sexta-feira, 31 de março de 2006

SEXTA

A gurizada encostou LHS na parede gritando palavras de ordem: “CPI da manga já!”

BESC SEM DINHEIRO
O choro dos usuários do BESC na Univali, em Itajaí, indica que o banco, apesar de federal e técnicamente “recuperado”, não tem como manter seus caixas eletrônicos abastecidos.
O povo que precisa sacar de manhã ou no começo da tarde, bate com o nariz na porta: nunca tem dinheiro. A única solução é ir pro caixa humano, aquele que sempre tem fila.

Ou então esperar que, dependendo do movimento do dia, sobre algum dinheiro para alimentar o caixa eletrônico, o que é feito depois das três da tarde. Não é o máximo? O cliente ter que ficar torcendo que apareça alguém para depositar, porque senão ele não vai conseguir sacar seu próprio dinheiro.

MELECA
O negócio da CPMI dos Correios é o seguinte: lembram da CPI do Banestado, em 2004? Vai acontecer a mesma coisa.

Naquela CPI o senador Antero Paes de Barros (PSDB) apresentou um relatório paralelo ao de José Mentor (PT), então relator. Deu uma baita confusão, nada foi votado e a CPI terminou sem resultado.

Pois agora o PT deve apresentar um relatório paralelo ao do relator Osmar Serraglio (PMDB), para descaracterizar o mensalão e livrar a cara de todo mundo (se o Lula e o Lulinha ficaram de fora, então por que não os outros?).

Vai dar uma confusão, o prazo termina e a CPI fica sem relatório final. É nisto que o governo e o PT estão trabalhando: melecar o jogo.

SANTO INOCÊNCIO
O Brasil tem cerca de 25 mil trabalhadores que podem ser considerados escravos, tais as condições em que trabalham, sem salário, sem condições dignas, sem liberdade e sem direitos trabalhistas. Alguns deles estão (ou estavam) numa fazenda do deputado federal Inocêncio Oliveira (PMDB-PE).

Apesar de condenado pelo TRT do Maranhão, o deputado teve a alegria de ver que o Supremo Tribunal Federal não acha ele merece ser denunciado por isso. O STF manteve o arquivamento do caso. Nada é impossível quando o autor do delito é poderoso.

A VIDA É BELA
O presidente Lula e dona Marisa voltaram a habitar o Palácio do Alvorada, aquele que tem as colunas que são o símbolo de Brasília. Reformado ao custo de cerca de R$ 18 milhões, o palácio está novo em folha.

Com avião novo, palácio novo e ministério novo, o presidente agora só espera a volta do primeiro astronauta brasileiro e a vitória da seleção de futebol, para poder chegar às eleições e receber uma votação consagradora do povo satisfeito e reconhecido.

“SÓ NO MEU?”
O deputado estadual Vânio dos Santos (PT) foi à tribuna reclamar: em setembro do ano passado o deputado Nelson Goetten (PFL) leu em público o extrato bancário dele, Vânio. Mas desde aquela época a Assembléia Legislativa não tomou nenhuma providência nem deu qualquer resposta às queixas do petista. “A quebra do sigilo bancário do caseiro é crime. E a quebra do meu sigilo como fica? São dois pesos e duas medidas?” pergunta Vânio.

JÁ TOU COM SAUDADE
Durante os oito meses de vida desta coluna a gente se divertiu pegando no pé de muito secretário de estado e do governador. Hoje muitos deles estão saindo de seus cargos para se candidatar. E a gente vai ter que começar tudo de novo.

Não posso deixar de agradecer, por exemplo, ao Gilmar Knaesel e sua troupe de imprensa. Graças a eles tivemos bons momentos aqui na coluna. Nos divertimos bastante com as coisas produzidas por lá.

Impossível também não ficar com saudades do Cézar Cim e seu séquito de fantasmas, que renderam alguns dos pontos altos da coluna.

Bom, mas a vida continua e certamente entre os novos terá alguém que merecerá nossa atenção.

O problema agora será descobrir o nome dos substitutos. Ontem o Knaesel mandou uma foto em que apresenta seu substituto, mas não mandou dizer o nome da criatura. Esse Knaesel não perde a chance da piada nem na hora da saída...

BORNHAUSEN E ACM
Tal e qual no PSDB, no PFL a coisa também está dividida. De uma lado o presidente do partido, senador Jorge Bornhausen e do outro o senador baiano Antônio Carlos Magalhães. Cada um tem sua sardinha predileta (para colocar de vice do Alckmin) e trata de puxar a brasa para ela.

Como ACM e Bornhausen são peixes muito grandes, muito espertos e não é a primeira vez que se estranham, é bom a gente, que é bagrinho, ficar meio de longe, sem se meter, pra não acabar respingado de óleo quente.

PÚBLICO E PRIVADO
O governador LHS ofereceu um jantar na Casa D’Agronômica para o pessoal graúdo do Seminário Internacional sobre Corrupção que o Tribunal de Contas promoveu na capital. Houve troca de gentilezas: o TCE deu a LHS uma Medalha do Cinquentenário e o governador elogiou o TCE.

A certa altura do discurso, LHS disse uma coisa muito certa: “Os objetivos do setor público e do setor privado não devem se misturar”. O lucro é o objetivo no mundo dos negócios (privados) e para o homem público, disse o governador, “o lucro é o reconhecimento dos cidadãos pelas ações em favor da sociedade”.

É importante que isso seja dito. Mesmo sabendo que, às vezes, os discursos são difíceis de serem levados à prática. Mas ajudam a esclarecer o cidadão: eles sabem, e sabem muito bem, que não se deve nem se pode misturar setor público com setor privado.

Isso aumenta a responsabilidade de toda a sociedade quando perceber que alguém, quem quer que seja, estiver esquecendo disso. Ou interpretando de forma excessivamente frouxa essa norma. Tem que botar a boca no mundo.

Agora que as tais “parcerias público-privadas” estão entrando na moda, tem que redobrar a atenção. Porque todo mundo acha que o que é público não tem dono. Quando é exatamente o contrário. O que é público tem muitos donos, todos nós. É patrimônio dos contribuintes. Deve ser melhor cuidado, com mais zelo, do que algo que pertence a uma pessoa ou empresa.

DIARINHO TEM PODER
O deputado estadual Paulo Eccel (PT) fez referências elogiosas, na tribuna da Assembléia Legislativa, ao DIARINHO e a esta coluna. Ele citou especialmente aquela foto da edição de quarta-feira, onde aparece um sujeito com a camiseta do PMDB puxando uma caminhada do LHS na inauguração de uma estrada. A foto foi publicada, no mesmo dia, por outros jornais, mas aqui a gente chamou a atenção para o fato, grave, da propaganda partidária misturada à ação administrativa.

Eccel disse que o jornal “fura o bloqueio da mídia catarinense” ao mostrar a situação de campanha escancarada.

Alguns dias antes, o deputado Afrânio Boppré (PSOL) tinha usado, também na tribuna, esta coluna para comentar as viagens do governador LHS.

Isso quer dizer que o DIARINHO tem sido bem lido ali na Assembléia. Outro dia dei uma passada por lá, pra ver ao vivo aquilo que a gente vê pela TVAL e conversei com vários deputados e assessores e saí bem animado: a maioria lê o jornal e a coluna e muitos deles, de vários partidos, elogiaram esta forma nova de falar sobre as coisas da capital.

AFINAL PROCON
Florianópolis, por incrível que pareça, ainda não tem um Procon. O Procon estadual faz às vezes de Procon de Florianópolis e acaba sobrecarregado. A prefeitura está prometendo instalar o Procon da capital só no segundo semestre. Segundo o vereador-secretário Gean (ele continua com seu gabinete na Câmara), o treinamento do pessoal começa em abril.

Deve ser praticamente uma pós-graduação, esse treinamento que vai levar uns cinco meses. Decerto, depois de preparação tão longa, teremos o melhor Procon do País, com tudo funcionando às mil maravilhas.

A prefeitura de Florianópolis encontrou uma forma de justificar seu desleixo: “em Santa Catarina só 48 municípios têm Procons”. Ah, tá, então tá tudo bem, não tem pressa, então.

quinta-feira, 30 de março de 2006

QUINTA

GOSTOU? ENTÃO MULTIPLICA
ESSA MARAVILHA POR 30...

Como estamos em ano eleitoral e os ânimos ficam muito exaltados, já vou começar me justificando: acho descentralização um negócio muito bom. Sério. Mas, como todo mundo, fico meio cabreiro com certas figuras que aproveitam a ocasião para fazer aquela política velha contra a qual tanto o LHS falou na campanha e mesmo depois de eleito.

O galã nas fotos de hoje é o Secretário do Desenvolvimento Regional de Maravilha, Celso Maldaner. Acho que deve ter pouco serviço na SDR, porque todo dia ele chama a Patrícia (a fotógrafa da SDR) e sai com ela visitando lojas (e aí posa com as balconistas), visitando escolas (e aí posa abraçando as criancinhas), visitando rodeios (e aí posa querendo abraçar o peão).

A distribuição dos kits escolares e dos uniformes, então, foi um prato cheio. Pretexto para o Secretário em pessoa ir entregar pastinha por pastinha. De novo, deixa eu me explicar: uniforme é bom. Dado pelo governo, ainda melhor. Usar esse benefício como esse povo tá usando, pra tirar fotografia de político antigo com criança no colo é que me deixa meio assustado.

CADÊ AS MANGAS?
Vou abrir um parênteses: cadê as mangas das camisas dos uniformes? Que coisa esquisita, vi alguns com mangas e depois só tem aparecido sem manga. Deve ser porque é mais barato (será que tava no edital que era camisa sem manga? ou foi o LHS que desenhou desse jeito?). Se tivesse filhos em idade escolar eu certamente iria armar um salseiro por causa do roubo das mangas.

Fecha parênteses.

PALANQUE PERMANENTE
Ao dotar as SDR de assessoria de imprensa e permitir a divulgação de atos e fotos das SDR pelo sistema oficial, o governo do LHS fez uma coisa boa. Mas ao distribuir esse tipo de material que não tem nada de jornalístico (não serve nem pra revista Caras), acaba alimentando o ego dessas figuras. E dá-lhe foto a qualquer pretexto, só para mostrar aos demais secretários e aos servidores da SDR que têm computador, como ele é “fotogênico”.

Ele não agarra só aluno, agarra professora também. E o comandante da PM em pessoa foi lá mostrar que o governo acha o estilo do Celso o máximo: condecorou-o com a medalha dos 170 anos da Polícia Militar. Como diria o Simão: “é mole?”

