Vocês talvez ainda lembrem que, durante a campanha eleitoral do ano passado (no dia 18 de setembro), Márcio Moreira, chefe de gabinete do então deputado Antônio Carlos Vieira (Vieirão, PP) suicidou-se no local de trabalho. Depois ficou-se sabendo que ele estava envolvido com um complicado e até hoje inexplicado esquema de revenda de automóveis usados.
Teria se suicidado porque o esquema fez água e ele acabou sucumbindo à pressão das dívidas. A polícia investigou as circunstâncias da morte e concluiu que foi suicídio mesmo (coisa sobre o que, desde o primeiro momento, ninguém tinha dúvidas).
A imprensa tem o mau hábito de esquecer as notícias que ela mesma publica. E, por isso, o caso foi deixado de lado e nunca mais se falou dele. Apesar de terem restado tantos e tantos pontos de interrogação. A coisa toda continua tão misteriosa como no primeiro dia. Ou até mais, porque o tempo demonstrou que todos os envolvidos adotaram um silêncio unificado e ensurdecedor. Uma espécie de “omertá” siciliana.
ALGUÉM SABE?
O esquema dos carros vendidos a funcionários da Assembléia e do Tribunal de Justiça (os prédios são vizinhos, em Florianópolis) funcionava mais ou menos assim: o Márcio oferecia os veículos a preços extremamente vantajosos. Eram carros usados, em bom estado e completamente legais (não eram roubados nem nada), fornecidos por várias revendas da capital.
Não consegui descobrir, até hoje, como o Márcio imaginava poder cobrir o buraco que ficava com a venda de carros a preços abaixo do preço de mercado. Nem por que as concessionárias, todas sempre tão precavidas e cuidadosas quando tratam de vender os carros diretamente, entregaram um lote de carros para que o Márcio e sua “equipe” vendessem.
O mistério ganhou peso e dimensão quando os donos das principais concessionárias de veículos de Florianópolis foram ao enterro do Márcio. E, lá, trataram de fazer com que o único empresário de automóveis que reclamou, em público, de não ter recebido o dinheiro de uma venda, não só calasse a boca, como também se desdissesse.
Algumas das pessoas que compraram os carros iam buscá-los diretamente nas revendas. Para outros, motoristas da Assembléia, recrutados pelo Márcio, faziam a entrega em domicílio. Depois da morte do intermediário, alguns “consumidores” foram às revendas acertar suas contas, para poder ficar com os carros. Outros receberam seu dinheiro de volta.
Mas ninguém abriu o bico nem fez qualquer tipo de reclamação que pudesse resultar num inquérito ou num processo de investigação.
SEGREDO DURADOURO
O dito popular ensina que, “segredo entre três, só matando dois”. Mas neste caso, descontada a falta de apetite dos jornalistas pela investigação e o desinteresse dos veículos pelo assunto, o segredo envolve dezenas de pessoas. E até agora ninguém abriu o bico pra valer. Por que? O que, afinal, está oculto nesta aparentemente simples compra e venda de automóveis?
O presidente desfilou com o modelito acima no evento de moda político partidária petista, terça à noite. O desfile, creio eu, faz parte daquele programa de Lula, para escolher uma profissão para depois que deixar a presidência. Ele acha que pode ser bem sucedido como manequim e modelo. E até já começou o regime (vejam que a barriga está menor, embora as más línguas digam que ele usa uma cinta elástica).
Minhas consultoras especializadas em moda fashion, a quem mostrei a foto, entretanto, torceram o nariz. Acharam a calça excessivamente larga, com pregas, que não ficam bem num sujeito levemente acima do peso. E a jaqueta jeans não tem nada a ver com a linha proposta pela calça branca e camisa escura. Elas, que já ajudaram Bill Clinton a se vestir (às pressas, porque a Hillary estava chegando), acreditam que Lula já progrediu muito, mas ainda não está à altura da sua ministra do Turismo, no quesito moda fashion.
FUI PLAGIADO!
Um colunista de um site de Florianópolis publicou, como se fossem dele, algumas notas aqui do De Olho na Capital. Só plagiar já é ruim o suficiente (afinal, é crime), mas o cara ainda copiou errado: uma das notas falava na “foto acima” e ele esqueceu de copiar a foto. Além de não ter redação própria, parece que também não sabe ler.
Tem gente que acha que pode copiar tudo o que está na internet. Uns, mais caras-de-pau, ainda falam que “o plágio é uma espécie de homenagem”. Homenagem é o cacete! Cópia sem citar a fonte é furto!
Ontem à noite, o plagiador mandou um e-mail pedindo desculpas e dizendo que iria remendar o erro. Ora, ao copiar ele sabia que as notas não eram dele. E mesmo assim copiou. Como eu chiei, ficou todo preocupado. Deveria ter-se preocupado antes de fazer a tolice.
