terça-feira, 9 de janeiro de 2007

Terça

O ROLO DA CICARELLI
Quem não usa muito a internet talvez nem esteja sabendo do rolo internacional que aquela vedetinha da MTV e ex-ronaldete, a Cicarelli, e seu ex-namorado estão aprontando. Eles estavam namorando numa praia da Espanha. Dando uns amassos, como se diz. Foram pra dentro dágua completar o serviço, achando que ninguém ia ter coragem de filmar (porque ver, todo mundo estava vendo).

Pois um paparazzi gravou tudim e colocou na internet, num site chamado YouTube, que é do Google, aquela mesma empresa que tem o sistema de busca automático.

A Cicarelli e o namorado daquela hora, um filhinho de papai empresário brasileiro, resolveram tentar o impossível: tirar o filme da boca do povo. Entraram com uma ação na justiça brasileira. Claro que não conseguiram tirar o filme do ar (não tem como, a internet é literalmente sem controle).

Mas conseguiram fazer a justiça obrigar provedores brasileiros, como o BR Turbo, a impedir o acesso dos “internautas” do Brasil ao YouTube. É exatamente a mesma coisa que países totalitários, como a China, fazem: impedem habitantes do lugar de navegar por onde alguém acha que não se deve navegar.

Mas é claro que a medida é completamente ineficaz, além de ridícula e com um forte cheiro de censura: qualquer guri consegue configurar um “proxy” no computador de tal maneira que o acesso se dê por outro caminho, “enganando” os censores. Vai parecer que seu computador está no México. Além do que, o vídeo já está em outros sites.

SACANAGEM
E, se a gente pensar bem, tá tudo ao contrário: a vedetinha e o namoradinho foram dar uma trepadinha básica numa praia pública. Poderiam perfeitamente ter ido em cana, porque na maioria dos países, como Espanha e Brasil, sexo em público não é permitido. Como não podem punir o cara que filmou (afinal, ele não invadiu a privacidade de ninguém, era um lugar público), querem punir quem mostra o filme. Como não conseguem (os filmes que estão no YouTube são colocados por qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo, a qualquer momento. Tira um, alguém coloca outro.), querem impedir os brasileiros de acessar o site. Não proíbem só de ver o filme da vedetinha, mas todo o acervo que existia no site.

E por que só os brasileiros? O meu amigo argentino, que está tomando banho de mar em Canasvieiras, quando voltar pra casa, poderá continuar vendo e usando o YouTube. Eu e você não poderemos. O mundo todo pode. Menos eu e você. Sacanagem!

E AGORA?
E pra quem acha que lá só tem filme de sacanagem, o YouTube é uma ferramenta muito útil e interessante. Minha filha, que está na Alemanha, de vez em quando coloca alguns filminhos (a primeira neve, a escola, a casa nova) pra parentada no Brasil poder ver. É rápido, fácil e grátis. Mas agora, graças ao pudor repentino da Cicarelli, temos que achar outra ferramenta pra poder mostrar pra ela a quantas anda o verão catarinense.

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VAMOS APROVEITAR QUE VOCÊS ESTÃO AÍ SEM FAZER NADA
PRA COLOCAR A CULTURA INÚTIL EM DIA?

Aulinhas de verão do Tio Cesar:
GRANDES TEMAS DA POLÍTICA


Nepotismo no parente
dos outros é refresco!

A discussão sobre nepotismo (o favorecimento de parentes no serviço público) é muito antiga. Na verdade começou há séculos, quando se questionava a mania que os papas e bispos tinham de colocar os sobrinhos (“nepot” é sobrinho, em latim) nas melhores posições, na falta de filhos pra empregar.

Depois, alguns mandatários revelaram-se também grandes amigos de seus parentes. Napoleão Bonaparte, por exemplo, em 1803, tinha três irmãos como reis de países ocupados pelo exército... napoleônico.

Há quem diga que é uma espécie de instinto de preservação da espécie, um desvio ancestral que leva o político a imaginar que é uma galinha choca que precisa abrigar, sob suas asas e gorduras, todos os pintinhos pintadinhos com as mesmas pintinhas que as suas.

O fato é que a expressão nepotismo, que originalmente se referia ao favorecimento dos sobrinhos, ganhou sentido muito mais amplo e hoje inclui toda a família.

TEM QUE DAR CERTO
A rigor, o nepotismo só é um problema mais sério quando servidores merecedores e competentes começam a ser passados pra trás por parentes incompetentes, que sobem na vida apenas porque são parentes. Ou, no caso de noivas, esposas e amantes, porque deram certo. Mas, tal e qual jogo do bicho, caça-níqueis e outras contravenções, muita gente faz de conta que não vê.

Há também o problema criado pelo favorecimento puro e simples: o sujeito ou a sujeita não tem qualquer parentesco, mas cai (ou se joga) nas boas graças do chefe. E aí fica aquela situação chata que todo mundo vê e comenta, mas ninguém é bobo de denunciar: sempre que tem uma vaga melhor, uma promoção, lá vai ele.