HAJA SACO
Não sei vocês, mas essas coisas que andam acontecendo estão me deixando muito p da vida. Finalmente chega ao fim a CPMI dos Correios, aquela que, quando começou, a gente parava o que estava fazendo pra assistir.

Eu achava que não ia acontecer nada muito grave, mas jamais imaginei que fosse acabar nessa lambança aí, com absolvições descaradas de gente que confessou que pegou dinheiro “não contabilizado”, com um relatório final da CPMI feito debaixo de pressões mesquinhas e com o PT jogando a sujeira pra debaixo do tapete sem qualquer cerimônia.

Todos mentem. Quando um resolve não mentir (o presidente da Caixa), vira dedo-duro, que “entregou” o chefe. E quando o chefe é pego na mentira, o grande líder passa a mão na cabeça dele, faz carinho, fica triste, dando-nos um recado claro: era mentira aquela história do “fui traído”. Se tivesse sido verdadeiramente traído, a história, é claro, seria bem outra.

OS 122 NOMES
Vocês sabem que o propósito de uma CPI é produzir um relatório que é encaminhado para quem de fato pode fazer alguma coisa: o Ministério Público, principalmente. Portanto, quando se diz que o relatório final da CPMI cita algo como 122 nomes, não significa que todos serão processados ou investigados pela polícia. Vai depender do entendimento de quem ler, se o caso merece virar processo ou não.

A história das CPIs passadas não é muito animadora. Os resultados concretos, depois que termina esse carnaval das revistas e jornais, é meio fraco. Nada indica que desta vez teremos ações contra muita gente além daquela que já está enrolada.

Ou seja, o sujeito citado no relatório da CPI como suspeito (ou indiciado) pode se incomodar com o que sai na TV durante algum tempo, mas provavelmente se reelegerá e daqui a pouco tudo estará esquecido.

A oposição vai usar o relatório da CPMI dos Correios como uma espécie de bíblia durante a próxima campanha eleitoral, pra tentar atingir o Lula, mas para os outros provavelmente sobrará pouca incomodação.

A SENADORA REVELAÇÃO
Vocês lembram da combativa líder sindical Ideli Salvatti? Lembram do que ela falava dos governos e dos políticos? E agora, vocês têm ouvido o que ela tem falado? Como ela tem falado? A Ideli senadora foi, para mim, uma grande revelação.

Muita gente votou nela só pra não votar no Paulinho Bornhausen e talvez esteja tão surpresa quanto eu com o surgimento dessa criatura que não mede esforços para defender cegamente seu (dela) líder.

Tá certo que ela não chegou ao extremo do Carlito Merss, que está convicto que o caseiro mentiu sobre o impoluto Palocci, coitado. Mas a senadora um dia ainda merecerá algum reconhecimento pelo papel ingrato e desgastante que tem desempenhado, contra tudo e contra todos.

quarta-feira, 29 de março de 2006

QUARTA

GOVERNO ESCANCARA
A CAMPANHA

Nem bem o Palocci tinha acabado de cair, justamente por causa da falta de alguém que dissesse que essa história de espionar a conta bancária do caseiro ia dar merda e o governador LHS já embarcava numa caminhada que tem tudo pra render bastante.

O que é que custava ter um auxiliar com bom senso que disesse ao orgulhoso cabo eleitoral do PMDB pra ele sair dali da frente e largar a bandeira? Ou então que desse pra ele uma camisetinha dessas mais disfarçadas, que o próprio LHS está usando?

Não, tinha ele que ir bem na frente, bem vistoso, transformando uma inocente e alegre inauguração de obra governamental, num prato feito para as denúncias de uso eleitoral da máquina pública. E depois, dentro da Secretaria de Comunicação, custava ter um sujeito de bom senso, que avisasse “não distribui esta foto pelo site do governo porque pode dar merda”?

Não, além de deixarem o sujeito com a camiseta do PMDB ir à frente da caravana de inauguração da estrada, ainda distribuíram a foto pelo sistema montado com dinheiro público para divulgar ações administrativas.

O governo LHS andou se incomodando com essa história de propaganda ainda há pouco tempo. Já devia ter alguém cuidando do VDM.

A legislação proíbe até que na placa das obras apareça o nome do prefeito ou do governador. Quanto mais o partido! Essa foto é o exemplo mais acabado que a pessoa mais importante, hoje, em qualquer estrutura de governo, é o secretário (ou ministro, ou consultor, ou assessor, o que seja) do VDM. O cara do Vai Dar Merda.

Se não tem esse sujeito, as coisas ficam assim, meio soltas e vocês sabem, em ano eleitoral, qualquer descuido sempre acaba dando...

Pois então!

Já que estamos falando de inauguração de asfalto: é impressão minha ou agora não se constrói mais estrada com acostamento? (Pra conferir é só clicar na fotinha da estrada que abre uma ampliação) Dá impressão que usam o traçado da estrada antiga e só colocam o asfalto, fazendo, se muito, um escoamento pluvial. O acostamento dá mais segurança, mas encarece muito...

LULA SABIA
O Senador Pavan lembrou, em plenário, de algumas palavras que Lula disse quando esteve por aqui, nos portos catarinenses, no dia 17. O presidente, que defendeu publicamente, naquele dia, seu Ministro da Fazenda, comentou, com o pessoal do palanque e da comitiva que estava para acontecer “uma boa nova”, que fatos novos iriam alterar o curso das investigações sobre o caseiro.

Poucas horas depois dele dizer isso, o site da revista Época mostrava o extrato do caseiro com os R$ 25 mil. Na mesma tarde, senadores do PT, em Brasília, diziam a mesma coisa e no final do dia o clima era de comemoração.

Pavan deduz, então, que o ministro, depois de receber o extrato das mãos do presidente da Caixa, deve ter comentado com o Presidente. Ou, de alguma forma, isso chegou aos ouvidos de Lula. Que, como os demais personagens dessa ópera bufa, não ligou para um pequeno e desprezível detalhe: estavam diante de um crime.

O governo Lula, que tenta, por todos os meios, evitar a quebra de sigilo do banco Okamoto 24h, não hesita em violar o sigilo de um brasileiro incômodo e ainda contar vantagem.

CANTINHO DOS LEITORES
A leitora Silvana Heidrich tirou a foto acima em Apiúna especialmente para a coluna: um hotel 24h! Essa gente não tem mais o que inventar! Daqui a pouco é capaz até de ter restaurante que abre ao meio dia.

terça-feira, 28 de março de 2006

TERÇA

A CAMPANHA COMEÇA PRA VALER
O antigo grito de guerra da campanha (“Agora é Lula!”) soa, neste momento, como mau agouro ameaçador. O presidente foi perdendo seus anteparos como quem perde os dedos da mão. Sempre de forma muito doída, mas aparentemente com o consolo que se tratava de um mal menor. O principal estava preservado, protegido.

A queda do ministro Palocci, apanhado cometendo um crime grave (o presidente da Caixa entregou-lhe o extrato do caseiro e ele tomou a desastrada decisão de tornar pública a informação que a lei protege), não poderia ser mais melancólica e constrangedora.

Todo o esforço do PT para absolver os mensaleiros, o estresse que fez aquela patética deputada dançar em plenário e diante da população perplexa, acaba ficando meio sem sentido diante do que aconteceu ontem. Lula vai para a campanha de reeleição praticamente só. Pelo menos sem as grandes figuras que o levaram até onde está e que foram caindo, uma a uma, sem glória e sem honra, ainda antes que as coisas ficassem bem explicadas.

A FALTA QUE O VDM FAZ!
Todo governo que se preze tem que ter o ministro do Vai Dar Merda! Aquele sujeito de bom senso a quem as decisões são submetidas antes de serem tomadas. Se o Palocci lhe tivesse dito, “companheiro, estou pensando em entregar este extrato do caseiro para uma revista publicar”, o ministro do VDM com certeza teria dito: “vai dar merda!”

Mas o bom senso já estava faltando há tempos. A história toda teria sido outra se o mesmo Palocci, no começo do governo, tivesse perguntado ao ministro do VDM se ele achava boa idéia manter uma garçonière (local de encontros amorosos furtivos) na mesma casa onde a turma de Ribeirão Preto reunia os amigos para churrascos e conversas ao pé do ouvido.

Claro que o cara do VDM teria pulado na cadeira, ao notar o risco potencial de misturar essas duas coisas explosivas e gritado: “VAI DAR MERDA!”

Eu, se fosse o Lula, nessa reta final em que o único alvo que resta para a artilharia inimiga atacar é ele mesmo, trataria de nomear logo o cara do VDM.

PLANO SOB SUSPEITA
A história dos tais “indices de potencial construtivo” de Florianópolis, que segundo o Ministério Público de Santa Catarina transformaram o Plano Diretor numa enorme maracutaia inconstitucional e safada, tem tudo para ser o grande escândalo do semestre na capital.

Mas, lamentavelmente, pode não dar em nada por uma razão simples e que nos devia envergonhar a todos: é um assunto complicado, difícil de traduzir para o leitor comum de jornal e envolve muito, mas muito dinheiro. Os procuradores tentarão medidas judiciais, mas, sem a pressão do público eleitor e leitor, fica difícil.

SEM NOVIDADES

Dediquei a coluna de hoje aos fatos nacionais porque, por aqui, a coisa continua em banho maria. Ninguém tomou nenhuma decisão ainda. O papelzinho rabiscado aí do lado mostra a tentativa de um “especialista” de me explicar as possibilidades de composição política para os cargos de governador, vice e senador.

A única coisa que fica bem clara é que, até agora, só existiam conversas e sondagens. Mas a partir de hoje pode ser que tudo se encaminhe rapidamente e a coisa comece a engrenar.

segunda-feira, 27 de março de 2006

SEGUNDA

OLHA O CAPACETE!
O povo que constrói a Vila Germanica, em Blumenau, fez uma grande sacanagem com o boa praça Renato Viana quando ele foi, com o governador, visitar as obras do Centro de Eventos, ontem. Distribuíram capacete pra todo mundo (foto ao lado) e quando chegou na vez dele, um engraçadinho disse: “tu não precisa”. E ele ficou sem.

É preciso acabar com essas brincadeiras preconceituosas com os carecas ou pelo menos tratar todos de forma igual. Afinal, se o critério para distribuir os capacetes foi mesmo esse, o governador LHS (de óculos escuros) também não precisaria, assim como mais alguns outros que aparecem nessa mesma foto.

