O dia ontem foi ocupado pelos painéis do 1º Simpósio Judiciário e Imprensa (foto acima, de Alberto Neves/Alesc). É um esforço da Associação dos Magistrados Catarinenses, da Associação Catarinense de Imprensa e do Tribunal de Justiça, para aproximar “as duas faces da mesma moeda”, como definiram alguns dos palestrantes.
No painel final, o desembargador Solon D’Eça Neves disse algo que pode servir como uma síntese do objetivo do Simpósio: “tirar o medo que juiz tem de imprensa”. E, naturalmente, vice-versa: aproximar os jornalistas do Judiciário, para melhorar a qualidade das informações levadas ao público.
O jornalista, vocês sabem, é uma espécie de tradutor universal. Ele precisa ter talento e formação para entender claramente o que vê, ouve e lê e a seguir trocar em miúdos, contando para o público o que viu, ouviu ou leu. De tal forma que nessa tradução o essencial não se perca.
Portanto, é compreensível que médicos, cientistas, juízes, engenheiros e todo o tipo de profissional cioso do seu ofício, morra de medo do que vai resultar dessa tradução. É possível que uma lagartixa se transforme em jacaré, como também lembrou o mesmo D’Eça Neves.
O Simpósio, que deverá produzir filhotes descentralizados, com eventos semelhantes sendo realizados em algumas regiões do estado, certamente não resolverá todos os problemas e dúvidas, mas é um começo promissor, para uma aproximação que beneficiará, principalmente, o cidadão comum, que precisa ser informado corretamente sobre as decisões judiciais.
PADRÃO DE QUALIDADE
No fundo das discussões e exposições feitas durante o evento, está uma questão que os jornalistas, mais dia, menos dia, terão que enfrentar: a sua qualificação profissional.
Enquanto proprietários de veículos e outros interessados advogam a extinção pura e simples da regulamentação profissional, vê-se que vários setores responsáveis, como os operadores do Direito, preocupam-se com o aprimoramento da imprensa. E isso só poderá ocorrer na medida em que tenhamos jornalistas melhor preparados, adequadamente remunerados e socialmente respeitados.
Uma categoria desvalorizada, desunida, sem instrumentos institucionais para se auto-regulamentar, à mercê de relações de trabalho, em muitos casos, indignas, terá grande dificuldade para atingir um padrão de qualidade compatível com o que já ostentam outras corporações profissionais.
Iniciativas como essa da Associação dos Magistrados Catarinenses são da maior importância. Poder ouvir, como ouvimos, vários desembargadores confessarem suas dúvidas sobre a nossa atividade e dispostos a responder nossas questões sobre a deles, não tem preço.
Seria mesmo útil se a AMC e a ACI produzissem os anais desse Simpósio, com a transcrição das palestras, para que os colegas pudessem ler com calma.
Mas essa aproximação, que de resto é inevitável, precisa ser acompanhada, do lado dos jornalistas, por um esforço sério e continuado para elevação do padrão médio de qualidade profissional. Esforço que deveria ser também das empresas de comunicação, geralmente omissas, ou desinteressadas de qualquer melhoria.
Sete de outubro, celebração das esquerdas.
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O meu problema nunca é com a liberdade de expressão de transtornados,
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