O governador LHS, que dá a maior força pra filha cantora mas, justiça seja feita, não emprega parente, assinou o decreto 4 dia 3, justamente tratando deste momentoso assunto.

O decreto proíbe o nepotismo nas funções gratificadas (as tais funções “de confiança”) e permite que aqueles que forem pegos com a mão na botija, possam ser punidos com a anulação da contratação.

SEMPRE TEM JEITO
Desde 2003 que LHS manda recados para seus auxiliares sobre o nepotismo. E a turma tinha arranjado um jeitinho pra contornar as acusações. O secretário A, que tem uma esposa competentíssima, falava com o secretário B, que tem um filho que é um espetáculo e faziam uma troca básica: um empregava o parente do outro.

Com isso, ficava difícil até de detectar os casos, quanto mais de chamar os caras às falas. Sempre dava pra responder que “foi o fulano que chamou a Mariquinha pra trabalhar, por causa do currículo dela e eu só fiquei sabendo depois”.

Há sempre alguns casos mais explícitos de fúria empregatícia. Tem deputado que tá sempre ajeitando um lugarzinho para um parente, pra um amigo, pra um considerado. E aí quando o filho vira secretário num município e a mulher diretora numa secretaria estadual, ninguém tem peito de dizer que houve nepotismo: afinal, o deputado não é chefe de nenhum dos dois, nem é servidor do Executivo.

TRADIÇÃO POLÍTICA
Lembro de ter visto uns documentos, na papelada antiga que minha mãe guardava, em que algumas questões relativas a servidores públicos federais, na época do Getúlio, eram tratadas diretamente no PTB. O assunto era administrativo, mas virava coisa política. E os processos só andavam se o padrinho da criatura estivesse de bem com o governador ou o presidente. Senão, nada.

Além de ser coisa antiga, nascida de uma visão distorcida do serviço público (é mais “servir-se do que é público”), o próprio eleitor pressiona vereadores, prefeitos, deputados, governadores e tantos outros políticos e agentes públicos, para arrumar uma vaguinha. Os parentes também devem ficar enchendo o saco do cara: “que vergonha, o Juquinha já colocou a família toda e tu estás aí, todo sem jeito pra me arranjar um empreguinho de nada. E nem vem, porque enquanto eu não tiver um emprego melhor que o da Elizete eu vou ficar com dor de cabeça constante.”

ROUBA MAS FAZ
Nossa democracia, coitada, tão novinha, tão inexperiente, ainda precisa de alguns anos de janela pra corrigir algumas falhas. Aquela bondade ingênua, do pobre eleitor que, conformado e paciente, vota em bandido porque “esse pelo menos faz alguma coisa”, é uma delas.

E a nossa complacência com aqueles que se aproveitam dos cargos públicos, usando o prestígio para empregar a parentada e conseguir bons negócios para as empresas da família, é outro dos problemas que aguardam solução.

A grande dificuldade é que muitos de vocês, se pudessem, fariam igual. Ou vocês não aceitariam o emprego público que o tio, ou primo, ou pai, ou amante, oferecesse? Ou vocês não ficariam enchendo o saco do tio, se ele fosse nomeado secretário disto ou daquilo ou diretor de estatal?

É fácil reclamar quando os parentes são dos outros. Mas é difícil mudar a forma de se relacionar com o dinheiro público e fugir das tentações quando o parente é nosso.

5 comentários:

Anônimo disse...

Cesar,

Esse Deputado cujo o filho foi Secretario Municipal e a mulher Diretora na Secretaria da Educacao, foi o mesmo que salvou o Paulo Afonso do impedimento. Nessa transacao ficou com o Besc por quase um ano, nomeando toda sua Diretoria, alguns como o Diretor de Recursos Humanos, um perfeito idiota, que num Banco privado nao teria vaga nem de atendente.

Anônimo disse...

Alias Cesar, esse Deputado eh um bom exemplo do pessimo nivel da classe politica catarinense.

Anônimo disse...

Sobre a Cicarelli, concordo com a blogueira do G1. Se Cicarelli queria ter direito à privacidade, porque não vai transar num quarto de hotel ou um lugar fechado, como todo mundo? Como ela pode reivindicar privacidade se fez sexo num lugar público? Mulherzinha ridícula! E por causa disso eu não posso ver o You Tube? Ah, vai se catar! Ah, mas já tá todo mundo catando ela, é ou não é? LOL

Anônimo disse...

Realmente é quase impossível acabar com o nepotismo, ainda mais quando o tal do parente tem currículo para área. E aí, como faz? Confiar em quem você não conhece? Pior ainda se for de outro partido, né? Nesse sentido, LHS está bem, pena é o os seus indicados, que continuam fazendo a velha política de Napoleão. Se todo mundo fosse tão articulado quem sabe seria diferente.

Anônimo disse...

e nos orgãos afins, como na casan, mepotismo vale???? os "de luca" que aparecem são parentes???