sexta-feira, 13 de abril de 2007

Sexta

POR QUE PARÔ?
Não sou policial federal, não sou controlador de vôo, não sou (mais) professor de universidade federal, não sou fiscal da receita, não sou motorista de ambulância, não sou médico do estado, não sou motorista, nem cobrador, muito menos dono de empresa de ônibus e não sou deputado, mas também sou, como todos esses aí, filho de Deus.

E é nesta condição que venho apresentar minha pauta de reivindicações e declarar-me em greve. Se minhas exigências não forem atendidas, não volto mais a trabalhar. Até posso aparecer, como meus ex-colegas de universidade, no dia do pagamento, para receber o salário, mas não vou mais trabalhar.

E nem venha algum juiz abelhudo exigir que eu mantenha 30% da coluna funcionando, a pretexto de manter atendimento aos casos de emergência. Não escreverei mais uma única letra, nem uma palavra, sequer uma vírgula, muito menos uma frase. Este espaço ficará em branco. Ou ficaria, se não fossem os fura-greves que há em todo movimento.

Então, a partir deste momento, deste segundo, deste nanosegundo, estou em greve. Desligo neste exato instante meu computador, não sem antes transmitir a lista de reivindicações mais abaixo, que precisa ser atendida com presteza, porque a paciência há muito se esgotou. E nem venha o ministro do Planejamento prometer gratificações e passagem da coluna para a área militar, porque já sabemos que o que ele diz, não se escreve.

PARÔ POR QUE?
Ainda outro dia, sem poder pagar as contas porque os bancários estavam em greve, sem poder viajar porque os controladores estavam em greve, sem poder ir ao centro porque os ônibus estavam em greve, sem poder tirar passaporte poque a polícia estava em greve (e antes porque estava faltando papel) e sem poder reclamar pro bispo, porque ele estava num retiro, sentei-me à beira do rio Itajaí-Açu e tomei uma decisão: na primeira sexta-feira 13 que tiver, eu entro em greve.

Chega de ser discriminado, de sofrer na pele o opróbrio e o desprezo. Agora eu também sou um grevista, posso encarar o caixa do banco sem baixar os olhos, posso entrar no ônibus de cabeça erguida e dizer, em alto e bom som, “bom dia, colega, como vai a luta?”

Aprecatem-se: a paralisação pode durar um dia, uma semana ou um ano. Não importa.

Hasta la victoria siempre!

Diante do majestoso prédio (palácio?) da Procuradoria Geral da República, em Brasília, uma manifestação que bem poderia ser em solidariedade ao tio Cesar

PAUTA DE REIVINDICAÇÕES
A paralisação que começa nesta sexta-feira 13 só será suspensa se e quando forem atendidas as reivindicações abaixo. Estou em assembléia permanente, mas é favor não ligar fora do horário comercial (das 11 às 16h).

Item 1: todo o pessoal que teve alguma responsabilidade na deterioração do sistema de proteção ao vôo brasileiro, do aspone ao presidente da República, deve prestar serviço como aeromoços e aeromoças, voando ininterruptamente durante um ano no espaço aéreo brasileiro, para verem o que é bom. Depois, os que não sucumbirem com o medo de voar sem segurança, devem ser encarcerados numa sala de espera de aeroporto, sem ar condicionado.

Item 2: Todo político (do executivo e do legislativo) e todo desembargador, só poderá recorrer ao sistema único de saúde. Ao serem eleitos e diplomados, perderão acesso a todos os planos particulares, médicos no exterior e clínicas chiques. Terão que marcar consulta pessoalmente (não podem mandar assessores) e esperar em todas as filas. Até mesmo os exames urgentes (que no SUS levam meses) terão que ser feitos seguindo exatamente a mesma rotina a que o resto do povo brasileiro está sujeito. E se, em decorrência desta obrigação, alguma melhoria for feita no sistema, ela passa a ser desfrutada por todos os brasileiros, sem distinção. E nem venham com a história de “direitos adquiridos”.

5 comentários:

Anônimo disse...

Tio Cesar. Nós, do Movimento Unido dos Aspones do Funcionalismo Público, apoiamos as reinvindicações do companheiro e gostaríamos de nos unir a esse movimento que conhecemos tão bem: ficar parados. Podemos inclusive repassar tecnologia!

Anônimo disse...

Putz, com essa pauta de reivindicações sua greve será eterna.

Profgefferson disse...

Caro "Tio Cesar", não por despeito, mas gostaria de incluir mais uma reinvindicação na pauta - ítem 2, que versa sobre os políticos e desembargadores. Que todos eles matriculassem seus filhos em escolas pública, uma vez que vivem dizendo que ela é de boa qualidade e que os recursos que eles alocam sempre são suficientes. Sou professor do Estado e com erro na folha que já passa de 2 meses. O secretário prometeu regularizar com uma suplementar, mas continua faltando.

Profgefferson disse...

Continuando... O mais engraçado que aqui (em Santa Catarina), a base governista grita aos 4 ventos que o cofre do Estado "tá recheado", porém o Exmo. Sr. LHS, em conversa com nosso presidente, diz ter problemas finceiros sérios e que a folha está comprometida. Será que eles pensam que aqui nos não sabemos ler o que falamos outra lingua???

Anônimo disse...

Hummmm Cezar, aqueles braços do outdoor são seus? Que fortão hein... vou aí apoiar seus movimentos reivindicatórios ... hihihihi