Mas tudo acabou bem, ninguém foi atingido por nenhum tijolo e o Renato, que já tá acostumado, disse que “careca não precisa de capacete mesmo”.

QUESTÃO DE HORAS
Ontem à tarde todos os oráculos da República diziam que esta será uma semana decisiva para o governo. Hoje o presidente da Caixa, o petista Jorge Mattoso tem depoimento marcado na Polícia Federal. Ele tem confidenciado a amigos que já está conformado com seu destino: levará um pé na bunda ainda esta semana.

A reforma ministerial que estava marcada para o final da semana (por causa da desincompatibilização dos candidatos), poderá ser antecipada. Na bolsa de apostas já tem gente jogando que Palocci cai hoje.

A PRIMEIRA FATIA
No aniversário do Zé Dirceu, semana passada, a primeira fatia do bolo foi servida para a deputada-dançarina, Ângela Guadagnin. Aos que torcem para que ela dance nas urnas, devo alertar que ela está se candidatando a herdar o meio milhão e votos do seu chefe supremo e adorado (o Zé) e mais os do ex-presidente da Câmara, João Paulo Cunha. Portanto, não será desta vez que ela ficará de fora e conseguiremos eleger, por exemplo Carla Peres, que em matéria de dancinha de sacanagem é melhor dotada.

NILDO E O RIOCENTRO
O senador Jorge Bornhausen compara o episódio da quebra de sigilo do caseiro Nildo, com a bomba do Riocentro, aquela que explodiu no colo do sargento. Não em termos de teor explosivo, mas como parâmetro para avaliar a resposta do governo e a forma como as investigações oficiais chegarão, ou não, a algum lugar.

Está em jogo a capacidade que o governo deveria ter, de fazer cumprir a lei, mesmo que isso signifique prejudicar amigos e correligionários.

À MERDA OS ESCRÚPULOS
Quando li esse título no blog do Noblat achei que ele se referia a alguma matéria do DIARINHO. Mas não, ele, como a maioria dos brasileiros, está tão indignado com o festival de absurdos dos últimos dias, que resolveu usar a palavra mais exata.

Ele vê, no torniquete que o governo aplica no Francenildo (o caseiro que está sendo investigado), duas intenções. Uma é desmoralizá-lo. Outra, oculta, é dar um recado a quaisquer outras testemunhas que estejam pensando em falar o que quer que seja contra o governo e suas impolutas figuras.

Diz Noblat:
“Francenildo foi escolhido para servir de exemplo do tratamento reservado pelo governo a quem ameace sua estabilidade e seu futuro. À merda todos os escrúpulos, quando o que está em jogo é a permanência no poder a qualquer preço.”

VEM PRA CAIXA, VEM!
O gerente Jeter disse que agiu a mando da Sueli, que obededeceu a Diva, que atendeu Carlos Cota. Acima de Cota está Mattoso, o presidente. Jeter e Sueli são militantes petistas. Cota é do PTB governista. Estão sendo chamados de “Os Trapalhões”.

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O DIARINHO É FENOMENAL!

Lembram que eu falei aqui que a jornalista Cora Rónai, editora do Caderno de Informática e colunista de O Globo, minha amiga e dona de um dos blogs mais visitados e respeitados do País (www.cora.blogspot.com), pediu-me um palpite sobre a Farra do Boi e eu escrevi aquilo que vocês leram aqui na edição da sexta-feira?

Pois na própria sexta, à noite, como ela estava ilhada no Costão do Santinho (que fica no norte da Ilha, longe de quase tudo), cansada de vários dias de muitas palestras e trabalho, levei-a para jantar uns camarões honestos num dos bons restaurantes de frutos do mar que a Ilha ainda tem.

A Cora é fã antiga da nossa capital e sempre que vem aqui faz questão de convidar alguns camarões para jantar. Já a levei para provar os camarões do Gugu (no Sambaqui), do Zé do Cacupé e, agora, da Toca do Jurerê (foto ao lado). Na conversa ela contou que, embora sua área não seja futebol, fará parte da equipe que o jornal O Globo levará para a Copa da Alemanha e terá que enviar crônicas diárias sobre as coisas que acontecem fora do gramado (mas não só).

Bom, mas para que ela visse o que escrevi e onde estou trabalhando agora, apresentei a ela este nosso querido e valoroso DIARINHO (que ela não conhecia porque, por enquanto, o DIARINHO ainda não é muito vendido no Rio de Janeiro).

No dia seguinte ela publicou, no blog, o texto abaixo, que nos encheu a todos de justificado orgulho. Bobo e exibido como sou, reproduzo aqui com destaque, pra que vocês vejam que não é à toa que este é o jornal mais lido do sul do mundo. E assim como o povo que lê o DIARINHO sabe o que faz, a viadagem também sabe como fazer.
“Cesar Valente escreveu sobre o assunto (a farra do boi) num fenomenal jornalzinho local chamado ‘DIARINHO – Diário do Litoral’. É um tablóide que trata assuntos graves com a maior irreverência, não tem filiação política alguma e é o que eu já vi de mais parecido com o falecido Pasquim dos anos 70. As manchetes são o que a gente comentaria na mesa do boteco. Exemplo: ‘Tiroteio deixa os manezinhos cagados de medo’. A notícia, apesar da linguagem, é tratada com uma seriedade de deixar muito jornal ‘sério’ encabulado.

Resultado: sucesso total. São tirados 10 mil exemplares que chegam às ruas às 7hs. Às 8hs estão esgotados. Já viu que se eu morasse aqui tava frita (ela trabalha até de madrugada e não acorda cedo)...

Cesar, Valente que é (taí um trocadilho que ele não deve mais agüentar ouvir, mas é tão bom que é inevitável) pegou o touro à unha – ao contrário dos covardes que se ‘divertem’ por aqui – e abordou a questão de forma ampla e, embora muitos defensores de animais radicais possam discordar – humana.

Leiam, é talvez o que de mais equilibrado e sensato já se escreveu sobre a Farra do Boi e o papel no estado nessa história toda.”
Cora Rónai, 25/3/2006 (em www.cora.blogspot.com)

sábado, 25 de março de 2006

SÁBADO E DOMINGO

Explicação inicial: hoje eu publiquei, no jornal, uma página muito gráfica, que fica difícil reproduzir aqui no blogue, porque as dimensões são diferentes. Portanto, coloco primeiro uma imagem da coluna inteira, pra vocês terem uma idéia do conjunto e depois, em partes, para quem quiser ler na tela mesmo (sempre pode clicar na imagem pra abrir uma ampliação) e afinal, lá no pé, os textos que estão dentro da imagem, pra quem não tiver conseguido ler das outras formas.



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OS TEXTOS

Olho esquerdo:
Rosa é uma trabalhadora esforçada, lutadora. Com o marido, também trabalhador, criam três ótimos filhos. Vivem com simplicidade, dificuldade e dignidade como tantos milhões de trabalhadores brasileiros. Ontem ela foi ao BESC da Palhoça, depositar um dinheirinho na poupança. Deixou a bicicleta no cadeado, no estacionamento do Banco. Quando voltou, tinham roubado. O gerente do banco disse que todo diam roubam bicicletas ali. O policial na Delegacia, ao registrar a ocorrência, disse que todo dia roubam bicicletas ali. E a Rosa, que usava a bicicleta para ir trabalhar e fugir das tarifas escorchantes do transporte coletivo, ficou se sentindo uma palhaça: se todo mundo sabe que todo dia um sujeito rouba bicicletas e as coloca para vender nas lojas de móveis usados, por que ninguém faz nada? Não prendem o desgraçado ou pelo menos avisam “favor não deixar bicicletas aqui”?

Olho direito:
Eduardo é um jovem esforçado, que achou que cumpria seu dever de guarda municipal ao multar aqueles motociclistas transgressores da lei. Acabou demitido por justa causa, sem direito a defesa. Seu único erro, não quis saber quem estava multando. Multou Alexandre Rafael Elias, filho do prefeito de São José e outro figurão local, que são, conforme fizeram o pobre Eduardo ver, cidadãos acima do bem e do mal, que não admitem ser advertidos na cidade onde sua família manda. Todos aqueles que já receberam multas de trânsito estão agora se sentindo verdadeiros palhaços. E mais uma vez as “autoridades” provam que quem cumpre a lei é palhaço, otário. Que só serve para votar nessa gente que nos faz, todos os dias, de palhaços. Com a demissão do guardinha, os contraventores de São José receberam um recado claro: a Lei só existe para quem não é amigo nem parente do prefeito.

Nariz:
O governo fez desabar toda a sua fúria e rigor sobre a cabeça do pobre caseiro que ousou dizer que viu o Palocci na casa de Irene. Ele está sendo investigado como não foram aqueles que lavaram milhões de dólares roubados, encurralado como nunca foram aqueles que fizeram pouco das leis, triturado como nunca fizeram com verdadeiros criminosos. O PT e o governo têm absoluta certeza que somos todos palhaços. Imaginam que basta provar que o outro é desonesto, para que automaticamente fiquem livres da própria desonestidade. E dançam e se alegram com a impunidade: “os da minha turma não são desonestos, estão sendo apenas caluniados”, cantam eles, enquanto nós, aqui no picadeiro, comemos serragem e ainda temos que pagar os salários de todos eles.

Boca:

Os prefeitos se elegem, em cidades de administração complicada como Florianópolis (uma Ilha, portanto com área limitada, cheia de ecossistemas frágeis e que exerce enorme atração turística), sem se preocupar com o futuro, com o planejamento, com soluções eficientes e duradouras para os problemas. Egoístas, concorrem porque é bom para a carreira política ter administrado a capital. E são acompanhados pelos vereadores mais “espertos”, que arregalam o olho, abrem a mão e recolhem, sem vergonha, as “contribuições” por terem votado assim ou assado. E a cidade vai se enchendo de entulho, de gente, de prédio, de asfalto e de problemas cada vez mais insolúveis. E nós, os palhaços, pagando os impostos que pagam os salários de todos eles!

ATÉ QUANDO?

sexta-feira, 24 de março de 2006

SEXTA

A FARRA, ESSA PRAGA
Parei de falar na Farra do Boi porque nesta época em que ela ocorre, ninguém parece muito interessado em conversar sobre o assunto. Só tem, de um lado, gente histérica que quer porque quer matar-nos a todos que vivemos em Santa Catarina, sem levar em conta se somos contra ou a favor. E do outro lado, gente histérica e sangüinária que só comprova, com suas maldades, que os farristas são mesmo uns animais.

