÓXIMAS ELEIÇÕES VEREMOS TUDO DE NOVO, E O POVO, EM TROCA DE CARRADAS DE BARRO E TIJOLOS, VAI ELEGER UM NOVO "DARIO".
ANTONIO CARLOS
Cesar,
Esse negócio de poluição sonora no país todo já deveria ter merecido alguma resposta das autoridades tão zelozas quando querem pegar alguma graninha nossa. Numa maternidade então é inconcebível que isso aconteça. Talvez seja um retrato da fase de ignorância e falta de civilidade que está assolando o Brasil.
Não é para tanto Cesar. A matéria do casamento entre lotéricas e bicho voltou para a RBS TV porque o repórter Francis Silva também voltou para a empresa. Foi ele quem fez a primeira matéria há uns anos. Como voltou faz pouco para a RBS desenterrou sua própria pauta.
Caro Cesar, você que é uma pessoa sensata, quem sabe, poderia responder ao meu questionamento: Pergunta que não quer calar. Se o objetivo de LHS é a descentralização, porque fazer a posse dos secretários regionais em Florianópolis? Valeu.
Puxa Cesar, tu não tens como conseguir a transcrição dessa entrevista. Eu assisti e realmente foi cômica, quando o Cacau perguntou o que o povo poderia fazer (em relação a corrupção, etc) o imbecil do Dário fez alusão ao Papa e mandou rezar! Vê se pode! Minha TV também explodiu!
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