quinta-feira, 24 de maio de 2007

Quinta


A CASA DE ANGOLA

A construtora Hantei, de Florianópolis, está se preparando para começar a atuar em Angola com uma subsidiária, a Hantei Internacional.

Na semana passada, o Nelson Moraes (dono da construtora) e seu irmão foram a Angola para tratar de alguns contratos e cuidar da preparação da montagem de um canteiro de obras naquele país africano. Um funcionário da Hantei foi junto e ficou em Angola especificamente com este fim.

Esta viagem foi a terceira que a empresa empreendeu àquele país e teve, contudo, uma coincidência curiosa: manezinho amigo da coluna (daqueles fofoqueiros que conhecem “todo mundo”) estava no aeroporto do Rio e viu, junto com a turma do Nelson, preparando-se para embarcar no vôo para Angola, o Moacir Menezes, um grande amigo do presidente da Codesc, Içuriti Pereira.

E aí a imaginação fértil do mané começou a funcionar: “será que o Içuriti está começando a internacionalizar sua área de atuação? por que a Codesc está interessada nos negócios da Hantei?”

Na Hantei, a informação que obtive é que o Moacir é consultor da empresa e foi para ajudar a examinar os contratos que fazem parte do processo para instalação em Angola.

O Moacir, que alguns dizem que trabalha na Codesc e é assessor do Içuriti, não trabalha lá. E embora seja citado por outros como pessoa do governo, também não trabalha no governo. Ele próprio me disse, ontem, que a ida dele a Angola não teve nada a ver com governo, nem com o amigo.

Quanto à entrada da Hantei em Angola, pedi a uma velha amiga, que é jornalista em Luanda, para me manter informado e, se tiver novidade, eu conto pra vocês.

O SUSSU NÃO ME LÊ?
E já que estava assuntando essa história, perguntei para a Mônica Corrêa, assessora de imprensa da Codesc, quando é que o Içuriti iria explicar, para os contribuintes, o motivo de tanto empenho do governo para legalizar na marra o jogo de azar.

Aí descobri o motivo do Içuriti não ter ainda respondido aos meus apelos: ela não lê a minha coluna e, como conseqüência, não passa para o chefe. Ela nem sabia onde era publicada!

Então foi tudo em vão, vou ter que recomeçar toda a campanha e voltar a falar tudo que já falei do Içuriti (juntando algumas outras coisas, pra não ficar repetitivo), porque a partir de agora ela jurou que vai ler, recortar e entregar para o chefe.

A propósito, a Codesc suspendeu, desde o começo do mês (alguns dias depois da operação Hurricane), os efeitos das Resoluções 1061/07 e 1062/07, que autorizavam a operação de videoloterias em Santa Catarina. Sinal que alguém resolveu colocar o pé no freio, pelo menos até passar o furacão.

ESSE JUAREZ...

O Juarez Silveira, vereador que está com a vida bem enrolada por causa de umas moedinhas verdes que encontraram no bolso dele, foi chamado para depor no inquérito sobre aquelas caixas de bebida que trouxe “informalmente” do Uruguai. Agora, o que deu na cabeça de um sujeito, que estava com a vida arrumada, de ficar servindo de mula, trazendo bebida pros amigos?

“ESBULHO LINGÜÍSTICO
E FILOSÓFICO”


O NOME DA COISA
O Ilton Dellandréa, em seu blog Jus Sperniandi (dellandrea.zip.net), publicou uma argumentação irretocável sobre essa mudança de nome do PFL. Achei o texto tão bem acabado que nem tentei fazer um de minha própria lavra para dizer coisa semelhante. Tratei de fazer como tantos e copiei na caradura. E, abaixo, “dou de graça pra vocês”. Dá-lhe Ilton!
“Acho que estou ficando ranzinza, mais do que esperava para essa época da vida. Não acho correto, por exemplo, que o PFL, agora se chame Democratas... Assim, simplesmente, DEMOCRATAS.

Isto provoca sentimentos dúbios e esquisitos e chego a perceber que a Ditadura Militar nos impôs coisas boas também. No campo eleitoral quase nada, até porque não era muito chegada a eleições. Mas inclusive por aí ordenou uma medida das mais importantes – embora não pareça – que foi a de exigir que todo o partido político tivesse, em sua denominação oficial, exatamente o vocábulo “partido”.

Por isto o MDB passou a ser PMDB e a ARENA passou a ser PDS. PARENA lembraria Eparema, aquele remédio para a digestão, e tudo o que o partido, que foi o maior do Hemisfério Sul segundo um de seus próceres da época, não queria era parecer indigesto, embora fosse.

A anteposição do termo “partido” antes do nome escolhido exigia uma espécie de limitação e impunha, ao menos no aspecto, uma igualdade, ainda que meramente pré-conceitual, entre eles. Se ainda em vigor, evitaria apossamentos indevidos de termos universais que não deveriam ser da posse exclusiva de ninguém, até por respeito à História e à evolução do ser humano como integrante da grande aldeia global.

SOBERBA SEM LIMITES

O PFL se chamar DEMOCRATAS é uma estupidez. Seus partidários se julgam donos exclusivos do nome e querem dar a entender que são os únicos democratas do mundo. Agora, toda vez que eu quiser enganar meus leitores e dizer que sou democrata devo ressalvar: democrata autêntico, nada a ver com aquele partido que já foi pefelê, uma corruptela injustificável de pe-efe-ele. Injustificável, na verdade, não, pois em se tratando de partidos políticos corruptelas e corrupções não são, de maneira alguma, injustificáveis.