Os poucos que ainda mantém uma certa lucidez são tão poucos que quase nada podem fazer. A não ser esperar que passe a histeria, para então poder conversar sobre a melhor maneira de fazer a civilização avançar.

PEDIDO DE AJUDA
Mas tive que sair do meu silêncio porque recebi uma convocação pública. A jornalista Cora Rónai, editora do Caderno de Informática e colunista de O Globo, minha amiga e dona de um dos blogs mais visitados e respeitados do País (www.cora.blogspot.com), publicou ontem uma carta da Vice-Presidente Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal, Ana Maria Pinheiro, sobre um boizinho que estaria sendo preparado para a Farra no Santinho (na Ilha de Santa Catarina) e ao final deixou o seguinte recado:
“Cesar Valente, meu querido amigo manezinho, como se pode despertar o governador da sua (dele) letargia?! O que podemos fazer para evitar esta boçalidade medieval, este desvio de caráter, esta patologia inexplicável?!”
OSSO DURO DE ROER
Como diria o açougueiro, vamos por partes. A história de acordar o governador: posso, no máximo (e tenho feito isso de vez em quando), dar umas sacudidas por aqui. Não tenho acesso ao governo e faço questão de manter uma certa distância. Além do que, como nunca conversei com ele sobre este assunto, não sei exatamente o que ele pensa a respeito.

A questão da letargia. Enquanto os defensores dos animais acham que o governo se omite ou está paralisado durante a “estação” de Farras, eu acho que o governo se omite no resto do ano. Não acredito que nenhum problema social possa ter uma solução duradoura a partir do uso da força policial.

Até para que os policiais saibam o que fazer e como fazer quando tiverem que “invadir” uma comunidade, é preciso que durante o ano o assunto seja adequadamente discutido e sejam implementados programas de conscientização sobre a violência.

PATOLOGIA INEXPLICÁVEL
A Cora, que é famosa também por gostar e defender animais, é ainda mais conhecida por ser uma mulher inteligente e de bom senso.

Há de perceber que hábitos e tradições não são modificados a golpes de porrete. Ao contrário, em muitas localidades, onde a Farra estava quase se extinguindo porque a gurizada estava preocupada com outras coisas e os mais velhos não tinham mais ânimo pra brincar, a coisa ressurgiu com redobrada violência, porque passou a ser proibida. E ficam torcendo para que a polícia (e/ou a TV) apareça: a transgressão fica completa.

Os bandidos, os doentes da cabeça (detentores da tal patologia inexplicável), que gostam de maltratar os bois (e os demais animais), deram à Farra a fama e as imagens que tornam sua defesa impossível. Estes talvez até possam ser tratados a cassetete e sob os rigores da lei.

Mas não toda a comunidade litorânea de origem açoriana.

BOÇALIDADE MEDIEVAL
Esse povo, formado na sua maioria por gente hospitaleira, generosa, simples e solidária (sim, solidária) deve ser tratado com o respeito que todos merecemos e queremos para nós mesmos. Afinal, estamos pedindo a um velho pescador, que durante 60 anos ou mais, sempre participou da brincadeira (sim, brincadeira), que deixe de achar que aquilo é normal, bom e divertido. E mais, queremos que ele diga a seus netos que eles não devem brincar.

Convencer esse pessoal que o que eles fizeram a vida toda é considerado uma “boçalidade medieval” é tarefa educativa. Difícil e delicada como foi fazê-los acreditar que o médico talvez resolvesse melhor os problemas de saúde que as benzedeiras.

Em todo o mundo há práticas atrasadas ou tradicionais que precisam ser modificadas para que a civilização avance. Não digo que se deva manter essas práticas simplesmente porque são tradicionais. Só digo que, porque são tradicionais, é mais difícil fazer com que sejam modificadas.

Essa tarefa exige mais inteligência, mais esforço, mais amor e mais dedicação do que para modificar outras práticas. E só cassetete, spray de pimenta ou alguns meses ou anos numa cadeia superlotada não são as ferramentas apropriadas para fazer a civilização avançar.

SEM BRINCADEIRA
Como tudo, em todas as áreas (basta ver o futebol e o que ocorre entre as torcidas), a Farra não pode mais ser chamada de brincadeira.

Por causa da repressão, não se consegue mais aqueles animais fortes, vistosos e valentes que pudessem dar um corridão na manezada. Acabam sobrando uns boizinhos franzinos, que cabem numa kombi (o cara do caminhão de gado cobra muito caro por causa do risco). E assim a coisa vai sendo cada vez mais deturpada e fica cada vez mais repulsiva.

Quem lê esta coluna com alguma freqüência deve lembrar que, há pouco tempo, fui vítima da corrente do ódio, aquela enxurrada de e-mails peçonhentos onde não faltou sequer ameaça de morte e anúncio da ação de “terroristas ecológicos”.

Essa gente, a meu ver, é tão nociva e perigosa quanto os idiotas que maltratam os animais. O ódio os nivela e iguala. Não tem como amar um animal e odiar todos os seres humanos. Por mais que existam seres humanos desprezíveis.

Portanto, cara Cora, para quem não faz parte da corrente do ódio e está sinceramente preocupado com a correção desse desvio, o jeito é arregaçar as mangas e trabalhar sério. Como tanta gente já vem fazendo. Na porrada não iremos a lugar nenhum.

Depois da Cidasc, Fapesc, Besc e Codesc, chegou a Lavasc. Antes que o PT fique todo animado (“viu, o LHS também tem esquema pra lavar dinheiro!”) é bom esclarecer que, por enquanto, é só um local para lavar os carros dos empregados do Ciasc.

FESTA NO PETÊ
A patética dancinha da deputada Ângela Guadagmin (PT-SP), comemorando a absolvição de mais um “mensalista” é um símbolo acabado da situação a que chegamos: os espertalhões dançam e sapateiam sobre o túmulo da decência e da ética.

Alguns otimistas acham que em outubro a deputada “dança”. Eu, cada vez mais desiludido, acho que não. É capaz de fazer ainda mais votos só por ter sido tão “leal” a seus companheiros apanhados com a mão na “massa”.

AUTOMÓVEL DE CADA DIA

O leitor Rafael Azize, de Florianópolis, está indignado com os projetos da Prefeitura que privilegiam o automóvel (como os elevados meia boca que começam a ser construídos) e com a inexistência de alternativas.

Contra a opção exclusiva pelo asfalto e pelo automóvel particular, ele grita:
“queremos trens, ferry-boats, bondes modernos, ônibus, ciclovias, calçadas!”
TADINHA DA VERA
Contei aqui que o governador LHS e o prefeito de São José convidaram a Vera Fischer para a inauguração do Centro Multiuso da cidade, dentro do qual tem um teatro que, segundo eles, vai ser chamar “Vera Fischer”.

Fiquei tão contente pela Vera, a quem admiro desde pequenininho, que nem lembrei que existe uma lei que impede que o nome de pessoas vivas seja dado a obras públicas.

Mas bem que os governos municipal e estadual poderiam ter evitado o vexame e poupado nossa musa: afinal, eles tinham obrigação de saber disso. E mais, parece que o projeto nem passou, como deveria, pela Câmara de Vereadores. Que raça!

COR SIM, COR NÃO
Alguém pode me explicar que moda é essa que o prefeito Dário tá querendo lançar? Agora deu pra usar, quase todo dia, umas camisas com listras horizontais. Tem várias, parecidas, mas com cores diferentes. Dá impressão que tá sempre com a mesma camisa.

quinta-feira, 23 de março de 2006

QUINTA

NUM PEDACINHO DE TERRA,
PERDIDO NO MAR...

Hoje é feriado em Florianópolis. Comemora-se o aniversário da cidade, que tem lá seus 280 anos. Há uma certa controvérsia sobre a data exata, mas isso é conversa para outra hora. Agora, o que me cabe, como florianopolitano por nascimento e opção, é dar-lhe, caríssima capital do meu coração, amantíssima Ilha dos ocasos raros, dulcíssima Desterro cuja magia ingênua e envolvente penetra na pele a cada rajada de vento sul, os parabéns.

O DESTERRO NO CORAÇÃO

Temos na lembrança aquela cidadezinha pequena e parada, onde nos conhecíamos a todos pelos nomes, pelos apelidos e sabíamos de todos a vida quase inteira. Temos ainda a teimosia de achar que a vida de então era melhor. Nem nos lembramos mais da Elfa, companhia de eletricidade intermitente, que apagava à noite e tremelicava de dia. Esquecemos do pavimento de madeira da velha ponte, liso como sabão em dias de chuva. E apagamos da memória a difícil viagem para qualquer lugar além do Estreito (e a aventura poeirenta e demorada que era chegar a Canasvieiras).

Viver de saudade, nos ensina a própria vida, só traz incômodo e desconforto. Mas esquecer o passado nos torna imbecis. A dosagem certa, sabedoria difícil de obter, permite alcançar um estado de graça que nos enche de felicidade sempre que, nos dias luminosos de outono, a Ilha se mostra sedutora e bela como deveria ter sido a Terra inteira, logo depois da criação.

A INVASÃO
Tornar-se um destino turístico de grande procura e fácil acesso é a pior coisa que pode acontecer para uma aldeia açoriana. O futuro, que não está longe, vai mostrar que a aldeia acabou, que os estrangeiros venceram e que os nativos, tal qual os indígenas, foram escorraçados para guetos, onde definham até liberar a área, completamente, para a instalação da grande colônia temática de férias em que a Ilha de Santa Catarina tem se transformado a cada verão.

Outro problema sério, que amplia as aflições açorianas e as lamentações a que o sangue luso nos obriga, é a quantidade de turistas que ficam por aqui mesmo. Compram um terreninho, ou dois, ou dez, instalam seus consultórios, lojas, escritórios. E vão atraindo conterrâneos e compatriotas.

Os descendentes de italianos, alemães, austríacos, poloneses, japoneses e outras tantas nacionalidades, que vivem no interior do estado, quando vêm à Capital estudar, também não voltam mais. Até os deputados estaduais compram apartamentos, instalam suas famílias e ficam residindo aqui mesmo depois do mandato terminado.


O DILEMA DO MANEZINHO
Ao mesmo tempo em que reclamamos quando algum jornal em algum país fala mal de Florianópolis ou de algum de seus filhos, reclamamos porque jornais de vários países falam sobre Florianópolis e seus filhos. A gente não gosta de propaganda, mas a gente odeia ser desconhecido. A gente não conseguia pronunciar direito "Florianópolis", chamava de fpólis ou de floranóplis. Mas odiou quando alguém simplificou para "Floripa", palavra até hoje usada muito mais pelos estrangeiros do que pelos locais.

