quarta-feira, 17 de maio de 2006

QUARTA


NÓ CEGO
O sistema de transporte coletivo da capital, faz tempo, é um nó cego que parece apertar cada vez que alguém tenta desmanchá-lo. Dário Berger se elegeu prometendo “abrir a caixa preta” e resolver o problema. Quando assumiu, viu que o buraco é mais embaixo. É provável que já soubesse do tamanho da encrenca antes mesmo da eleição, porque a família tem, entre suas empresas, uma de transporte coletivo.

Nas discussões públicas, verdadeiros bate-bocas via rádio e TV, ontem, entre o prefeito e os grevistas, nada de novo. Ninguém sairá perdendo, exceto o ilustre passageiro. Que continuará dependendo de um serviço ruim, ineficaz, caro, cheio de armadilhas (a história das catracas com defeito, que obrigam os portadores de cartão a pagar R$ 2,00 em dinheiro) e totalmente de costas para a população.

Em ano eleitoral, o prefeito está muito preocupado em “viabilizar o negócio” dos empresários e em dar aos motoristas e cobradores, “tudo o que têm direito”. E os tais planos para resolver o transporte coletivo não aparecem. Até o LHS já avançou mais, com o delírio do metrô de superfície, que de tanto ser repetido e na falta de alguma coisa mais concreta, é capaz de virar projeto e promessa. Mas, pelo jeito, não passará disso.

AS HIENAS SE DIVERTEM
As hienas dos dois lados do córrego político nacional riem enquanto pobres coitados morrem de verdade ou de medo. Petistas esfregam as mãos, contentes e faceiros, por terem encontrado um tema eleitoral capaz de rivalizar com mensalão: o desastre da segurança no estado que o candidato do PSDB governava até ontem.

Tucanos reúnem dados para mostrar que a culpa é do descaso federal. Lula jogou a questão da segurança pública pra baixo do tapete, reduziu verbas, não fez o dever de casa e o país inteiro se ressente disso.

Os dois têm razão: a culpa é de todos. E os dois estão errados em tentar tirar proveito eleitoral de uma desgraça coletiva.

E A EDUCAÇÃO?
Ah, é verdade, os professores, ou parte deles, continuam em greve. Como na paralisação dos ônibus, as vítimas do “movimento” nada podem fazer a não ser contabilizar os prejuízos. E não duvido que daqui a dois ou quatro anos, quem ficou sem aulas ainda acabe votando nos líderes do “movimento”, que usam esse palanque para se lançar na política.

ERREI, SIM
Ontem publiquei, no jornal, uma nota sob o título “Plano Fiesc/PMDB” com um erro grave. Afirmei que a Fiesc participou da realização do Seminário 2015, que começa hoje e isto não é verdade. A Fiesc só cedeu o auditório.

O seminário foi idealizado e está sendo realizado pela Secretaria de Estado do Planejamento e só está acontecendo na Fiesc porque o auditório do Centro Administrativo está em obras. A Fiesc pediu-me para esclarecer ainda que, “como instituição, é apolítica e faz questão de manter diálogo com todos os partidos e correntes”. Perdão, leitores. Desculpe, Fiesc.

Ainda na noite de anteontem, quando percebi meu erro, já era tarde demais para corrigir o que sairia no jornal, mas na coluna na Internet (aqui, mais abaixo) ainda pude modificar o texto, corrigindo-o.

O FUTURO PEEMDEBISTA
Tirante a Fiesc, o que disse ontem sobre o seminário se mantém: por melhores que sejam as intenções e propostas dos renomados consultores muito bem pagos com nosso dinheiro, a molecagem do 15 (número do PMDB) em um ato administrativo, de governo, configura uma desnecessária promiscuidade com a campanha política. Ao colar este trabalho ao PMDB e não às aspirações de uma ampla frente de forças que acredita nos benefícios do planejamento, perdeu o governo e perdemos nós.

LIVROS, PRA QUÊ?
Razão tem o prefeito de Florianópolis em não dar bola para a Feira do Livro. O governo do estado também não dá bola pros livros. Mesmo que o LHS diga que lê bastante e viva citando autores célebres ou desconhecidos, a verdade é que o descaso pelos livros se vê, concretamente, na falta de bilbiotecas e bibliotecários nas escolas estaduais.

Hoje às 9h, na Assembléia Legislativa, me informa o deputado Paulo Eccel (PT), uma audiência pública vai discutir esse problema. Enquanto as autoridades municipais, estaduais e federais acharem que livro é só um negócio pra por na estante e que biblioteca só dá trabalho e despesa, as discussões sobre bibliotecas e bibliotecários vão parecer perda de tempo.

GRANDE LÚCIA!

Uma das comentaristas mais articuladas e precisas da imprensa nacional é a Lúcia Hippolito, que fala todos os dias na rede de rádios CBN (e no blog do Noblat). Ontem, em mais uma de suas belas análises, ela diz, a certa altura, o seguinte:
“Não vamos nos iludir. O destino do Brasil não está sendo jogado nem no controle da inflação nem na geração de empregos.
O destino do Brasil – e o de nós todos – vai ser decidido no enfrentamento do crime organizado. A ditadura já terminou, mas a democracia ainda continua devendo."

Só ontem recebi a foto que mostra o exato momento em que o prefeito de Florianópolis, Dário Berger (à direita), experimenta a poderosa bengala do senador-candidato Leonel Pavan. À esquerda, o secretário-candidato Marcos Vieira, de punho engessado, canta um bolero, enquanto o presidente Dalírio pensa em como colocar ordem na casa para poder começar a reunião de prefeitos (no último dia 12).

4 comentários:

Anônimo disse...

Com relação ao problema dos transportes urbanos, com a adoção da tarifa única, foi para o "espaço" a tarifa estudantil, que se não me engano de tarifa zero, com a qual também não concordava, passou para tarifa única.
Hoje, melhor é ter o cartão cidadão.
Onde está o movimento estudantil?
Já elegeram seu candidato?
Antonio Carlos

Anônimo disse...

Oi César!
Nós, alunas de Jornalismo da Faculdade Estácio de Sá SC te procuramos através deste comentário para ver a possibilidade de estarmos fazendo uma espécie de entrevista on-line.
Criamos um blog com intenção acadêmica que discute as frequentes situações de falta de ética na política brasileira. Como admiramos seu trabalho, assim como somos leitoras assíduas do seu blog, esperamos sua compreensão.
A princípio te enviaremos algumas perguntas via e-mail (ou como achares melhor) que discutam flagrantes de falta de ética. Essa entrevista será exposta na íntegra em nosso blog e estará disponível na rede.
Não temos pretensão partidária e gostaríamos que fosses de livre opinião em relação a esse assunto.
Seria interessante até que você nos enviasse fotos que fossem relevantes em suas respostas.
Ficamos no aguardo de sua resposta e agradecemos desde já.

Anônimo disse...

Meu e-mail é carolg@aln.sc.estacio.br
se preferir, pode responder por aqui.
Abraço,
Carol Gonzaga

Anônimo disse...

Nem todos os professores estão de greve. O Professor Luizinho continua na ativa, muito na ativa, passando tarefas e dando pitacos até fora da sala de aula. Um abraço.