sexta-feira, 27 de abril de 2007

Sexta

ARMA “NÃO LETAL”
Ontem foi um dos dias em que o governador Pavan parece ter se divertido mais. Foram ele, o secretário da Segurança, secretários regionais, deputados e mais uma pá de gente, assistir à palestra (em português, porque afinal são todos monoglotas) de um policial norte-americano fardado que veio da Flórida pra dar a aulinha.

Ele mostrou um brinquedo que entreteve as crianças por várias horas. Uma pistola que atordoa mas não mata. Arma que, em países onde a tortura não é admitida, é utilizada como auxiliar do trabalho policial, para imobilizar os suspeitos mais violentos.

Num país como o nosso, onde a tortura de presos (principalmente pobres e negros, como relatou o Carco Barcelos) é institucionalizada e em muitos lugares até estimulada por oficiais e autoridades governamentais, aposto que a arma será usada como ferramenta auxiliar na obtenção de confissões. Não por todos, é claro, mas por aquela meia dúzia que dá a má fama a todo o resto.

O nosso entusiasmado secretário da Segurança, que não consegue sossegar na cadeira, já está planejando uma viagem aos Estados Unidos, para aprender tudo sobre segurança e transformar as nossas polícias numa coisa de cinema. Acho que ele deve ir mesmo. A última viagem dele, à Colômbia, teve resultados espantosos.

COMO É QUE É?

Já não tenho o entusiasmo da juventude e sempre que recebo uma convocação para defender o mundo, para salvar a fauna ou para acabar com a fome, primeiro coloco os óculos e, apoiado firmemente nas minhas quatro patas, procuro as entrelinhas.

O deputado Marcos Vieira (PSDB), certamente atendendo solicitação dos Berger e/ou do governo, enfiou na reforma administrativa a autorização para vender a área da Epagri no Itacorubi. Afinal, LHS precisa desesperadamente fazer caixa.

Aí o deputado Cesar Souza Jr. (DEM), aliado do mesmo governo, resolveu mobilizar a comunidade para impedir a venda. Mandou press-release recheado de adjetivos “impactantes”, convidando para audiência pública. E outro texto, distribuído pela internet, também louvando a ínclita liderança do jovem deputado, lança uma lama sobre LHS (que estaria se preparando para despachar de Joinville, abandonando definitivamente Florianópolis).

Cá entre nós, tanto empenho parece coisa da campanha municipal do ano que vem. Ou vocês acham que o jovem deputado resolveu peitar a aliança, contrariar LHS, espalhar lama sobre seus companheiros de base assim, de graça, no mais puro entusiasmo ecológico?

Até seria bom se fosse. Mas, como disse, sou velho demais para acreditar na pureza d’alma do ser humano.

MISTÉRIO ESQUECIDO
Como suspeitava, nenhum dos envolvidos condoeu-se das minhas dúvidas sobre aquele esquema de venda de carros que funcionava (funciona?) na Assembléia Legislativa.

Um leitor, certamente com pena de me ver clamando no deserto, mandou um bilhete, tentando ajudar-me a entender (e adicionando novas dúvidas, afinal os carros eram usados ou zero?):
“Com referência ao mistério da venda de carros zero na ALESC por preços abaixo da tabela, no meu entender funciona assim: o empresário não tem grana viva para colaborar com o “caixinha” – então ele entrega mercadoria. No caso, os autos. Fatura o valor de mercado e paga o “jabá”. Daí, pra fazer dinheiro, o beneficiado precisa vender o carro por um preço abaixo da tabela. Financia e pronto... dim-dim na mão. O foco é fazer caixa. Dizem, e eu não afirmo, que quem indica o comprador ganha “mil reales”.
O mistério continua.

FAÇAM SEUS JOGOS!
Vou continuar também esperando que o boa praça Içuriti Pereira atenda meus apelos e use esta coluna para explicar, ao contribuinte catarinense, por que o governo e a Codesc se empenham com tanto vigor pela liberação dos jogos de azar em Santa Catarina.

Sei que o diretor de Imprensa da Secretaria de Comunicação do Governo, o Ilson Chaves, acompanha todas as colunas e provavelmente deve ter lido meu oferecimento de ontem. Naturalmente ele poderá aconselhar o Içuriti a não desperdiçar a oportunidade.

Não é todo dia que eles têm chance de falar para umas 46 mil pessoas, pelo menos, de graça (isto se cada exemplar do DIARINHO for lido por apenas quatro pessoas, em média, o que é um cálculo muito modesto).

Façam seus jogos: o governo mostrará suas cartas? vai correr da raia ou vai cobrir a aposta?

TRAPALHADAS
Anteontem descobri que, num site da capital, tinha um cara copiando, na caradura, notas daqui e publicando como se fossem dele. Reclamei e, depois de um pedido de desculpas, disseram que iriam corrigir o erro.