A gente quer ser famoso, mas não quer receber visitas. A gente quer que todos achem que esta é a verdadeira cidade maravilhosa do mundo, mas a gente não quer que o movimento de turistas atrapalhe a nossa rotina ou apresse nosso passo. A gente não admite preparar a cidade para quando tiver um milhão e habitantes ou mais, porque acha que é melhor explodir as pontes, expulsar os estrangeiros e manter o número de habitantes para o qual a cidade está preparada, que não deve ser superior a 50 mil.

Mas a gente gosta de ser moderno, de ter as facilidades das grandes cidades e quer a todo momento sentar-se à frente da casa, na calçada, para tomar a fresca da tarde ou da noite, cumprimentando pelo nome – e a seguir falando mal dela e de toda a família – todas as pessoas que passam.

A minha aldeia açoriana, onde ainda encontro paz e sossego, só existe no passado. Vou lá de vez em quando para descansar. E é uma maravilha, porque não existem ainda pontes que levem ônibus e aviões de turistas ao passado. Muito raramente aparece um ou outro caixeiro viajante, um ou outro militar transferido, um ou outro estrangeiro, como o Zé Perri (Saint-Exupéry) piloto do aviãozinho do correio francês que faz escala ali no Campeche. Uma bela aldeia. Cercada pelo mar, onde a gente joga as fezes, as tripas dos porcos e toda a sujeira. Graças à proximidade do mar e de sua brisa, a aldeia é limpa e a temperatura, agradável.

quarta-feira, 22 de março de 2006

QUARTA

BUNDALELÊ
Não conseguia entender direito o sentido dessa sonora palavra “bundalelê”, que foi utilizada na letra de uma canção que foi sucesso no verão de 2005 (Festa no Apê). Até que li, nos jornais, que 117 desembargadores do Tribunal de Justiça de Minas Gerais tiraram (mais) um dia de folga a pretexto de protestar contra a obrigação de despedir parentes e a redução dos seus salários.

Vários deles ganham mais de R$ 40 mil mensais e não se conformam em ter que passar a receber “apenas” vinte e poucos mil reais. E também não concordam em ficar longe de suas mulheres, filhos e filhas, que sempre ajudam a engordar a renda familiar.

Isto é, senhoras e senhores, o mais legítimo bundalelê. Um bundalelê judiciário, um bundalelê de desembargadores, mas sem dúvida um bundalelê.

OLHO NA CAIXA 1
Corri ontem à Caixa (antiga Caixa Econômica Federal) para encerrar minha conta-poupança, antes que algum gerente, diretor ou ministro, insatisfeito com minhas brincadeiras com Lula, o invencível, Lulinha, o intocável ou Ideli, a indignada, quebre ilegalmente meu sigilo bancário.

Não quero ser exposto ao vexame de ver revelado o saldinho mixuruca que mantenho, com depósitos mínimos e retiradas minúsculas. Pode dar uma falsa impressão à mulherada.

OLHO NA CAIXA 2
Brincadeira à parte: a Caixa inventou de descontar, sem pedir autorização expressa, R$ 1,00 de cada correntista, a pretexto de fazer doação para o “Fome Zero”. E diz quem me passou a informação, que vai continuar, a menos que o correntista và agência dizer que não quer que tirem seu dinheiro.

Além de mostrar os dados bancários dos desafetos para qualquer um, a Caixa mete mesmo a mão no nosso bolso, sem grandes problemas éticos. Abre o olho.

RICALDINHO
No começo (lá pelos 70 e 80) eles eram uma dupla: Ricardinho Machado e Cacau Menezes. Depois cada um seguiu seu caminho, mas os dois viraram colunistas de variedades, seguindo os passos do grande mestre de ambos, que foi o Beto Stodieck.

De uns anos pra cá, mantendo essa história mais ou menos paralela, os dois inventaram de fazer eventos gastronômicos (talvez pra ganhar um troco a mais). O Cacau faz a feijoada no sábado de carnaval e o Ricardinho faz o “Ricaldinho” no aniversário da capital.

Além de comemorar o aniversário da cidade, a festa marca o final da temporada de verão, o final do carnaval e o início do outono, que é um dos períodos em que Florianópolis fica mais bonita, melhor iluminada.

Será quinta, 23, a partir das 11h, no mesmo local do ano passado, o pátio do Pier 54, embaixo da ponte.

SERÁ QUE FOI O ZORRO?
Uma advogada estacionou o carro no estacionamento do Fórum que funciona dentro do campus da UFSC, ontem à tarde, entrou no prédio e logo voltou: o carro já não estava mais. O policial de plantão no Fórum, na hora, era o Sargento Garcia, que não viu nada porque estava almoçando.

OPOSIÇÃO FAJUTA

Têm razão os petistas quando reclamam da oposição. O governo tem feito rigorosamente tudo, porque se fosse esperar pela oposição, nada teria acontecido. Nada mesmo.

O que, da lista de aflições do PT e do governo, pode ser creditado à oposição? Nada. Ou quase nada.

Vejam só esta listinha, que montei com a ajuda do blog do Ricardo Noblat (www.noblat.com.br):
  • O deputado que levantou a tampa do esgoto (o Roberto Jefferson) é da base de apoio do governo;

  • O Palocci está andando sobre cacos de vidro por causa de seus companheiros da República de Ribeirão Preto. E também porque achou que era invisível;

  • O caixa 2 de campanha do PT foi montado e utilizado pelo próprio PT e ampliado para dar alguma alegria à base de apoio;

  • A oposição não fretou o avião que transportou engradados de bebida de Brasília para São Paulo;

  • Não foi a oposição, infiltrada na Telemar, que deu ajuda à empresa do filho do Lula;

  • Não foi a oposição que quebrou ilegalmente o sigilo do caseiro.

  • E não foi a oposição que orientou a Caixa a dizer que vai levar 15 dias para revelar quem quebrou o sigilo do caseiro, dando fôlego extra de duas semanas pro assunto.

  • Também não foi a oposição, foi o próprio presidente da Caixa, quem disse, a uma comissão de senadores, que o extrato foi tirado “por ordens superiores”.

  • Quem desautorizou a líder do governo, Ideli Salvatti, ontem, dizendo que ela estava querendo usurpar funções que seriam da polícia, não foi a oposição, foi seu colega Mercadante.
Ou seja: eta oposiçãozinha fajuta! O governo tem que fazer tudo mesmo.

MAIS UMA DE PALHOÇA
Ronério Honerscheidt (PMDB), apesar do sobrenome complicado, é muito previsível e simples: tá sempre aprontando. Com a ajuda de sua assessoria de imprensa vive criando factóides que a gente nunca sabe se são verdade ou apenas delírio.

Agora, ele anuncia que vai se desfazer de toda a frota de carros do município, para poder terceirizar o serviço de transporte oficial. Vai criar a “Cooperativa do Táxi da Hora”.

O servidor municipal que precisar se deslocar, pra fazer uma fiscalização ou outra coisa, chama um taxi dessa tal cooperativa do Ronério. Naturalmente, o município paga a corrida.

Desse jeito o Ronério vai acabar famoso: será muito citado nas palestras do Tribunal de Contas sobre malversação do dinheiro público.

SECRETARIA ÀS MOSCAS
Se este fosse um governo sério, a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Social, Trabalho e Renda, seria uma das mais importantes. Não só porque intermedia as verbas sociais do governo federal, mas porque trata dos principais problemas do estado e tem as melhores ferramentas para reduzir a violência.

Mas o governo LHS entregou a secretaria a um partido aí e esqueceu que ela existe. E os secretários se sucedem sem se preocupar com desenvolvimento social, trabalho e renda. Só querem saber como obter o máximo daquela máquina que já está esgotada e como fazer para projetar seus nomes desgastados usando nosso dinheiro e a estrutura do governo.

E agora recomeça a briga de foice política pela vaga: o Maneca Dias quer a secretaria para dar pra mulher dele e o Ronério quer para dar pra mulher dele. Como se fosse uma boutique. De novo, uma pouca vergonha.

A MEDALHA DO LHS
Como seria de se esperar, a maioria dos nomes escolhidos para receber a Medalha do Mérito Anita Garibaldi, que foi entregue ontem à noite em Florianópolis reflete as preferências pessoais do governador ou as conveniências políticas nacionais e internacionais.

Ouro


PAULO MACARINI (em memória) – ex-deputado federal e secretário de Estado. Falecido em janeiro.

Prata


CARLOS WILSON CAMPOS – presidente da Infraero. O aeroporto de Joinville foi modernizado na sua gestão.

OSCAR CAMILIÓN – ex-embaixador argentino no Brasil.

Bronze


ARTHUR MOREIRA LIMA: pianista renomado internacionalmente, reside em Florianópolis.

BATALHÃO DE OPERAÇÕES POLICIAIS ESPECIAIS: não se divulgou o motivo da medalha.

CLEUSA CORAL-GHANEM: diretora do Hospital de Olhos Sadalla Amin Ghanem, de Joinville.

DEPARTAMENTO ESTADUAL DE INVESTIGAÇÕES CRIMINAIS: Resolveu todos os seqüestros do ano.

JOSÉ ANTÔNIO BARCELLOS DE MELLO: amigo do peito do LHS (esteve em várias das viagens oficiais ao exterior) e maestro da banda que acompanha a filha do governador. Em 2005 recebeu a Medalha Cruz e Souza e em 2003, Cidadão Honorário de Joinville.

JOSÉ NILO VALLE: diretor e regente da Orquestra Sinfônica de SC.

LUIZ BORGES JÚNIOR: diretor da Mafrai Fruticultura Ltda, de Fraiburgo.

SHYAM KAMATH: professor de Economia e consultor de empresas.

Desde a sua criação, em 9 de março de 1979, 281 pessoas receberam a condecoração, sendo 31 de ouro, 86 de prata e 164 de bronze.

terça-feira, 21 de março de 2006

TERÇA


FESTA EM SÃO JOSÉ
Domingo à noite foi inaugurado o enorme “Centro Multiuso” de São José, como parte da festa de aniversário da cidade. Lá é que foi feita a foto acima, que dispensa outras explicações além daquelas que coloquei lá (e se clicar na foto se abre uma ampliação). Não sei se o Fernando Elias canta mesmo ou só faz pose de cantor de tango enquanto discursa, mas que parece, parece.

