Neste sábado, 21, a capital brasileira, construída para ser capital, faz aniversário. E aí, uma coluna chamada “de olho na capital” não poderia deixar de prestar uma singela homenagem a essa cidade que, ainda jovem e impetuosa, é tão mal compreendida.
Já morei três vezes em Brasília e se tiver oportunidade morarei de novo, com muito prazer. A primeira vez foi mais difícil. Claro. Estava fazendo mestrado na UnB (1979/1980, para sermos precisos). Logo descobri que a cidade tem camadas. Quando a gente só vai por uns dias, fica num nível superficial. E aí concordo com todos vocês, é uma cidade sem grandes atrativos. Mas ao morar em Brasília a gente mergulha para os níveis reservados.
Abaixo da superfície, a cidade continua complexa. Tem quem viva lá há décadas e não goste. Tem quem ame de paixão no terceiro mês. Porque descobre o jeitão da cidade que nasceu dentro daquela utopia. Claro que não é nada daquilo que foi planejado. Como aquelas plantas que brotam pelas frestas, abrem rachaduras, infiltram-se por todos os lados, menos pela boca do vaso. Mas é uma cidade inegavelmente charmosa.
Na segunda vez, já em 1985, fiquei pouco mais de um ano. E este tem sido, para mim, o problema principal de Brasília. Não se trata de um projeto de vida “vou comprar uma casinha e morar em Brasília”. É sempre um projeto profissional, uma tarefa, geralmente com tempo para iniciar e acabar.
A última vez, em 2000, novamente um convite profissional. Mais uma vez aceito com alegria. A gente (minha mulher e eu) sempre se deu bem com a cidade, sempre deu sorte para achar bons lugares onde morar e sempre foi muito feliz em Brasília. Quando os ventos profissionais nos levam embora, fica no ar uma tristeza, um ar de namoro rompido e uma sensação de que a gente ainda vai voltar.
Não sinto falta do mar, que é a queixa mais freqüente dos litorâneos que moram lá. Uns tantos, por falar nisso, parecem eternamente insatisfeitos. Falta mar, falta chuva, falta esquina, falta morro, falta tudo. Uma grande injustiça. O horizonte de Brasília, o céu imenso, supre satisfatoriamente a sensação que o mar oceano oferece. Não chover é bom, pelo menos para quem vem de lugares úmidos. Ter hora e data para chover é ótimo. Clima organizado, civilizado. E tem de tudo, em Brasília: cada um que chega de um canto do País ou do mundo traz um pouquinho da sua terra.
Mesmo que a realização tenha saído diferente do projeto, é inegável que Brasília cumpriu pelo menos uma das suas metas: é o centro do Brasil. O Brasil inteiro se encontra lá. Dá pra encontrar gente do Brasil todo em Brasília. Dá pro sulista aprender, finalmente, que os sotaques de Pernambuco, Bahia e Ceará são muito diferentes. E dá pros nordestinos verem que os sotaques de gaúchos, catarinenses e paranaenses são igualmente diferentes. Dá pra comer galeto na brasa como em Gramado e carne de sol como em Natal. E assim por diante.
Nos jornais e nas tevês do resto do País, Brasília é sinônimo do Congresso ou do Executivo. Ônus de capital. Mas nunca é demais lembrar que a maioria daqueles cuja má-fama contamina a imagem da cidade, chegam na terça-feira e vão embora na quinta. São gente de Alagoas, de Santa Catarina, do Rio, do diabo a quatro, eleitos não pelo pessoal que mora em Brasília, mas pela gente desses estados. E, é claro, quando eles pisam na bola, Brasília leva a fama.
E já que estamos falando em Brasília, nada melhor, para ilustrar o lado ruim da cidade, que a foto da semana, a cena espantosa da ida do presidente do PSBD ao regaço de Lula. Não foi conversar com o presidente como um líder oposicionista que se dê ao respeito. Sequer informou a seus pares e a seus eleitores a pauta do encontro, seus motivos e objetivos. Tal e qual donzela apaixonada, entregou-se cegamente ao charme do Lula.
Tasso foi ao palácio como um compadre, a quem a comadre Roseana, líder do governo no Congresso, convidou para tomar um cafezinho: “no gabinete do Lula tem sempre um cafezinho muito bom, de primeira. Vamos lá?” E subiram os dois meio escondidos, sem permitir fotos do encontro com Lula. E o Tasso, com essa cara de menino manhoso que fez arte, de guri cagado (de medo? acho que não), não podia estar mais sem jeito.
A dancinha do trumpismo
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Diferentemente de manifestações polêmicas do passado, como ajoelhar-se
durante o hino nacional, o gesto é visto como celebração patriótica.
Alexandre Bor...
Há 3 horas
4 comentários:
Oi César! Concordo inteiramente com o texto sobre Brasília. Dia primeiro de março cheguei aqui com um projeto profissional e estou muito feliz. Acho importante o jornalista passar por aqui! Um abraço grande! Sonia Campos
Olá!!!!
Comentando sobre BSB, me enquadro no time de pessoas que AMAM Brasilia, cidade linda, trânsito educado, céu maravilhoso e muita cultura, e as flores do cerrado!!!! Quando vou lá só sinto falta da limpeza de Floripa, o nosso pessoal é mais educadinho com relação a jogar lixo pelo chão... Mas não é nota dez ainda!
Ahh,,, Alceu valença canta "Te amo Brasília" magnificamente, uma música dedicada para todos que também amam Brasília, como vc disse, seu clima seco, a data para chover e para estiar, poder programar uma festa magnífica ao ar livre com a certeza que não vai "molhar"! Não transpirar dentro de ônibus, o cabelo viver sedoso, descobrir que "se buzinou é Goiano", comer pato com tucupi, arroz com pequi e muito sushi, aliás, comer o que quiser a hora que quiser, observar aquelas mocinhas bem vestidinhas próximo aos ´SHN ou SHS final de tarde ganhando a vida, entender que se localizar em Brasília é quase como jogar batalha naval,enfim, pode-se falar muitas horas sobre esta atípica e linda cidade!
"Lugar de bandido é na cadeia". Não é assim que os empresários catarinenses "presos", dizem nos consegs? Pois bem. Que fiquem presos agora, porque o que fizeram foi bandidagem, pura e simples. Nada de complascência com eles. Se são conhecidos ou não...Fernandinho Beiramar também é... Se originam emprego, traficantes també... E daí? Nenhuma diferença. LEI É LEI. Que a justiça seja feita.
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