A apropriação dos pefelistas de um título universal é indevida. É um esbulho lingüístico e filosófico. Eles não têm o direito ao uso exclusivo do conceito, ainda que todos sejam efetivamente democratas. Estão excluindo dele todos os outros que são democratas e que não integram o partido. Ninguém mais é democrata sem explicações, só os membros do partido chamado DEMOCRATAS.

Isto é de uma empáfia sem precedentes, de uma soberba sem limites, constitui uma evidência megalômana limitadora dos direitos pessoais de todos aqueles que são democratas mas não filiados ao partido e são agora democratas com limitações e reservas. Eles podem bater no peito e berrar: nós somos DEMOCRATAS sem ressalvas! E ainda, para salientar mais ainda sua megalomania, grafam o nome do partido com letras maiúsculas. De preferência, todas...

Não importa que eles sejam autoritários; para todos os efeitos são DEMOCRATAS.

TERMO UNIVERSAL

Mesmo que não se tenham apossado do conteúdo conceitual do vocábulo, se apossaram do signo lingüístico que ele expressa como se tivessem criado uma marca, um logotipo, um identificador exclusivo. Só que o termo é universal, é nosso, é da nossa língua, é de todos, e não poderia ser utilizado da forma que o foi. Não se pode obter a exclusividade de uso daquilo que é de todos, como o direito de ir e vir, o direito ao ar que se respira, enfim, tudo aquilo que é bem da humanidade.


Poderão argumentar que vivemos numa Democracia e que, por isto, foi certo abarcar a totalidade do possível. Não é bem assim. A Democracia não se mede pela esperteza daquele que chegou antes ou teve a idéia por primeiro. É algo muito mais complexo.

Foi mais democrata a Ditadura ao impor que ‘do nome constará obrigatoriamente a palavra partido com os qualificativos, seguidos da sigla’, estabelecendo, assim, uma condição de igualdade entre todos os partidos, do que o PFL ao se apoderar de um conceito, como se a só ele coubesse.”

6 comentários:

Anônimo disse...

Obrigado, Cesar, pela publicação. O alcance de sua coluna propiciará que muito mais gente tome ciência dessa argumentação e tire suas conclusões. Acho isto importante. Abraço.

Anônimo disse...

Oh César, e tu acreditas que a "competente" asponi da Codesc não lê a tua coluna? Tás tolo ? E o Çuçu porque não será chamado a se explicar no inquérito das bebidas? Na fita dá p/ notar que ele financiou e pelo jeito, iria tomar um porre daqueles.......pra bingueiro nenhum botar defeito.

Anônimo disse...

Cesar,

O Sussu nao tem sido visto mais em lugar nenhum. Emporium e o Mercado estao com seu faturamento em baixa por conta do seu desaparecimento.

Alias sobre a relacao do Moacir Menezes e a Codesc, passa pela a esposa do Moacir que eh arquiteta na Estatal.

O Moacir foi Secretario de Turismo e Esporte no primeiro governo do Esperidiao.

Caiu por conta de um escandalo ligado a transacoes na compra e venda de dolares.

As ligacoes grampeadas do Juju estao deixando muita gente sem dormir. O Sussu eh um deles.

Anônimo disse...

é fácil separar os ex-pefelistas dos demais "democratas": basta se referir aos primeiros como "demo".

Anônimo disse...

Parabéns ao Ilton pelo artigo cristalino. Só um democrata para escrevê-lo, pois indignação é ingrediente básico de um verdadeiro democrata. Aliás, esta perrenga de mudança de nome de partido vem sendo feita ao longo dos anos como estratégia dos marqueteiros partidários. Useiro e vezeiro foi o partido derivado da Arena, que virou PP - Partido Progressista. Ou vocês acham que a cacalhada que está no partido do Amin, do Delfim e do Maluf tem um perfil muito prafrentex mesmo. Isso tudo é uma estratégia pega colunista otário. Na correria da redação, o incauto redator acaba tascando "o deputado progressista fulando de tal...". Maquiavelismo do sujeito que bolou esta estratégia de marketing dissimulada. Os espertos sabem a força da palavra impressa ou dita nos microfones e telinhas deste País. Graças a nem sei quem, há jornalistas críticos neste País, que não se deixam usar e tascam-lhe um "o deputado estadual pepista", muito mais justo e afinado com a realidade política do Brasil. Quanto aos democratas, acredito que no ex-pefelê deva existir alguns desta estirpe. No entanto, acredito também que a quantidade não seja suficiente para rotular, legitimamente, a agremiação com este adjetivo. O tempo dirá qual nome vai pegar neste partido, co-irmão do PP gestado também na famigerada Arena, sustentáculo político da ditadura militar neste imenso Brasil. O tempo minimiza as feridas, mas não esconde, por meio de jogos de palavras, a real face das pessoas.

Anônimo disse...

É bom sabermos que todo partido tem os seus Malufs, seus Delubios, Genoinos, Rebelos, Bornhausen, Jader, ACM,FHC etc.., etc. Sobrou alguem? Ah sim, sobraram os falsos moralistas....