DÁRIO E O AVAÍ
O prefeito de Florianópolis quis agradar às duas torcidas e acabou se queimando geral: ele falou que “no Estreito sou Figueirense, na Ilha sou Avaí”. Pronto, foi o que bastou pro Miguel Livramento, comentarista e avaiano doente, espinafrar o murismo do alcaide sem dó nem piedade. Ontem, na TVBV e na rádio Bandeirantes, o baixinho invocado disse: “ô Dário, sangrei contigo! quem é Avaí é Avaí aqui, na China, até onde o diabo perdeu as botas”.

FOTO DO DIA
Vera Fischer, que eu acompanho (à distância) desde os tempos de Miss Blumenau, agora é nome de um teatro de 650 lugares, em São José, dentro do tal “Centro Multiusos”.

O teatro vai ser inaugurado de fato em maio, com a estréia nacional da peça “Porcelana Fina”, estrelada por ela. Aqui ao lado, ela e seu anjo da guarda e ex- marido Perry Salles, chegando à festa de inauguração, para a homenagem justíssima.

XAROPADA
E continuando em São José, ontem teve solenidade de assinatura de ordem de serviço para construir 300m de rua, para ligar a Beira Mar de São José a algum lugar. Como tá todo mundo em campanha, qualquer 300m (ainda que consumindo R$ 3 milhões) vira pretexto pra discurso atrás de discurso.

Os candidatos a deputado estadual Marcos Vieira e Galina da SDR chegaram 40 minutos atrasados, para poder representar dignamente o governador (que sempre se atrasa). O candidato a deputado federal e primeiro-irmão, Djalma Berger, também estava por lá, distribuindo simpatia (enquanto não chega a época de distribuir santinho).

CORRUPÇÃO EM DEBATE
Semana que vem, em Florianópolis, tem o “Seminário Internacional Corrupção e Sociedade”. Tema atualíssimo, que conta com a criatividade dos políticos brasileiros para ganhar, a cada dia, uma nova face.

O seminário tem uma programação extensa e importante e tudo indica que será um sucesso e fará história, pela oportunidade e pelo gabarito dos palestrantes. Só não entendi por que colocaram a senadora Ideli Salvatti no painel sobre a atuação da imprensa e do cidadão para coibir casos de corrupção.

Não vejo como a líder do governo, que ocupa, portanto, neste momento, o lugar de vidraça, possa fazer comentário isento sobre como devemos atirar as pedras nas vidraças da hora.

ANDRINO DE VOLTA
Com a desincompatilização dos ocupantes de cargos públicos, os suplentes que estavam na Câmara e na Assembléia voltam pra casa. É o caso do deputado Édison Andrino, que até já mandou avisar os novos endereços.

Isso significa, apenas, que terá mais tempo para se dedicar à campanha, pra ver se na próxima deixa de ser reserva e fica de titular.

FESTA EM BRASÍLIA
Hoje e amanhã cerca de 100 petistas de vários calibres, de uns 70 municípios catarinenses, participam do seminário “As ações do governo Lula e as administrações populares de Santa Catarina”, no Hotel Grand Bittar.

Hoje à noite será escolhido o novo coordenador do Fórum dos Prefeitos do PT, na presenta dos líderes nacionais mais graduados da legenda.

As esposas que ficaram em casa não têm com que se preocupar: as moças da Jeanny Mary Corner não estão mais atendendo as festas do PT.

DIEESE CINQÜENTÃO
Quem diria, não? O DIEESE, aquele departamento que os sindicatos criaram para fiscalizar as estatísticas e os estudos sócio-econômicos da época do milagre e da ditadura, já está fazendo 50 anos.

E o deputado e economista Afrânio Boppré, que começou sua vida pública aos 23 anos implantando, em 1984, a área técnica do DIEESE em Santa Catarina (de onde saiu em 1993 para ser vice-prefeito da capital), quer homenagear a veneranda entidade que lhe deu um importante empurrão (e vice-versa).

Ele convida todo mundo pra ir amanhã, quarta, às 19h, à Assembléia Legislativa para participar da sessão solene de nostalgia comemorativa do aniversário do DIEESE.

PLENÁRIO REABERTO
Os deputados estaduais, a partir de hoje voltam a ter sessões no seu próprio plenário. Por causa das reformas na Assembléia, os deputados peregrinaram, durante o verão, pelos auditórios do Tribunal de Justiça e do Tribunal de Contas.

Não consegui percerber, pelas fotos, o que de tão importante foi feito no plenário, que me parece igual a como estava em dezembro. Deve ter sido alguma reforma profunda, daquelas que a gente não vê a olho nu.

“NO DO LULINHA, NÃO!”

A senadora catarinense Ideli Salvatti (PT), subiu (de novo) nas tamancas com a audácia do senador Antero Paes de Barros (PSDB), que pediu a quebra de sigilo do Lulinha (o filho milionário do Lula). Antes, ao se referir ao Francenildo (o caseiro que é o principal problema do governo), chamou-o de Josenildo. Deve ser o nervoso.

A sessão do Senado foi antológica: o senador petista Tião do Acre pediu a quebra de sigilo do Josenildo (sim, ele também trocou o nome do caseiro). Porque, daí, o crime da Caixa, da PF ou de quem, no governo, tenha quebrado ilegalmente o sigilo do caseiro, ficaria amenizado com a autorização oficial.

O Francenildo, que é pobre mas não é bobo, ligou para o Senado e mandou acabar com a discussão: ele topa abrir o sigilo dele, desde que os grandões também façam o mesmo. Daí o governo aceitou quebrar o sigilo do banco 24 horas do Lula, o Paulo Okamotto.

E a Ideli já estava até mais calma quando o Antero apresentou o pedido de abrir as contas do Lulinha. Pra quê!

segunda-feira, 20 de março de 2006

SEGUNDA


BAIXARIA OFICIAL
O que fizeram com o pobre do caseiro é uma boa amostra de um tipo de prática política que não consegue mais distingüir o legal do ilegal e o mocinho do bandido. Tudo se mistura numa geléia geral que tem aparência, consistência e cheiro de merda.

Abrir o sigilo bancário dos figurões investigados, por maiores que sejam as suspeitas, é operação difícil, quase impossível. Eles são protegidos, afinal, pela Lei. Não podem ter suas vidas privadas expostas à execração pública.

Mas o coitado do rapaz que nem estava sendo acusado de nada (e só disse ter visto o Palóffi na casa de amigos), teve sua vida privada revirada do avesso, viu seus dramas pessoais expostos na imprensa.

Só porque chegou perto dessa gentinha (não, não estou chamando todos os petista de gentinha, só aqueles que roubam, matam e deixam roubar e matar) que perdeu completamente a noção do Direito. E agora só quer saber de manter-se no poder e salvar os pescoços não importa a que preço.

Fico imaginando o nível da baixaria que vai rolar quando a eleição estiver mais próxima, se por acaso algum candidato ameaçar a reeleição de Lula. Vai ser uma briga de foice no escuro, sem ganhadores e sem mérito.

O ESCÂNDALO DA SEMANA

O comportamento do ministro presidente do Superior Tribunal de Justiça, Edson Vidigal (na foto abaixo) em relação às prévias do PMDB se destaca, entre os vários escândalos a que temos direito todas as semanas, como o mais escandaloso. Utilizo as palavras do jornalista Ricardo Noblat (publicadas no blog www.noblat.com.br) para fazer um resumo da história:
“Vidigal foi assessor de imprensa de José Sarney quando esse era governador do Maranhão no final dos anos 60. Deve a Sarney a indicação para ministro.

Na última quinta-feira, concedeu liminar ao PMDB de Sarney e de Lula contra a realização, hoje (domingo), das prévias que escolheriam o candidato do partido a presidente da República. Serviu a Sarney e a Lula, que não queriam as prévias porque querem o PMDB aliado do PT nas próximas eleições. Mas o escândalo não reside nisso.

Na sexta-feira, Vidigal voou para Imperatriz, no Maranhão, e ali se lançou candidato ao governo do Estado em entrevista à TV Difusora. Até escalou sua vice – uma deputada do PT.

Ao saber que sua liminar havia sido revogada por outra, voltou às pressas para Brasília. Ontem (sábado), deixou o dia passar. E somente à noite restabeleceu sua liminar e proibiu as prévias.

A direção do PMDB ficou sem tempo de tentar obter uma nova liminar para garantir as prévias.

Vidigal conversou com Lula para entrar no PT. Deve entrar no PSB para com o apoio do governador José Reinaldo, desafeto da família Sarney, disputar a sucessão dele.

Como pode julgar com isenção política quem alimenta sonhos políticos de curto prazo e que dependem do apoio ou da boa vontade do presidente da República?
Como o chefe do segundo mais importante tribunal do país pode se sentir à vontade para influir no destino do partido que no futuro imediato deverá ser adversário de sua candidatura?”

ERREI SIM...
Lamento desapontar aqueles que me consideravam infalível: na coluna do final de semana errei, me enganei e pisei na bola.

Disse lá que “terça feira (21) é aniversário de Florianópolis”. Pode?
Até o prefeito, que mora há pouco tempo na cidade, já sabe que o feriado pelos 280 anos da cidade é dia 23, quinta-feira. Não sei de onde tirei aquela data.

Deve ser vontade de antecipar o feriado. Perdão, leitores.

FESTERÊ
Já que estamos falando nisso: além dos shows de música popular que acontecem na terça, quarta e quinta, tem também um concerto musical, no feriado, no teatro Álvaro de Carvalho. A Polyphonia Khoros (que, como o nome sugere, é um coral) vai apresentar um repertório variado, que inclui músicas clássicas, folclóricas e populares. Os ingressos podem ser retirados na Fundação Franklin Cascaes (no antigo Forte Santa Bárbara, rua Antônio Luz).

PREFEITO RACISTA
O Tribunal Regional Federal da 4ª Região confirmou na semana passada a condenação do prefeito de Chapecó, João Rodrigues, por racismo.

Num programa de TV que ele apresentava em 1999, o destemido prefeito desceu o cacete nos índios, falando mal deles, chamando-os de preguiçosos e “incitando a prática de abuso de autoridade” contra “a indaiada”.

Claro, ele estava defendedo seus amigos fazendeiros num conflito de terras e saiu a desancar os nossos antepassados, como se eles não fossem gente e não merecessem ser tratados com respeito, como qualquer um de nós.

Mas a pena é leve, nem vai preso.

