quarta-feira, 3 de maio de 2006

QUARTA

Fome Zero:
o Lício nem esperou o Celestino Secco apagar a velinha...


OPOSIÇÃO FAZ A FESTA
O PP (que o LHS gosta de chamar de “partido pequenininho”) comemorou ontem 3 anos do jornal “PP no legislativo”. Ou seja, comemorou três anos jogando pedra nos telhados de vidro do governo, sendo oposição.

Claro que ser ou estar no governo é sempre muito melhor, mas ficar do outro lado, só pegando os erros, equívocos e malfeitos do outro, também é muito divertido. E como o ano é eleitoral, os cartazes diziam que “a festa é nossa mas quem está de parabéns é Santa Catarina”.

A frase até soa bonito, mas não entendi muito bem: por que Santa Catarina está de parabéns? Por ter eleito o LHS e colocado o PP na oposição? Ou se trata de uma antevisão do paraíso: o eleitor catarinense recoloca o PMDB na oposição e devolve o governo pro PP? Em todo caso, teve salgadinho, coca-cola e bolo.

AMIN E OS FAQUIRES
Esperidião Amin, o próprio pré-candidato, também deu uma chegadinha na festa de aniversário do jornal do PP, na sala de imprensa da Assembléia Legislativa. Como todo bom político bom de papo, o Esperidião sempre puxa um assunto ameno e bem humorado antes de começar a falar sério.

O papo introdutório de ontem foi a propósito da greve de fome do Garotinho. Amin olhou para os meus cabelos brancos e disse, “Cesar, provavelmente deves te lembrar dos faquires de Florianópolis”. Fiz que sim com a cabeça, fazendo de conta que não tinha percebido a dupla provocação: que sou do tempo dos faquires e que, ao contrário de outras pessoas, tenho cabelos que denunciam a idade.

Quando Florianópolis era uma cidade pacata, o mar vinha até aqui e lá era tudo mato, de vez em quando apareciam uns tipos estranhos. Um deles, que montou sua banquinha nas proximidades da igreja de São Francisco, com direito a caixa de vidro e tudo, era um faquir. Um sujeito capaz de ficar meses sem comer.

Outro, mais recente (Amin era governador), foi um professor da Escola Técnica Federal que resolveu fazer greve de fome ali mesmo, na Mauro Ramos. Arranjou uma kombi com o Sérgio Grando e se instalou por lá, para diversão dos estudantes e curiosos.

Ele lembrou ainda (a memória do Amin é um troço que tinha que ser estudado pela ciência) de uma greve de fome séria, feita por uma pessoa de respeito, o Pastor William Schisler Filho, da Igreja Metodista, protestando contra a invasão do Toldo Ximbangue, uma aldeia caingangue.

“TIRA ESSE FRANGO DAÍ!”
A greve de fome do professor aquele, era fajuta: descobriu-se que à noite, quando o movimento de curiosos diminuia, ele comia escondido. E comia tão bem que quando a polícia o estava levando preso, teve forças para sair correndo e escapar dos policiais.

O faquir propriamente dito, sofreu privações horrorosas: um engraçadinho levou um frango assado para a frente do esquife de vidro e ficou ali, com aquela tentação, diante do sujeito morto de fome. Que, neste caso, acabou morto mesmo. Mor-reu. Bateu as canelas magras. Teve ter morrido de raiva dessa gente que não leva nada a sério.

PROJETO DE MUDANÇA
Pra terminar a história da greve de fome, Esperidião diz que não seria surpresa pra ele se uma parcela da população levar Garotinho a sério. Enquanto certas camadas da população estão fazendo chacota, é possível que muita gente esteja gostando de ver o cacete que ele está dando na Globo (“Brizola fez isso”) e fique do lado dele.

Quando à situação das candidaturas catarinenses e da dele própria: “estou disposto a participar de um projeto de mudança. Se for o caso, se for melhor para esse projeto, posso até nem ser candidato”.

Ou seja, continua tudo indefinido, ainda naquela fase em que os vários pretendentes verificam suas cartas e fazem seus jogos.

SEM GRAÇA
Vi os deputados Afrânio Boppré (PSOL) e Ronaldo benedet (PMDB) num tête-a-tête muito animado no plenário da assembléia e fotografei. Depois perguntei, para o Boppré, que papo demorado era aquele. Afinal poderia render alguma fofoquinha divertida pra encerrar a coluna. Que nada. Tinha sido só mais uma conversa séria sobre a coerência e a ética do gesto do LHS de se afastar do governo. (Pra ver qualquer foto maior, é só clicar sobre ela).

CONVITE PELA CULATRA

Aquela história que publiquei aqui, na semana passada, do convite que um sem-noção da SDR de Blumenau fez para a visita do LHS, foi comentada ontem na tribuna da Assembléia. Vários deputados estavam com o recorte da coluna, cobrando explicações do governo. O governo admite que a SDR errou (o sujeito já teria levado uma bronca) e promete demitir o próximo que fizer outra dessa. Hum... por que o próximo? Esta não foi de bom tamanho?

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