CAÇA-NÍQUEISC
A bancada do PP foi ontem à Polícia Federal levar alguns documentos e perguntar se Santa Catarina vai ficar de fora das investigações federais sobre a lama da jogatina.
Enquanto os deputados Kennedy Nunes (líder do PP), Joares Ponticelli (vice-líder), Jandir Bellini, Sílvio Dreveck e o advogado Gley Sagaz estavam na Polícia Federal, a Justiça Federal, em Joinville, determinou que as 21 empresas da região que exploram o jogo sob o beneplácito do governo estadual, sejam intimadas de que a interdição federal ao jogo continua valendo.
O juiz Cláudio Schiessl, da 1ª Vara Federal de Joiville, na decisão, afirma que o decreto do governador LHS (de fevereiro de 2007),
“padece de vício de origem, tendo sido emanado por autoridade incompetente, e, portanto, fora dos limites constitucionais, pois usurpada a competência da União”.A turma do PP não perde a oportunidade para somar um mais um e o Kenndy pegunta:
“se uma decisão a favor de um bingo (no Rio de Janeiro) foi paga com muito dinheiro e colocou gente na cadeia, quanto poderia custar um decreto legalizando o jogo por toda Santa Catarina?”Para jogar mais lenha na fogueira, um empresário da região do governador (Joinville), foi denunciado pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul por importação ilegal de caça-níqueis.
FALA, IÇURITI!
Meu amigo Içuriti Pereira, presidente da Codesc, manezinho de quatro costados, me responda, por favor: por que o governo do estado faz tanta questão de lutar essa luta inglória em favor dos caça-níqueis, dos bingos e da jogatina em geral contra o Governo Federal e a Justiça Federal? O que nós, os contribuintes atônitos, ganhamos ou ganharemos com isso?
Pode ficar tranqüilo que, assim que receber tua resposta, eu a publico (e, se couber na coluna, publico-a na íntegra, sem tirar nem por). Ah, e se achares que é melhor que outra autoridade do governo explique (o procurador geral, por exemplo), tudo bem.
O importante é que os catarinenses não podem mais ver seu governo se envolver nesse litígio sem saber exatamente por que. E sem entender o tipo de benefícios que podem advir de uma disputa como essa, feita em nosso nome, nos tribunais federais.
A DITADURA DA TV
Televisão e rádio são concessões públicas porque usam um bem público: o espectro eletromagnético, por onde transitam as ondas que levam os sinais (imagens e sons). Esse espectro é limitado, ou seja, cabem apenas alguns canais. Portanto, coisa pública, escassa, deveria ser cuidadosamente administrada.
Mas a esculhambação começa na distribuição dos canais e continua na fiscalização dos conteúdos. Os concessionários de um canal aberto, teoricamente, deveriam por no ar uma programação que fose informativa, cultural, relevante, etc. Pois eles acabam de conseguir uma liminar eliminando a classificação por horário. Agora podem transmitir qualquer putaria a qualquer hora. As emissoras não admitem ter que seguir regras para seu funcionamento. E o governo morre de medo delas.
4 comentários:
parece até cômico, se compararmos a atuação da PF do RJ e a notícia de hoje de manhã da PF de SC. www.clicrbs.com.br/clicnoticias/jsp/default.jsp?tab=00002&newsID=a1485156.htm&subTab=00030&uf=2&local=18&l=&template=2503.dwt§ion=Not%EDcias
Ô anônimo: a atuação da PF e do Ibama contra o uso predatório da fauna e flora por esses imbecis que acham lindo ostentar troféus (como faziam os ingleses imperiais e suas cabeças de tigres e presas de elefante) é tão importante quanto prender corruptos. Não ficou boa a tua comparação. Mesmo porque a operação "moda triste" não ocorre só em SC.
Caro Cesar, a cada dia que passa, seus comentários a respeito do governo do Estado estão melhores. Gosto do seu estilo pois vai direto. Continue assim. Valeu!
Prezado César,
com relação à concessão e programação de Rádio e TV, o termo é este mesmo que usaste: "putaria".
Há tempos coloquei em meu blog uma nota sobre a rádio FM que opera em 89,1 MHz aqui em Floripa. De acordo com a Câmara e Anatel, eles têm autorização para transmitir programação de caráter EXCLUSIVAMENTE educativo, em nome de uma tal "Fundação Cultura e Vida". Só que a emissora é da Igreja Sara Nossa Terra e transmite programação evangélica e pregação. Isso é exclusivamente educativo? Alguém não está sendo enganada nessa história?
Se quiseres, depois te passo o link sobre a autorização.
Um abraço,
Marcelo Herondino Cardoso
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