A FOTO DO DIA
Na entrega do troféu aniversário de Florianópolis, ontem, o secretário Gean Loureiro, torcedor do vitorioso Figueirense, aproveita para tirar um sarro do prefeito Dário, que além de avaiano estava com uma estranha camisa tricolor.

sábado, 18 de março de 2006

SÁBADO E DOMINGO

[Clique nas fotos para ampliar]
PORTO SEGURO
O presidente Lula visitou portos catarinenses, que, sabidamente, estão entre os mais seguros do mundo. Principalmente quando o mar lá fora está agitado, com tempestades se formando no horizonte, nada como aportar em Santa Catarina. Ainda mais se a senadora Ideli tiver trazido seu leque, para ficar abanando os calores do presidente e seus próprios.

Aqui (e em várias páginas do jornal), alguns aspectos da visita. Viram esta foto aqui embaixo? Pois eu fiquei a tarde inteira tentando inventar uma gracinha pra colocar o LHS dizendo, mas depois de algumas horas desisti. Não consigo imaginar que tipo de coisa pode fazer a senadora ficar tão atenta, concentrada, com o leque parado no ar.

A FOTO DO DIAGanha um doce quem adivinhar (ou souber e me contar) o que o governador LHS está falando pra senadora Ideli que fez com que ela até parasse de se abanar.

JUDICIÁRIO POLITIZADO
O presidente do Superior Tribunal de Justiça, o maranhense Edson Vidigal, deu a liminar pedida por seu conterrâneo José Sarney, cancelando as prévias do PMDB e viajou para Imperatriz, em seu estado.

Lá, deu entrevistas como candidato a candidato a governador do Maranhão. Recentemente, segundo Ricardo Noblat, o ministro disse a Lula que gostaria de ser candidato pelo PT.

O PMDB que não quer as prévias, sonha em indicar, como vice na chapa de Lula, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Nelson Jobim, que se aposenta semana que vem e em seguida se filia ao PMDB.

PICADINHO VARIADO
  • Conversei ontem com o presidente do PSDB de Santa Catarina, Dalírio Beber. Até que seja definido se a verticalização vale ou não, ele e todos os demais dirigentes partidários só podem mesmo fazer isso: conversar.

  • O ex-juiz catarinense Ilton Dellandréa está publicando, em seu blog Jus Sperniandi (dellandrea.zip.net) uma interessantíssima e grave série sobre a Via Campesina e o MST, a partir da depredação da Aracruz Celulose.

  • Terça feira (21) é aniversário de Florianópolis. Os 280 anos serão comemorados com shows gratuitos de Rionegro e Solimões, Daniela Mercury, Bruno e Marrone e Jorge Benjor. Os espetáculos serão terça, quarta e quinta.

  • Dias 22 e 23, no Centrosul, realiza-se um seminário sobre meio ambiente e mídia que a princípio parece ser meio estranho: tem até palestra do governador e do prefeito, juntos, sobre “descentralização e meio ambiente”. Alguns órgãos dizem que é em comemoração ao Dia da Água e a prefeitura garante que é em comemoração ao aniversário da cidade.

  • Os temas do seminário são muito variados e amplos e logicamente tem espaço até para que o Grando (superintendente da Fatma) conte sua recente viagem ao exterior.

  • A Assembléia Legislativa instala solenemente terça-feira, o Fórum Parlamentar de Desenvolvimento da Cultura Açoriana no Estado de Santa Catarina. Será às 19h no Plenário e no hall terá exposição de produtos típicos e apresentações folclóricas. O fórum é iniciativa do deputado José Carlos Vieira.

sexta-feira, 17 de março de 2006

SEXTA

O MINISTRO E O CASEIRO
Tinha prometido a mim mesmo não voltar a falar nesses casos federais (afinal, tem outros colunistas fazendo isso neste mesmo jornal), mas ontem tive a “sorte” de assistir, na íntegra, o mais rápido depoimento das CPIs. O caseiro Francenildo Santos Costa (à direita, na ilustração acima) mal começou a falar e teve que parar, impedido por uma liminar do Supremo Tribunal Federal, pedida pelo PT, que não queria, como não quer, que se investigue o ministro Palocci (e).

O rapaz disse que o Ministro Palocci (o “Chefe”) foi algumas vezes à casa onde ele trabalhava, em Brasília. O lugar era mantido por amigos do Ministro para reuniões e festas. Mas não é muito importante o que Palocci fazia ou deixava de fazer por lá. O que é grave é que o ministro disse, várias vezes, que nunca tinha ido lá. Ao que tudo indica, mentiu. E se mente em coisas aparentemente sem importância, será que não mente também em coisas mais graves?

A TURMA DO ABAFA
O PT, com a senadora Ideli à frente, aos gritos, com os olhos quase saltando das órbitas, esbraveja contra essa “perseguição”. Afirma ela, coberta de razão, que “querem atingir o PT e o governo do presidente Lula”. Sim, parece que é disso mesmo que se trata.

Dizem os petistas que na casa não se cometeu nenhum crime, que ninguém tem nada com a vida privada do ministro (ele usaria uma das suítes da casa para encontros amorosos com moças fornecidas pela Jeany Mary Corner). Tá, mas então por que preferir a mentira, que como sabemos tem pernas curtas? Medo da esposa?

VERDADE PERIGOSA
As moças que “prestavam serviços” aos freqüentadores da casa estão sendo ameaçadas de morte. Uma delas já saiu do País e a cafetina (ou agenciadora) delas ligou ontem desesperada para senadores da oposição para informar que as ameaças aumentaram de intensidade e freqüência com o depoimento do caseiro.

O presidente da CPI pediu à Polícia Federal e à segurança do Senado que dessem garantias de vida ao pobre Francenildo, que buliu com gente graúda e que não tem certeza como será seu futuro. Pode correr perigo, tal como os familiares do Celso Daniel e demais testemunhas daquele caso que também envolve o PT e seus métodos heterodoxos de fazer política.

FARINHA DO MESMO SACO
A maioria das pessoas que está indignada com o PT, com as mentiras do ministro, com o cinismo de seus operadores, com a cara de pau com que se admitem crimes, não nega o que eventualmente o governo tenha feito de bom. Sabem que o governo federal tem méritos em muitas áreas.

Mas, ao mesmo tempo, continua o problema principal: o PT e seus políticos fazem igual, ou pior, que os piores políticos que já tivemos. E a julgar pelo discurso da senadora Ideli, o partido até se orgulha de ser igual aos outros e acredita que, se todos fazem, a coisa, qualquer coisa, deixa imediatamente de ser reprovável ou delituosa.

ARGUMENTOS PÍFIOS
No caso dessa casa de festas (onde o ministro disse que nunca esteve e onde o motorista e o caseiro disseram que viram o ministro), ao pedir que o STF impedisse o caseiro de falar, o PT não disse que ele mentia, mentiria ou que era um boca alugada. Não saíram em defesa do ministro chamando os outros freqüentadores da casa para que disessem que o caseiro e o motorista mentiam.

Preferiram argumentar que a CPI dos Bingos não tinha nada que xeretar na casa e, pasmem, que “o caseiro não tem como provar que o dinheiro que lá circulava tinha origem nos bingos” (ou coisa parecida, cito de memória).

LODO ATÉ OS OLHOS
Além de pedir ao STF que impedisse o depoimento do caseiro, o PT tomou suas precauções, para o caso da liminar não sair e os senadores resolverem falar sobre as escapadelas do ministro com as moças da Jeanny Mari Corner. Como conta o Ricardo Noblat, “um aguerrido grupo de assessores do PT atravessou a madrugada” atrás de qualquer coisa que pudesse constranger os parlamentares da CPI, de preferência relacionadas a sexo.

Como se revelar a safadeza de alguém fizesse o ministro, automaticamente, deixar de ser mentiroso.

LULA TEM TODA RAZÃO

“Me desculpem, mas a nossa massa encefálica é mais inteligente do que vocês pensam. Nós sabemos mais do que vocês pensam.”
Presidente Lula, ao bater boca com estudantes em Sergipe, quarta-feira.
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ALTERNATIVA SOCIALISTA
“Socialismo em suas diversas nuances e, especialmente, a estratégia para a construção do socialismo como alternativa para uma nova sociedade” são temas da Conferência Socialista, que o deputado Afrânio Boppré (P-SOL) promove amanhã, aqui em Florianópolis.

Entre os palestrantes, o sociólogo e professor Chico de Oliveira, o deputado federal Chico Alencar (P-SOL/RJ), o ex-prefeito de Belém e arquiteto Edmilson Rodrigues, o sociólogo Plínio de Arruda Sampaio Jr., a economista e professora Rosa Maria Marques e o professor Idaleto Malvezzi Aued.

A Conferência Socialista será no auditório do Tribunal de Contas do Estado (Rua Bulcão Vianna, 90, esquina com a Av. Hercílio Luz), das 9h às 18h.

PICADINHO VARIADO

  • O eleitor é mesmo uma caixinha de surpresas. Recebi e-mail de um brusquense entusiasmado com a escolha do Alckmin como candidato do PSDB. Para ele a felicidade seria completa se, como vice, estivesse a senadora Heloísa Helena (P-SOL).

  • Treze postos da rede Divelin, em Florianópolis, foram obrigados, judicialmente, a vender a gasolina que dizem vender (os postos tinham bandeira de uma marca e vendiam de outra). Ou seja, têm que parar de vender gato por lebre.

  • Faz o maior sucesso o artigo do procurador Celso Três em que ele faz as contas: se matar um ministro do STF pega, no máximo, três anos. O mesmo número do sobrenome é apenas coincidência.

  • O presidente da Aprasc explica que não fizeram a consulta prévia para barganhar nada com os partidos. Segundo ele a negociação com os partidos será conduzida respeitando “o trabalho que temos feito nesses últimos anos e aquilo que precisamos e pretendemos construir para o futuro”.

  • O colunista Henrique Ungaretti, do suplemento ANCapital, de A Notícia, tem cobrado sempre e eu peço licença para unir-me à campanha: um mês se passou sem que a segurança pública estadual desse qualquer satisfação sobre aquela gangue que agrediu os manifestantes no terminal urbano de Florianópolis.

  • Com fotos, gravações e inúmeras testemunhas, fica cada vez mais difícil explicar por que a Polícia não conseguiu identificar um único membro da gangue (provavelmente “seguranças” de empresas privadas). Faço minha a pergunta do Ungaretti: “incompetência ou rabo preso?”

SALVEM AS CRIANÇAS
É assim que devia ser feito sempre: se é pra mostrar como é lindo o uniforme, mostra o uniforme, mas não precisa expor desnecessariamente as crianças. Só espero que o Secretário Regional de Ibirama, Aldo Schneider, que apresenta o uniforme que será distribuído em abril aos 7.400 alunos da SDR, não invente de imitar seus colegas, quando o uniforme chegar. Seja diferente: por favor não bote criancinhas uniformizadas em cima da mesa pra tirar fotos enquanto os marmanjos em campanha discursam.

quinta-feira, 16 de março de 2006

QUINTA

Se os florianopolitanos forem até à ponte “fiscalizar” o trabalho e depois botarem a boca no mundo, pode ser que a coisa ande.