Aí, sabe o que aconteceu? Como parece que copia e cola tudo, o cara não sabia mais que nota tinha copiado de onde. E como eu não disse quais notas eram minhas, ele saiu colocando, depois das notas “Crédito: Cesar Valente”, “Crédito: Raul Sartori”, “Crédito: Kibeloco” e assim por diante.

E trocou as bolas. Uma das minhas notas, em que eu falo da bandeira errada que tem na entrada da cidade, foi atribuida ao Raul Sartori. Naturalmente, deve ter várias outras, que não foram creditadas, que foram surrupiadas do Raul e de outros colegas. Um caso sério, esse, de achar que o trabalho intelectual não precisa ser respeitado. Pensam que coisa publicada é de domínio público.

E o pior é que tem tanta gente criativa, bem informada, que está desempregada, enquanto um site que tem anúncios do Badesc, da Celesc, do governo estadual e da prefeitura, agasalha um “cara do bem” (como ele mesmo se qualificou num e-mail que me mandou), que não consegue produzir seu próprio material.

UM GOVERNADOR SÓ
Nem sei se estou correto, mas insisto porque gosto de insistir: é bobagem, frescura, chamar o Pavan de governador “em exercício”. Ele é governador e ponto. O outro entregou, espontaneamente e de papel passado, o cargo para ele. O LHS é que é apenas um governador licenciado, fazendo uma viagem como tal. Não pode assinar nada nem tomar nenhuma decisão. Porque, embora geralmente fique com a caneta sem tinta, o governador é, por enquanto, o Pavan. Não existe isso de dois governadores. Ou existe?

O TAL DO IMPACTO
Quando a legislação fala que, para grandes empreendimentos precisa estudar direito o impacto que causará, o LHS e o Lula acham que é bobagem, que isso só astravanca o pogreçio.

Pois bem, a vizinhaça, próxima e distante do shopping está sentindo os vários impactos. O trânsito vira um inferno, as 300 sinaleiras mais atrapalham que ajudam, o precário sistema viário da capital entope, o esgoto entope, o barulho cresce. Mas se, antes da obra começar, alguém inventar de estudar tudo isso e propor mudanças, é qualificado de atrasado, de partidário da estagnação, caquético.

Menos mal que o Juiz Bodnar está metendo sua Vara Federal naquele angu. Tentando colocar um pouco de ordem na coisa. Claro, o empreendedor tem todo o interesse em remendar a coisa, para não ficar mal com a cidade. Mas, além do shopping, a Comcap, a Prefeitura e a câmara de vereadores também estão causando impactos seríssimos naquela região.

BATINA DE PRATA
Hoje, às 21 horas, no Museu Histórico, Palácio Cruz e Souza (na praça XV, em Fpolis) será lançado do livro “Humanismo e Direitos”, em homenagem aos vinte e cinco anos de vida sacerdotal do Pe. Agenor Brighenti, teólogo e professor universitário muito conhecido e respeitado na capital. A obra foi organizada pela Professora Maria Inês Rocha.

7 comentários:

Anônimo disse...

Cesar.
Sua aposta sobre a questão do jogo não terá efeito, visto que não os sensibiliza, uma vez que não há dim-dim na jogada. Não há caixa dois. Não há chips modificadores de resultados. Você está jogando limpo.

Anônimo disse...

Penso que os agentes de segurança (policiais militares, civis, etc...) de Santa Catarina é que deveriam testar este novo armamento. Políticos entendem (pelo menos na teoria) de política e não de técnica policial.

Abraços.

Anônimo disse...

César,

Olhei essa foto e me lembrei das sacadas de tua coluna. Dá uma olhada na expressão do Pavan.

http://www.clicrbs.com.br/clicnoticias/jsp/default.jsp?tab=00002&newsID=a1486294.htm&subTab=02618&uf=2&local=18&l=&template=2503.dwt§ion=Not%EDcias

Abraço.
Felipe Rosa

Bion disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Bion disse...

Prezado César!
As escaramuças de Santa Catarina estão evidentes aqui no seu blog...
E quanto ao homem que ateou fogo em um supermercado, alguma informação relevante?
Um abraço!

Anônimo disse...

A respeito da nota sobre o impacto, fica claro para quem passa por ali todo santo dia que o projeto do acesso tem falhas. Tem alguma coisa de trapalhada naquele projeto. Se essas trapalhadas também existirem no sistema de aguas e esgotos estamos mal.

Anônimo disse...

Cesar,

Sobre o shopping novo o presidente Moacir Pereira fez rasgados elogios na CBN e na sua coluna. Acho que o elogio do Presidente Moacir Pereira da muita CREDIBILIDADE ao empreendimento, fazendo que as duvidas de trapalhas no sistema de aguas e esgotos nao devem ter acontecido.
Essa trapalhada no transito foi uma FATALIDADE e o Presidente Moacir Pereita tem toda razao nos elogios enfaticos.

Pedro de Souza