PÁ DE CAL
O Congresso viveu ontem mais um capítulo da novela “Mais por baixo que sola de sapato”. A caminho da desmoralização total e completa, os ilustres parlamentares da CPI dos Correios ficaram com cara de tacho durante quase quatro horas, diante de Duda, o marqueteiro mudo. Protegido pelo Supremo Tribunal Federal o homem das rinhas de galo, que era assim com o Maluf e depois ficou assim com o Lula, não deu um pio.

E ainda reclamou que da primeira vez foi bonzinho, abriu o coração e só se ferrou. “Sou vítima de perseguição política”, disse ele. O Congresso, que já passava por baixo de qualquer vão de porta com o episódio das pizzas do mensalão, agora está perto do fundo do poço. Só falta colocar terra em cima.

PICADINHO VARIADO
  • Mais um pedaço do mar das baías começa a ser aterrado para que passem as avenidas por onde circula nosso Deus maior, o automóvel. E assim a cidade continua a se descaracterizar, sem que ninguém encontre outra saída que não seja aterros e mais aterros.

  • Enquanto o governador LHS centra fogo nos estudantes e seus pais, inaugurando escola depois de escola, o deputado Paulo Eccel (PT) avisa que uma escola de Caçador, inaugurada nofinal de 2003, já está desabando.

  • Só uma das empresas de ônibus de Florianópolis já teve 17 assaltos aos seus coletivos em um mês e meio. No ano passado foi assaltada 79 vezes e comemorou, porque em 2004 tinham sido 108 assaltos.

  • Deputado Afrânio Boppré (PSOL) disse ontem na tribuna que “o MST cumpre uma função social estratégica”. Depois dos últimos quebra-quebras fico até com medo de perguntar qual seria essa função.

  • O Exército achou suas armas, mas pagou um preço institucional incrivelmente alto. Terá valido a pena?


AS CRIANÇAS NA CAMPANHA DO LHS
Tá, sou implicante, sou chato e talvez esteja exagerando, já que até agora nenhum Conselho Tutelar se manifestou. Mas alguém, por favor, pode me explicar o que fazem aquelas duas crianças da foto mais acima, uniformizadas em plena solenidade de entrega do título de Cidadão Honorário de Leoberto Leal ao LHS? Na coluna de ontem mostrei solenidade idêntica, em Navegantes, com a mesma exposição constrangedora de menores de idade. Na foto seguinte, de novo o governador LHS expõe crianças como “garotos-propaganda” do material escolar que foi comprado com o nosso dinheiro, mas que está sendo entregue, de escola em escola, como presente da “descentralização”. O que vocês acham disso?

quarta-feira, 15 de março de 2006

QUARTA

Alguns dos fotojornalistas que estiveram nos locais que mais sofreram com a tsunami de dezembro de 2004, como a Tailândia, voltaram lá recentemente e mostram, na Internet, as comparações. A vida volta ao normal aos poucos (as fotos acima são do www.zoriah.com e a série está exposta em www.warshooter.com. Outra série, do John Stanmeyer, está exposta aqui).

[Aviso aos navegantes: esses sites de fotos são relativamente pesados, portanto o pessoal da conexão discada deve pensar duas vezes antes de clicar nos links. Pode demorar muito ou até nem abrir]

Em Santa Catarina, as localidades do vale do Tubarão e do Vale do Itajaí também sabem como é difícil reconstruir, apagar as marcas, superar as perdas e ficar pronto pra outra.

A VOZ DA APRASC
A propósito dos comentários que fiz aqui ontem, o presidente da Associação dos Praças de Santa Catarina, Amauri Soares, enviou uma carta onde explica a posição da entidade.

Ele afirma que a realização de uma prévia para definir o candidato preferencial da categoria é reivindicação antiga, de mais de dez anos. Com isso eles pretendem evitar um excesso de candidatos: “em 2002 foram 13 candidatos a deputado estadual entre policiais militares e bombeiros”.

Soares diz que graças à união dos praças em torno da Aprasc, foi possível, pela primeira vez, realizar a consulta. E que todos os interessados foram informados das prévias. Ou seja, segundo ele só não participou quem não quis.

PARTIDO DA APRASC
O presidente da Aprasc informa que a entidade não pretende substituir os partidos políticos, apenas encaminhar, às convenções partidárias, que ocorrem em junho, o candidato a candidato escolhido pelos associados (ele).

Soares diz que ainda não sabe qual vai ser o partido pelo qual será candidato. “Mas isso também será decidido de forma democrática e transparente”.

E ao mesmo tempo em que diz que a Aprasc não pretende substituir os partidos, Soares faz questionamentos sobre a legitimidade do processo político conduzido pelos partidos: “a façanha da Aprasc (de fazer uma consulta ampla) é elogiável, a não ser que todo o poder deve mesmo ser depositado aos partidos políticos atuais, com seus métodos e filosofias” (sic).

E faz-me uma pergunta direta:
milhares (de policiais e bombeiros) dizem que devo ser candidato. Você acha que seria mais democrático e mais legítimo se isso fosse decidido no gabinete do presidente de qualquer um dos partidos existentes?

CARO AMAURI SOARES
Como o presidente da Aprasc, além da gentileza de enviar suas informações e opiniões, ainda puxou conversa, fazendo-me uma pergunta, trato de retribuir tentando respondê-la, ainda que sua pergunta encerre uma pegadinha, uma armadilha lógica. Não dá pra responder apenas sim ou não. Por isso me estenderei um pouco mais.

Em primeiro lugar, partido político cujas candidaturas são decididas “no gabinete do presidente” não merece esse nome. É uma legenda de cabresto, uma herança do coronelismo, um atraso de vida. A vida democrática supõe um certo ritual, regido pelos estatutos partidários, para legitimar as candidaturas.

Se a Aprasc conhece algum caso em que as candidaturas são decididas dessa forma, deveria denunciar ao TRE e recusar-se a fazer parte do jogo.

“FILOSOFIAS E MÉTODOS”

Da mesma forma, a existência dos partidos, pelo menos em tese, supõe uma corrente político-ideológica. É disso que se trata: cada partido deveria seguir determinada doutrina e encaminhar propostas de acordo com ela.

Mas a Aprasc ignora ou faz de conta que não existem diferenças partidárias: topa fazer acordo com qualquer partido, em condições que ainda não estão claras, mas que serão, pelo que entendi, “da forma como nossa categoria considerar mais correto”.

A diretoria da Aprasc escolheu a tática de fazer críticas veladas aos partidos políticos, como na frase-pergunta já citada (se essas entidades “com seus métodos e filosofias”, devem concentrar o poder de indicar candidatos?). Talvez fosse mais democrático ou pelo menos mais interessante para o jogo democrático, se fizesse críticas mais claras e abertas.

E A RESPOSTA?
Pelo que consegui entender da carta e da pergunta que me foi dirigida, a Aprasc não vê, nos partidos políticos, legitimidade suficiente. Quis, com a consulta, reforçar o peso de sua indicação corporativa, para, nas eleições de verdade, evitar a pulverização de candidatos e concentrar os votos da tropa. E pretende utilizar essa prévia como moeda de troca com os partidos. Sem, até onde vi, qualquer restrição a este ou aquele.

Diante disso tudo, minha resposta à pergunta é a seguinte: não posso responder objetivamente a uma pergunta que não encerra dúvida, apenas afirma um ponto de vista. Até concordo com as opiniões da entidade sobre a fragilidade dos partidos políticos, mas discordamos em pontos essenciais, como atribuir a uma associação profissional maior legitimidade que a um partido político para escolher candidatos a cargos políticos.

POST SCRIPTUM
Antes de encerrar nosso diálogo por hoje, deixo um PS: a entidade merece respeito, no mínimo, por tentar avançar e fazer-se ouvir. Embora possamos divergir quanto à forma como encaminha a candidatura de um de seus membros à Assembléia, acho que a Aprasc tem mais é que fazer o possível para unir seus associados e encontrar formas de defendê-los. Porque, ao que tudo indica, esse apoio não virá espontaneamente dos oficiais e demais superiores, mais preocupados com seus próprios benefícios e aparentemente sem tempo para olhar para o andar de baixo, onde está a turma que carrega o piano.

OUTRO BODE
A cidade não tinha Guarda Municipal. Aí criaram uma. Primeiro foi o festival de multas. Depois, o expediente comercial (às 19h os guardinhas vão embora e a cidade fica entregue apenas à PM). E pouca gente, na cidade, sabe exatamente para que (além de multar) os guardinhas servem, porque quando a coisa engrossa, eles somem. Agora, a ameaça de greve (“não a gente não vai fazer greve, só paralisamos para fazer a assembléia”) por causa do corte das horas extras.

Daqui a pouco extinguem a Guarda Municipal e todos respiraremos aliviados, achando que a cidade melhorou bastante.

POBRE LAGOA
Os riquinhos locais e os que vêm de fora acham a Lagoa da Conceição um charme. Instalam-se de preferência em local de preservação permanente (é mais bonito, tem mais árvores, cursos dágua, muita natureza), constróem suas casas, desmatam o que bem entendem e se acham o máximo.

A Procuradora da República Analúcia Hartmann deve estar com a mão toda machucada, de tanto que dá murro em ponto de faca. Ainda agora protocolou uma ação civil pública pra tentar salvar uma área no morro da Lagoa.

Hartmann também colocou, como ré, a Prefeitura de Florianópolis. O município faz vistas grossas, não fiscaliza e parece que tem medo de mandar demolir casa de rico.
A procuradora acusa a prefeitura da capital de ser omissa em relação à Lagoa. O que é muito grave: se os irmãos Berger não cuidam do cartão postal, da letra do hino, vão cuidar de que?

E se parece muito indelicado dizer a quem danifica o ambiente que pare de fazer isso, mais chato ainda será explicar, para nossos filhos, por que deixamos a coisa chegar onde chegou.

Ô Dário, só faz história e é lembrado por muito tempo o administrador que tem visão de longo prazo. Abre o olho.

A SECOM distribuiu a foto acima sem muita explicação: “Entrega do título de Cidadadão Honorário de Navegantes ao Governador”.
E o que faz essa criança aí? Desfile de uniforme? De novo? Ainda?